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Guerra Israel x Irã: produtores de milho temem instabilidade no mercado


Produtores de milho temem uma instabilidade no mercado por causa da guerra entre Israel e Irã. Eles lembram que os iranianos estão entre os principais compradores do cereal do Brasil e são importantes fornecedores de adubo nitrogenado, largamente usado em lavouras brasileiras.

“Claro que o conflito preocupa, pois Israel também fornece insumos, assim como Rússia e Ucrânia, que também estão em guerra”, alerta Glauber Silveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho).

De janeiro a maio, o Irã importou 2,1 milhões de toneladas de milho do Brasil, o equivalente a US$ 508,1 milhões em receita para os exportadores brasileiros. É quase um terço do volume (6,1 milhões de toneladas) e do valor (US$ 1,3 bilhão) total dos embarques do cereal no período.

Na via contrária, o Brasil importa, principalmente, a ureia do Irã. Em 2024, 17% do insumo usado nas lavouras brasileiras veio de empresas iranianas.

Com o país em guerra, os preços dos fertilizantes podem subir. Silveira calcula que essa alta pode ser em torno de 20%. Para o agricultor brasileiro que ainda não comprou, é uma alta significativa no custo de produção. Os produtores médios e pequenos devem sentir mais no bolso do que os grandes, afirma.

“O médio e pequeno, que dependem do Plano Safra, ainda não (compararam o adubo) e terão problemas. Esse Plano sempre é anunciado em um período ruim, vem atrasado, fora do período ideal para a aquisição de insumos”, diz.

Para o executivo da Abramilho, a reação do mercado reforça a necessidade de o Brasil reduzir a dependência de fertilizantes importados. Segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), 85% do adubo usado nas lavouras brasileiras tem origem de fora do país.

No ano passado, o país usou 41,34 milhões de toneladas do conjunto NPK: 14,92 de nitrogenados, 8,91 milhões em fosfatados, e 13,56 milhões de toneladas em potássicos.

Já as formulações domésticas do pacote NPK chegaram a 3,93 milhões de toneladas ao longo de 2024.

Preços

Os preços dos fertilizantes nitrogenados deverão fechar em mais um dia de alta nesta terça-feira (17/6), quinto dia de conflito entre Israel e Irã. Com a tendência, o produtor brasileiro precisará rever suas estratégias, antecipando compras e monitorando desdobramentos dos ataques.

É o que avalia Carlos Cogo, sócio-fundador da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio. As projeções de valorização pressionam especialmente a ureia (fertilizante à base de nitrogênio usada nas lavouras de grãos) que é produzida no Irã, terceiro maior exportador da matéria-prima no mundo.

O cenário impõe a produtores que reavaliem contratos logísticos e as condições de frete internacional. Cogo também orienta diversificar as origens dos mercados fornecedores, para se expor menos ao risco. Isso vale principalmente para revendas e distribuidoras que estão formando seus estoques e podem ter atraso na chegada dos insumos.

Somado a isso, há outros componentes de adubos que podem sofrer com a escalada dos ataques. O Irã é o sétimo maior exportador de amônia anidra, ambos insumos derivados do gás natural, cuja cotação é altamente sensível ao preço do petróleo, reforça Cogo.

“A proximidade do conflito com grandes produtores de fertilizantes nitrogenados e a dependência das rotas marítimas pelo Estreito de Ormuz criam um cenário de risco sistêmico. Qualquer interrupção logística ou novas sanções econômicas ao Irã podem comprometer parte substancial da oferta global de fertilizantes”, explicou a consultoria em nota.

O Egito, que depende do fornecimento de energia de Israel, também teve sua produção de ureia interrompida pelo bloqueio do fornecimento de gás.

Os fatores internacionais podem respingar no Brasil de diversas maneiras, como alerta a consultoria.



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