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Ex-Sport, Leomar diz que sofreu preconceito com convocação para seleção


Quando o meio-campista Jean Lucas, do Bahia, foi chamado por Carlo Ancelotti para se juntar à seleção brasileira após a lesão de Joelinton, uma marca de quase uma década foi quebrada: um jogador de time nordestino não era convocado desde 2017. O último havia sido Diego Souza, do Sport – o mesmo clube que Leomar defendia no início do século, em 2001, ano em que vestiu a amarelinha em cinco partidas.

O ex-volante marcou época na seleção, mas de forma pejorativa. O termo ‘Era Leomar’ foi usado por parte da imprensa e da torcida para representar o período de pouco mais de seis meses de Emerson Leão à frente da Canarinho. O treinador foi contratado em outubro de 2000 e demitido em junho de 2001, dando lugar a Luiz Felipe Scolari, que conduziu o país ao pentacampeonato mundial.

Leomar foi convocado por Leão para a Copa das Confederações de 2001, em que chegou a ser capitão. Ele havia trabalhado com o técnico no ano anterior, já no Sport. O Brasil terminou em quarto lugar, perdendo a disputa pelo “bronze” para a Austrália, em uma campanha que pouco empolgou, com duas derrotas, dois empates e apenas uma vitória. A convocação não contou com grandes nomes da época, como Romário, Rivaldo, Cafu e Rogério Ceni, para não desfalcar os clubes.

Sem os medalhões, grande parte da responsabilidade caiu sobre Leomar. Mais de duas décadas depois, ele acredita que o preconceito por estar jogando em time nordestino à ocasião, mesmo sendo do Paraná, falou alto. Em entrevista exclusiva à ESPN, o ex-jogador relembrou o período em que foi dono da camisa 5 do Brasil e celebrou a chance que Jean Lucas terá de representar o Nordeste.

‘Sempre vai ter preconceito’

Leomar estava perto de completar 30 anos quando foi chamado para a seleção brasileira pela primeira vez. A convocação, ele confessa, foi uma surpresa, embora o próprio acredite que merecia a oportunidade.

“Eu não estava esperando a convocação. Já estava com 29 para 30 anos… Mas a gente vinha fazendo um Campeonato Brasileiro bom, na Copa João Havelange. Tínhamos uma equipe boa no Sport. Claro que o objetivo, quando você começa a jogar futebol, é chegar à seleção brasileira, mas não passava pela mente naquela época estar servindo na seleção”, iniciou.

“O Leão falou com o Levir Culpi, que era meu treinador no Sport, e chegou a perguntar como eu estava, se estava bem. O Levir falou que eu estava indo bem, fazendo um bom campeonato, e assim ele acabou me convocando”, completou.

Antes do início da Copa das Confederações, o ex-volante defendeu o Brasil no empate por 1 a 1 contra o Peru, pelas eliminatórias. No torneio internacional, porém, as coisas não caminharam bem, e as cobranças vieram.

“Eu percebi mais tarde (as críticas), não logo de imediato”, relembrou. “Eu sou do Paraná, mas jogador saindo do Nordeste sempre vai ter o preconceito. No início dá um impacto, comentários, entrevistas, mas depois você vai assimilando e já se torna algo normal”, acrescentou, dizendo que “o Sport é grande, mas acabam puxando mais para o eixo Rio-São Paulo”.

Em 2013, o então presidente do Sport, que havia comandado o clube em 2001, disse que pagou um lobista para “empurrar” a convocação do jogador. Leão negou que tenha recebido qualquer valor. O STJD investigou a declaração e também não viu irregularidades.

“Eu fiquei muito afetado, até triste, sem saber nada. O pior é que tudo pode ser feito nos bastidores e o jogador é o que menos fica sabendo”, disse Leomar.

“Fiquei bem surpreso, mas assimilei tudo que aconteceu, o que falaram, e hoje levo minha vida normal. O Leão me conhecia desde o Athletico-PR, onde comecei na base, e também estive com ele no Sport”, concluiu.

Sem outras oportunidades

Após a demissão de Leão, Leomar nunca mais foi convocado para a seleção brasileira.

“Eu fui chamado um ano antes da Copa do Mundo de 2002. Se tivéssemos feito uma campanha boa na Copa das Confederações, acredito que até poderia ter ido para a Copa em 2002, caso o Leão ficasse no cargo”, afirmou.

“Na idade em que eu estava, estar em uma seleção é o auge. Poderia ter sido diferente, ter feito campanha boa, conseguido chegar na Copa de 2002, mas a lembrança é a melhor possível de servir na seleção”, relembrou o ex-atleta, que hoje dá aulas em uma escolinha de futebol em Campo Largo, no Paraná.

A convocação de Jean Lucas

Leomar celebrou a convocação de Jean Lucas, que entrou na seleta lista de atletas de times nordestinos convocados para a seleção brasileira. De acordo com levantamento do jornalista Cassio Zirpoli, apenas 64 jogadores de nove equipes foram chamados.

“Se um jogador é bom, não importa onde ele está. Não importa qual clube. O que importa é estar bem no momento e ter a oportunidade de ir para a seleção”, disse o ex-meio-campista.

“Acredito que o Jean Lucas poderá se destacar, fazer bons jogos pela seleção. A gente sempre torce para quem é convocado. Que ele dê o melhor e consiga permanecer dentro da seleção”, disse.

O atleta do Bahia não foi relacionado e ficou fora do banco de reservas na vitória por 3 a 0 sobre o Chile, na última quinta-feira (4). Há a chance, porém, de ganhar uma chance nesta terça, contra a Bolívia, em El Alto, na partida que começará às 20h30 (de Brasília).

Em entrevista coletiva na última semana, o meia, que nasceu no Rio de Janeiro, disse saber da responsabilidade e o peso que tem ser convocado enquanto atua por uma equipe nordestina.

“Sei que é algo muito marcante. É uma responsabilidade muito grande que estou carregando de representar o Nordeste e principalmente o Bahia. Sei que é continuar fazendo bem no Bahia, continuar performando, que vou conseguir feitos incríveis com a camisa da seleção brasileira”, pontuou.

Antes dele, o último jogador do Bahia chamado para a seleção foi o também meia Luiz Henrique, em 1991. É uma responsabilidade a mais.

“O Bahia abriu as portas para mim no ano passado. Conversei com o professor Rogério Ceni antes de ir e ele falou que eu iria ajudar muito e fazer muitos gols. Ele disse que iria me ajudar também e que montariam um elenco para brigar no Campeonato Brasileiro. Tenho uma eterna gratidão ao Bahia, obrigado por tudo. Vou ser eternamente grato por tudo que o Bahia fez e faz por mim. Se hoje cheguei aqui, foi por conta do Bahia”, disse Jean Lucas, à CBF TV.

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