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Indústria brasileira de transportes com menores emissões precisa de incentivos e redução expressiva de tributos em toda cadeia de produção


BRT Metropolitano de Belém, cujo modelo deve ser replicado em diversas regiões brasileiras pelo Ministério das Cidades por ajudar a reduzir exclusão social e que conta com parte da frota composta de ônibus elétricos de fabricação nacional

Segundo especialista em meio ambiente e transportes, Olímpio Alvares, COP30 foi oportunidade para o Brasil demonstrar potencial para o mundo. Engenheiro ainda classificou como “lástima” deixar de financiar todas as tecnologias e analisou os impactos positivos de BRTs Metropolitanos e de infraestrutura para transporte coletivo

ADAMO BAZANI

Mesmo não formalizando todos os compromissos necessários para a redução de emissões de gases de efeito estufa de forma viável e sustentável, a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025) teve aspectos positivos para o Brasil.

Um deles, é que foi oportunidade para a indústria nacional ligada a transportes e energia, como de ônibus elétricos e biocombustíveis, provar para o mundo potencial e capacitação técnica.

Esta indústria precisa de incentivos e redução expressiva de tributos em toda cadeia de produção.

A avaliação é do especialista em meio ambiente e transportes, Olímpio Alvares, em entrevista ao Diário do Transporte.

De acordo com o engenheiro e consultor, especializado no Japão e Suécia em transporte sustentável, inspeção técnica, emissões veiculares e poluição do ar; pelos benefícios ambientais, econômicos e sociais que os deslocamentos coletivos proporcionam, faz todo o sentido privilegiar a indústria ligada ao transporte urbano.

“Essas indústrias precisam de apoio, políticas estáveis de desenvolvimento, marco regulatório consistente do transporte coletivo urbano, previsibilidade decisória, incentivos e redução expressiva de tributos em toda cadeia de produção; creio que a COP30 foi suficientemente competente em demostrar essa excepcional capacidade e protagonismo da indústria automotiva e de biocombustíveis nacional.  A importância do transporte público para a economia, a redução das emissões tóxicas e de gases do efeito estufa (GEE), o conforto e a saúde da população, justificam privilegiar a indústria do transporte urbano de modo excepcional – usuários ganham, população ganha, e o País ganha”. – disse Olímpio.

O Diário do Transporte esteve presencialmente em Belém (PA) acompanhando as principais novidades e debates relacionados à mobilidade nos painéis oficiais.

Entre os exemplos apresentados no evento internacional, estiveram o da Eletra Industrial, fabricante brasileira de ônibus elétricos e que realiza consultorias para implantação de sistemas eletrificados de transportes, cuja presidente Milena Romano, participou de painéis oficiais, e do novo biocombustível BeVant, uma parceria entre as empresas Be8 e Mercedes-Benz, que levaram ônibus e caminhões a Belém (PA), depois de uma caravana de 4 mil kms, desde Passo Fundo (RS), com resultados como 99% de redução de emissões e sem formação de borras nos motores.

Relembre:

ELEGER UMA SÓ SOLUÇÃO É UMA LÁSTIMA:

Sobre energia, Olímpio foi enfático ao dizer que considera ser uma lástima eleger uma só ou poucas tecnologias alternativas aos derivados de Petróleo, sendo que todas devem estar nos planos de qualquer nação. Para o especialista, que também é consultor do Banco Mundial, do Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF, o Brasil tem incorrido neste erro.

“As agências de financiamento nacionais e internacionais de transporte sustentável, devem financiar não apenas uma, mas todas as tecnologias aptas a serem elegíveis, segundo o conceito correto de sustentabilidade – e isso não vem ocorrendo no Brasil, o que é uma lástima” – disse.

MAIS QUE TECNOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O COLETIVO:

No evento internacional, em Belém (PA), o Diário do Transporte também acompanhou estudos e painéis oficiais na Green Zona (área verde) organizados pelo Sistema Transporte da CNT (Confederação Nacional do Transporte) que mostraram que antes mesmo de grandes mudanças radicais em matizes energéticas, que devem vir gradativamente e com o tempo, o aperfeiçoamento de infraestruturas que privilegiam os transportes coletivos já trariam benefícios ambientais relevantes. Neste sentido, um dos estudos exibidos nos painéis mostraram que, respondendo por menos de 11% das emissões de poluentes no Brasil, os ônibus não são vilões da poluição e que os grandes emissores são os veículos leves, que somadas todas as categorias, chegam a cerca de 50% dos gases de efeito estufa gerados nos deslocamentos, seguidos de caminhões (cuja frota brasileira é uma das mais velhas do mundo), que respondem por 34%.

O Diário do Transporte também conheceu o recém-implantado BRT Metropolitano de Belém, que conecta sete cidades, entre as quais a capital, e passou a permitir ligações diretas e mais baratas para moradores de municípios que antes viviam praticamente no isolamento e não tinham acesso a recursos, serviços de saúde, educação, emprego e renda disponibilizados em Belém.

Na ocasião, a reportagem conversou com o ministro das Cidades, Jader Filho, que disse que o modelo de Belém, que conta com ônibus elétricos e a diesel Euro 6, dever ser replicado pelo Brasil e que os corredores de maior demanda e velocidade (BRTs – Bus Rapid Transit) de caráter metropolitano (que ligam diferentes cidades numa área contínua) estão no foco da pasta.

Relembre:

Olímpio diz também acreditar que os BRTs estão entre as infraestruturas necessárias para melhorar a mobilidade e a qualidade do ar nas cidades, em especial os corredores metropolitanos, mas que devem ser integrados a outros meios de transportes públicos.

“Corredores avançados ou não, em abundância, deveriam ser tratados com prioridade máxima em qualquer grande cidade, mas é claro, aliados a outras medidas sustentáveis que complementam o sistema de transportes. A inserção do sistema de transportes nas cidades e sua integração com os demais modais e com o sistema de corredores, é uma complexa ciência técnico-econômico-social, mas absolutamente essencial para a qualidade de vida nas comunidades” – explicou ao ressaltar o caráter de inclusão social que os transportes públicos possuem.

Olímpio ainda falou sobre o que é “Taxonomia” na COP30 e comentou sobre o que classificou de “A Virada Climática de Bill Gates”

Acompanhe a entrevista na íntegra abaixo:

1) Qual a avaliação você faz dos debates e posturas na COP30? Qual importância de eventos como este no Brasil?

O acordo de previsão do fim da energia de origem fóssil jamais aconteceria na COP30. Segundo pensadores e cientistas da energia, o mundo de hoje não está em situação que possa abrir mão dos combustíveis fósseis. Trata-se de um sonho física e economicamente impossível (que chamam de “pensamento mágico”); esse cenário seria o caos, pelos preços e escassez de energia, com consequências trágicas. Bill Gates entendeu isso e produziu sua Nota Técnica de 28.10.2025. A demanda global por energia abundante e barata nas próximas décadas será de tal dimensão, que não poderá haver substituição dos fósseis por renováveis, mas de modo quase geral somente adição das renováveis aos fósseis – estes que também avançarão por um bom tempo. A batalha do aquecimento será equacionada mais adiante, depois de 2050, com expansão de nuclear de quarta geração, captura de carbono, inovações tecnológicas e medidas de adaptação, que virão aos poucos. Segundo essa visão da transição de longo prazo, avessa à ideia da urgência de Net Zero, agora não é o momento de pensar em fechar a torneira dos fósseis.

Assim como as 29 Conferências anteriores, a COP30 foi mais um evento de abrangência mundial com ampla cobertura da mídia internacional, visando à difusão da consciência ambiental, com foco especial no aquecimento gradual do planeta (observado desde a revolução industrial), seus impactos e formas objetivas de enfrentamento do problema; as COPs visam ainda, ao aprofundamento do debate de alto nível entre cientistas, políticos, autoridades e sociedade, sobre as questões críticas relacionadas ao fenômeno das mudanças climáticas, e sobre a chamada taxonomia da estratégia global de combate e adaptação às mudanças climáticas.

Taxonomia: no âmbito da ciência climática, a Taxonomia Sustentável (TS), é o instrumento que descreve, com base em critérios técnicos e científicos, o que pode ser considerado em cada país uma atividade, projeto ou ativo sustentável, observando metas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, bem como de redução das desigualdades de gênero e raça. Na COP30, o governo brasileiro propôs a construção de uma interoperabilidade global entre taxonomias nacionais, chamada de Super Taxonomia – um mecanismo que permita que investidores, governos e empresas possam compreender e comparar níveis de sustentabilidade de produtos e atividades econômicas em diferentes países, respeitando a soberania, as escolhas e as prioridades de cada nação, a partir de parâmetros oficiais universais.

Em suma, a COP30 ofereceu sua contribuição para aperfeiçoar o processo de transformação de usos e costumes, e das políticas públicas que orientam e induzem as mudanças, alinhando-os com a necessidade de redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE), de adaptação da estrutura física do ambiente urbano, rural e natural às mudanças do clima. As COPs também exercem um papel fundamental de reforço dos compromissos dos países com o cumprimento de suas estratégias de enfrentamento climático, e de levantamento de fundos para investimentos nas ações climáticas em países mais carentes de recursos.

Sobre os debates e as posturas específicas na COP30, ainda é cedo para fazer uma análise mais precisa – isso ocorrerá decerto nas próximas semanas a partir das análises dos atores que estiveram lá participando das discussões mais decisivas. Entretanto, já é possível fazer algumas observações que saltaram aos olhos até este momento:

– Se os países não chegarem a um consenso sobre os indicadores de adaptação, pode uma faltar estrutura mais consistente para traduzir metas em ações concretas de adaptação; isso deixaria muitas nações vulneráveis, sem garantia real de suporte.

– Estamos num momento bastante delicado das COPs desde a primeira edição das Convenções do Clima. Se o “roadmap” para eliminar combustíveis fósseis for enfraquecido, ou retirado, a COP30, assim como todo processo histórico das COPs, pode perder seu simbolismo e imagem de uma “transição climática séria”, aderente à controversa ideia da “urgência climática”; e ainda, o movimento oficial pelo clima pode ser visto pela comunidade climática como conivente com os interesses das petroleiras, e com os novos interesses do governo dos Estados Unidos (“Drill, Baby Drill”). Ressalte-se, que o Brasil já deu, num momento infeliz, uma notória contribuição simbólica, com a controversa autorização de exploração de petróleo na faixa costeira da região amazônica. Mas atenção! Não se pode afirmar categoricamente, nesta altura – em razão das muitas atividades de países desenvolvidos que seguem investindo bilhões em exploração de petróleo e produção e uso de combustíveis fósseis – que essa foi uma decisão acertada ou não, do governo brasileiro. Entretanto, a mensagem simbólica da abertura de novos poços de exploração do petróleo às vésperas da COP30, ficará gravada na história como uma afronta ao movimento de combate à mudança do clima.

– Se o Fundo de Loss & Damage não for capitalizado com recursos suficientes, a justiça climática continuará sendo apenas uma promessa para os países mais afetados. A proposta inicial desse fundo vem da AOSIS – uma aliança de pequenos estados insulares vulneráveis ao clima.

– Se o financiamento climático continuar mal direcionado (mais para países ricos ou tecnologias maduras), os países em desenvolvimento podem ficar à margem da transição verde ou presos a dívidas.

 

2) Recentemente, em um artigo, o senhor cita “A Virada Climática de Bill Gates”, que é o mais influente defensor da urgência climática. Quais os paralelos que podem ser feitos com a agenda da COP30?

Com a leitura deste artigo, que está disponível na web, você vai constatar que o termo “virada”, refere-se ao desmentido de Bill Gates a si próprio; ele contradisse alguns aspectos críticos do discurso climático que professava até o dia em que publicou sua Nota, que explodiu como uma bomba na comunidade climática em 28.10.2025, às vésperas da COP30: “Three tough truths about climate – What I want everyone at COP30 to know” ou “Três duras verdades sobre o clima – O que quero que todos na COP30 saibam”.  Os itens principais esmiuçados no artigo que publiquei são os seguintes:

– Gates não nega que o aquecimento é real e que seja um problema sério a ser enfrentado pela humanidade, mas não mais considera como maior prioridade, a métrica das emissões e sim, a viabilização de medidas para o desenvolvimento econômico de povos mais carentes. Para ele, as mudanças climáticas são um problema real, mas não são o fim do mundo.

– Ele se alinha a outros cientistas e aos próprios dados e argumentos científicos originais do relatório técnico do IPCC, que não fundamentam a visão alarmista repercutida pela mídia mainstream, no tocante à ausência da menção à urgência climática – e portanto, sugere tacitamente a desnecessidade de medidas imediatas drásticas (e caras) de mitigação de emissões e captura de carbono.

– Gates assume como maiores prioridades, ao lado do desenvolvimento de povos carentes, a inovação tecnológica de alto impacto e as medidas de adaptação. Gates inaugura uma nova visão de longo prazo, para ajuste gradual das políticas de transição energética e mitigação de emissões.

– Essa visão de ação de longo prazo, sem engessamento das políticas de mitigação imediatas, potencialmente esvazia a visão Net Zero 2050. Trata-se da proposta de profunda revisão de tudo que tem sido debatido no sentido de implementação imediata de sistemas de geração e uso de energia elétrica em bases predominantemente renováveis, baseados em energia eólica, solar e bancos de baterias. É praticamente um abraço da visão do atual governo dos Estados Unidos, que caminha no sentido contrário das correntes mainstream da União Europeia e do pensamento do Fórum Econômico Mundial.

– Fica claro pela nova abordagem humanizada do combate às mudanças climáticas de Bill Gates, que nas próximas décadas, o desenvolvimento humano, a ser incensado por energia barata e abundante, pode trazer respostas mais eficazes e econômicas que as caras tecnologias de consistência duvidosa atualmente disponíveis. Trata-se de uma chamada (wake-up call) aos povos e aos decisores globais, a repensar tecnologias, políticas e prioridades de investimentos.

– Quanto a doações, organizações não governamentais de filantropia e ao orçamento público, a recomendação de Gates é verificar (com triple-check) se o dinheiro está de fato sendo usado majoritariamente nas ações de maior impacto humano imediato, e não apenas em metas de emissão abstratas, que não podem ser cumpridas.

 

3) O Diário do Transporte esteve em um dos painéis da CNT (Confederação Nacional do Transporte Público), na Green Zone na COP30 em Belém, que com dados novos provaram que o ônibus não é o vilão da poluição e que, enquanto o País continuar a privilegiar os deslocamentos individuais motorizados, qualquer discurso em prol do meio ambiente é vazio e mentiroso. Oferecer eficiência aos ônibus, mesmo os movidos a diesel, já reduz e muito os impactos ambientais. O senhor acha que o caminho é este mesmo, melhorar o que já tem e paulatinamente ir mudando as matrizes energéticas dos transportes sobre pneus?

Creio ser absolutamente necessário e urgente, que haja definitivamente, a priorização dos sistemas de transporte público coletivo e de massa baseados em corredores avançados que priorizam o uso de alternativas tecnológicas e energéticas que a usem adequadamente, mas que não se limitem à eletrificação. O transporte individual é necessário para muitos usos, mas a ênfase radical, especialmente em centros urbanos congestionados, deve ser no transporte público, na micromobilidade motorizada, e no transporte ativo. Nessas cidades congestionadas o transporte individual deve ser prioritariamente restrito e encarecido, mediante uma série de medidas típicas para este fim.

As decisões por ROTAS TECNOLÓGICAS SUSTENTÁVEIS DE BAIXAS EMISSÕES (NÃO EXISTE TRANSPORTE MOTORIZADO COM EMISSÃO ZERO NO CICLO DE VIDA) devem ser tomadas mediante um planejamento antecipado rigoroso, baseado em estudos comparativos sérios de análise de ciclo de vida (ACV) e de estudos de Custo Total de Propriedade (TCO). É fundamental que o estudo ambiental de escolha de tecnologia de motorização sustentável, agregue os aspectos sociais e econômicos, que formam o TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE: SOCIAL, ECONÔMICO E AMBIENTAL. Decisões atropeladas, carentes de estudos sérios, que passam irresponsavelmente por cima dessa análise especializada, não são consideradas sustentáveis, pois podem trazer sérios prejuízos econômicos e sociais para as comunidades brasileiras.

Além disso, as agências de financiamento nacionais e internacionais de transporte sustentável, devem financiar não apenas uma, mas TODAS as tecnologias aptas a serem elegíveis, segundo o conceito correto de sustentabilidade – e ISSO NÃO VEM OCORRENDO NO BRASIL, o que é uma lástima.

 

4) Estivemos no recém-inaugurado BRT da Grande Belém e vimos não apenas os benefícios de transportes, mas ambientais, econômicos e sociais que o sistema proporcionou, tirando populações inteiras de cidades menos desprovidas de recursos do isolamento do acesso ao básico para o cidadão e o ganho de segurança viária na BR-316 com intervenções que melhoraram muitos trechos urbanos considerados os mais letais do Brasil em rodovias. Conversamos com o Ministro das Cidades Jader Filho que revelou que os BRTs Metropolitanos (entre cidades diferentes) estão entre os caminhos para melhorar a qualidade de vida da população e que o modelo da Grande Belém deve ser replicado pelo País. Realmente, pensar em BRTs Metropolitanos é algo, em sua opinião, que poderia impactar positivamente na vida das pessoas?

Creio que a resposta já está em sua própria pergunta e nos demais argumentos que apresento na resposta anterior. Corredores avançados ou não, em abundância, deveriam ser tratados com prioridade máxima em qualquer grande cidade, mas é claro, aliados a outras medidas sustentáveis que complementam o sistema de transportes. A inserção do sistema de transportes nas cidades e sua integração com os demais modais e com o sistema de corredores, é uma complexa ciência técnico-econômico-social, mas absolutamente essencial para a qualidade de vida nas comunidades.

 

5) Conversamos com a presidente da Eletra Industrial, Milena Romano, empresa 100% brasileira de produção de ônibus elétricos e que desenvolve consultorias para gestores públicos e operadores de transportes, e com outros fabricantes com soluções relacionadas a fontes de tração alternativas ao diesel, como o diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz, Luiz Carlos de Moraes, que juntamente com a empresa Be8 apresentou um novo tipo de biodiesel, o BeVant, que promete melhorar a eficiência e reduzir a formação de borras em motores de ônibus e caminhões, diminuindo em 99% as emissões do tanque à roda. Ambos falaram que a agenda climática pode ser também uma oportunidade econômica para o Brasil no mundo. O senhor vislumbra isso também?

Estou plenamente de acordo com eles. A indústria brasileira automotiva (não apenas os citados, mas todos os demais grandes fabricantes de ônibus), bem como a de combustíveis alternativos, sempre se destacaram como líderes internacionais no setor do transporte coletivo urbano, e certamente manterão esse lugar no podium por muitas décadas, dados seu protagonismo e ousadia em enfrentar o desafio de produzir veículos e combustíveis talhados para enfrentar as – prá lá de complexas – condições conjunturais, econômicas e políticas brasileiras.

Essas indústrias precisam de apoio, políticas estáveis de desenvolvimento, marco regulatório consistente do transporte coletivo urbano, previsibilidade decisória, incentivos e redução expressiva de tributos em toda cadeia de produção; creio que a COP30 foi suficientemente competente em demostrar essa excepcional capacidade e protagonismo da indústria automotiva e de biocombustíveis nacional.

A importância do transporte público para a economia, a redução das emissões tóxicas e de gases do efeito estufa (GEE), o conforto e a saúde da população, justificam privilegiar a indústria do transporte urbano de modo excepcional – usuários ganham, população ganha, e o País ganha.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



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