Publicado em: 11 de fevereiro de 2025
Ricardo Nunes disse que não tem certeza ser possível cumprir meta de 50% da frota de elétricos em 2028 e quer incentivar outras alternativas, determinando estudos para modelos a gás natural
ADAMO BAZANI
Colaborou Yuri Sena
Os fabricantes de ônibus elétricos, reunidos na ABVE, rebateram na noite desta terça-feira, 11 de fevereiro de 2025, declaração do prefeito Ricardo Nunes, da capital paulista, que ao justificar que vai entrar com recurso contra uma decisão que atendeu o PSOL e suspendeu a lei que prevê alterações na substituição da frota de urbanos, disse que não tem certeza ser possível cumprir a meta que prevê que 50% de todos os 13 mil coletivos da cidade tenham emissão zero em 2028.
De acordo com Nunes, o principal motivo para que as metas de eletrificação da frota ainda não terem sido alcançadas é a falta de infraestrutura para fornecimento de energia para a recarga das baterias, mas também disse que o problema não se resume a isso. Segundo o prefeito, a indústria atualmente instalada no Brasil não conseguira dar conta da demanda de ônibus elétricos da cidade de São Paulo.
Portanto, da parte da prefeitura de viabilizar o recurso de, como política pública, fazer essa substituição, está feita, agora só depende da indústria produzir e da ENEL fornecer a infraestrutura para fazer o carregamento dos ônibus. Nós vamos insistir em fazer as coisas que são possíveis. Não adianta a gente querer trabalhar com uma situação utópica que não vai se realizar, que não vai se concretizar, porque não vai ter ônibus elétrico para vender, não vai ter infraestrutura para poder carregar a bateria. Então, nós estamos partindo por um ponto crucial e essencial, que é a realidade dos fatos, que é substituir quando a gente tem algo para ser substituído. Se a gente não tiver o ônibus para substituir, não adianta ficar com o imaginário. Agora, lógico, se por acaso a gente tiver produção do ônibus, se tiver importação, se a indústria começar a produzir, nós temos capacidade de fazer a aquisição, porque nós providenciamos os recursos para tal. – disse.
Por meio de um comunicado, a ABVE informou que os atuais fabricantes no Brasil podem produzir 9,9 mil unidades em 2025 e chegar a 25 mil coletivos por ano em 2028.
Em dezembro de 2023, em resposta a um questionário solicitado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as empresas associadas à ABVE que produzem e comercializam ônibus elétricos já tinham informado o governo federal de que, com a capacidade produtiva já instalada, têm condição de produzir atualmente até 9.920 ônibus elétrico/ano, podendo chegar a 25 mil ônibus elétricos/ano com os investimentos previstos por estas empresas até 2028. – diz trecho do documento enviado ao Diário do Transporte na noite desta terça-feira (11).
O Diário do Transporte mostrou que o prefeito disse que quer incentivar outras alternativas e determinou estudos para verificar a viabilidade da implantação de ônibus a gás natural na cidade.
Os trabalhos estão sob responsabilidade do Secretário Executivo de Mudanças Climáticas, José Renato Nalini, e as discussões serão no âmbito do Comfrota (Comitê Gestor do Programa de Acompanhamento da Substituição de Frotas por Alternativas Mais Limpas).
Relembre:
Na semana passada, a Sambaíba, empresa concessionária da capital paulista, já está com ônibus que integra projeto de nova geração de veículo com este combustível. Trata-se de um modelo a diesel com chassi Mercedes-Benz diesel Euro 6 (O500 U – piso baixo) e carroceria Caio (Millennium V) para ser convertido em GNV.
Relembre:
Decisão do desembargador Mário Devienne Ferraz do Órgão e Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, publicada nesta segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025, atendeu parcialmente Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pelo PSOL, suspendendo temporariamente os efeitos da Lei Municipal nº 18.225, de 15 de janeiro de 2025.
A lei traz novas regras para a inclusão de ônibus menos poluentes no sistema gerenciado pela SPTrans (São Paulo Transporte).
Veja a decisão aqui:
É justamente a maior possibilidade do uso do gás natural na frota de ônibus uma das principais mudanças da lei oriunda do PL 825/2024, de autoria do ex-presidente da Câmara Municipal, Milton Leite. A possibilidade da volta da compra de modelos a diesel, proibida na cidade de São Paulo desde 17 de outubro de 2022, que era prevista no PL, foi vetada por Nunes.
Pela lei, as viações têm 90 dias para apresentarem necessidade de infraestrutura nas garagens para ENEL ou COMGÁS, para os modelos elétricos ou a gás. A partir da entrega da relação destas necessidades, a ENEL e a COMGÁS terão mais 90 dias para elaborarem os projetos. Mas não há um prazo estipulado para finalizar as obras e intervenções.
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes