Publicado em: 5 de setembro de 2025
Grupo empresarial venceu leilão realizado nesta sexta-feira (05) na capital paulista. Empreendimento é aguardado há mais de 100 anos
ADAMO BAZANI
O Grupo Português Mota-Engil Latam Portugal S.A venceu o leilão nesta sexta-feira, 05 de setembro de 2025, na B3, a Bolsa de Valores da capital paulista, entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral Sul de São Paulo.
Nenhuma companhia empresa brasileira participou. Só ofereceram propostas o grupo espanhol Acciona, que em São Paulo já é responsável pela implantação e vai operar a linha 6-Laranja de metrô (Vila Brasilândia/S-Joaquim-Centro), na capital paulista; e Gurpo Mota-Engil Latam Portugal S.A, braço latino-americano do grupo português Mota-Engil,que conta com capital chinês CCCC (China Communications Construction Company, Ltd).
A Acciona não ofereceu nenhum desconto 0% de sobre a contraprestação do Governo do Estado. Já o Grupo Português Mota-Engil Latam Portugal S.A ofereceu desconto de 0,5% sobre o valor da contraprestação pública máxima, fixada em R$ 438,3 milhões ao ano.
O modelo de concessão é de PPP (Parceria Público Privada) e foi até mesmo apresentado pelo governador Tarcíso de Freitas e secretários em missões internacionais na Europa e Ásia.
O projeto tem investimento estimado em R$ 6,8 bilhões do Governo de São Paulo e do Ministério de Portos e Aeroportos, do Governo Federal. Deste total, R$ 5,1 bilhões são de recursos públicos, divididos igualmente entre Estado e União. O empreendimento conta com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal. A concessão é por 30 anos e as obras devem ser concluídas em até cinco anos após a assinatura do contrato.
QUEM PARTICIPOU:
Como havia mostrado o Diário do Transporte, dois grupos empresariais apresentaram propostas.
Acciona Concesiones, S.L. – Grupo espanhol com sede em Madrid, especializado em infraestrutura e energia. Atua em diversos países da Europa, América Latina e Oriente Médio. No Brasil, já participou de grandes obras, como a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, e tem experiência no modelo de parcerias público-privadas (PPPs).
Mota-Engil Latam Portugal S.A. – Braço latino-americano do grupo português Mota-Engil, fundado em 1946 em Portugal e com forte presença internacional, especialmente na África e América Latina. No Brasil, a companhia já executou projetos de infraestrutura rodoviária e de construção pesada, atuando também em concessões de transporte e logística. O grupo tem capital da gigante chinesa CCCC (China Communications Construction Company, Ltd).
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO TÚNEL
Pelo túnel devem passar cerca de 80 mil pessoas por dia e o tempo de trajeto é estimado entre um minuto e três minutos em condições normais de tráfego. Sem nenhum problema, a travessia atualmente por balsa demora cerca de 20 minutos e por rodovia em torno de uma hora. São 43 km pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
A ligação terá 1,5 km de extensão, sendo 630 metros em elevado e 870 metros de túnel. Diferentemente dos túneis construídos por meio de perfuração em rocha ou em solo, embaixo do mar, o túnel imerso é projetado para ser construído em módulos de concreto pré-moldados feitos fora da água. Depois, estes módulos são levados prontos para o mar e montados já imersos. A base ficará a 21 metros.
É o primeiro túnel imerso da América do Sul para tráfego de veículos e pessoas e começa a sair do papel depois de mais de 100 anos de debates. A ligação contará com passagem para pedestres e ciclistas, galeria de serviços e três faixas de rolamento por sentido, com vias para ônibus e uma delas para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Diferentemente dos túneis escavados em rocha, o túnel imerso é feito usando módulos de concreto pré-moldados em docas secas. Cada peça é construída em terra firme, testada e, em seguida, transportada por flutuação até o local.
ETAPAS DA CONSTRUÇÃO:
Em nota, o Governo de São Paulo informou que a obra terá ao menos nove etapas: preparação solo, construção dos elementos de concreto, transporte, posicionamento, submersão, ligação de elementos, acoplagem, nivelamento e proteção:
- Preparação do solo
A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.
- Construção
Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.
- Transporte
Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.
- Posicionamento
Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.
- Submersão
A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.
- Ligação dos elementos
Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.
- Acoplagem
A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.
- Nivelamento
Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.
- Proteção
Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.
HISTÓRICO:
O Grupo Português Mota-Engil Latam Portugal S.A venceu o leilão nesta sexta-feira, 05 de setembro de 2025, na B3, a Bolsa de Valores da capital paulista, entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral Sul de São Paulo.
Nenhuma companhia empresa brasileira participou. Só ofereceram propostas o grupo espanhol Acciona, que em São Paulo já é responsável pela implantação e vai operar a linha 6-Laranja de metrô (Vila Brasilândia/S-Joaquim-Centro), na capital paulista; e Gurpo Mota-Engil Latam Portugal S.A, braço latino-americano do grupo português Mota-Engil,que conta com capital chinês CCCC (China Communications Construction Company, Ltd).
A Acciona não ofereceu nenhum desconto 0% de sobre a contraprestação do Governo do Estado. Já o Grupo Português Mota-Engil Latam Portugal S.A ofereceu desconto de 0,5% sobre o valor da contraprestação pública máxima, fixada em R$ 438,3 milhões ao ano.
O modelo de concessão é de PPP (Parceria Público Privada) e foi até mesmo apresentado pelo governador Tarcíso de Freitas e secretários em missões internacionais na Europa e Ásia.
O projeto tem investimento estimado em R$ 6,8 bilhões do Governo de SP e do Ministério de Portos e Aeroportos
Uma ligação seca entre as duas cidades começou a ser discutida ainda no início dos anos da década de 1910. Em 1927, foram apresentados estudos para a abertura de um túnel por onde passaria um bonde elétrico, mas a ideia não foi para a frente.
Em 1948, o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, propôs uma ponte levadiça, que se levantaria para a passagem de navios, mas também não houve avanços.
No ano de 1970, a proposta foi de uma ponte com acesso helicoidal com deslocamento da ponte por eixos para a passagem de navios de grande porte. Outra ideia que não teve sucesso.
Em 2011, o então governador Geraldo Alckmin chegou a apresentar uma proposta de túnel sob o mar entre as duas cidades, inclusive foram abertos os procedimentos de licença ambiental, mas o projeto foi cancelado em 2015, em outra gestão de Alckmin.
Na gestão do então presidente Jair Bolsonaro foi discutida a abertura do túnel com a privatização do Porto de Santos (Autoridade Portuária de Santos). A ideia era lançar uma empresa de capital misto chamada Túnel S.A, que faria o túnel ao custo total de R$ 16 bilhões.
Em 06 de abril de 2021, a Santos Port Authority (SPA) lançou o edital de chamamento público para doação de projetos visando à implantação e gestão do túnel submerso ligando Santos e Guarujá.
A Santos Port Authority (SPA), razão social Autoridade Portuária de Santos S.A., é uma empresa pública, de capital fechado, vinculada ao Ministério da Infraestrutura (Minfra), responsável por exercer as funções de autoridade portuária no âmbito do Porto Organizado de Santos.
Também não houve avanço.
No dia 30 de janeiro de 2024, o governador de São Paulo Tarcísio e o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinaram parceria entre o governo de São Paulo e a União para a contrução do túnel.
A ligação entre as duas cidades hoje por via terrestre requer um trajeto de 40 km a ser percorrido.
O túnel deve custar R$ 5,96 bilhões e a obra foi colocada no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Deste total, 86% serão de dinheiro público, divididos igualmente entre o Governo de São Paulo e a União
Tarcísio disse que R$ 2,7 bilhões virão do Governo Federal, outros R$ 2,7 bilhões do Governo do Estado e os R$ 600 milhões restantes terão de vir como contrapartida de recursos estaduais.
O projeto contempla o prolongamento do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Santos até Guarujá e também um corredor de ônibus. Haverá também uma ciclovia.
Tarcísio disse num evento deste dia 31 de janeiro de 2024, que preferia que os investimentos fossem privados, mas que respeita a convicção política do Governo Federal.
“Obviamente que isso não tem nada a ver com minha convicção sobre a desestatização. Eu acredito que a desestatização traria muito investimento, investimento vigoroso, que é o que a Baixada Santista precisa. Deixa o Porto de Santos em outra condição em termos de competitividade. Mas enfim, a gente tem de respeitar a posição política de quem hoje está à frente do Governo Federal” – disse Tarcísio.
O governador falou na ocasião que em março de 2024, seria realizada a consulta pública para apresentação do projeto e para receber sugestões da população.
A licitação foi prevista para o segundo semestre de 2024 e as obras com início em 2025 para a conclusão no fim de 2028.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes