Publicado em: 30 de julho de 2025
Dados da última semana de julho indicam que novo cartão processou apenas 17% das transações com cartões pagos, enquanto o Riocard manteve 83%; números levantam questões sobre adesão de usuários
ALEXANDRE PELEGI
O sistema Jaé, que em breve assumirá a exclusividade na bilhetagem do transporte municipal do Rio de Janeiro, tem apresentado dados iniciais de desempenho que merecem atenção, especialmente considerando a proximidade da transição completa, anunciada para sábado, dia 02 de agosto de 2025.
Os dados da semana de 22 a 28 de julho, obtidos pelo Diário do Transporte no site do Jaé, indicam que o sistema responde por uma pequena parcela das transações diárias pagas, levantando questões sobre a adaptação de usuários que ainda não realizaram a migração para o novo cartão.
A análise dos dados da semana de 22 a 28 de julho é contundente quando se avalia as transações pagas (excluindo os cartões das gratuidades). Em uma média diária de transações que supera 2 milhões, o sistema Jaé processou 2.142.700 transações no total da semana, de um total de 12.866.362 transações registradas no período. Isso resulta em uma média semanal de 17% da participação do Jaé.
Observando-se os dados diários, temos que em 22 de julho, o Jaé registrou 344.400 transações, equivalendo a 15% do total diário (2.224.662 transações). O Riocard, por sua vez, registrou 1.880.262 transações (85%).
Pulando para o dia 28 de julho, o avanço foi pequeno. O Jaé alcançou seu pico na semana com 396.800 transações, representando 19% das 2.047.045 transações totais daquele dia.
Nos demais dias da semana analisada, a participação do Jaé oscilou entre 15% e 18%. Por exemplo, em 26 de julho, o Jaé teve 229.900 transações (17%) em um total diário de 1.319.733 transações.
Em contraste, o Riocard, mesmo em processo de transição para deixar o transporte municipal, manteve uma participação média semanal de 83% das transações, com um total de 10.723.662 transações na semana.
Comparativo entre os portais de transparência Riocard e Jaé: dados extraídos diretamente dos portais de transparência das duas operadoras, referentes ao período de 22/07 a 28/07 (*)

Portal da Riocard: filtro por sindicatos dos modais do município do Rio de Janeiro, com recorte em valor

Painel do Jaé: filtro por pagantes.
[(*) Os relatórios contam com atualizações diárias, o que implica em variações nos números apresentados nos prints. Todos os dados são de acesso público e foram utilizados exclusivamente para efeito de comparação entre as operadoras nesse período.]
Desafios na adesão dos usuários:
A transição para a exclusividade do Jaé apresenta um cenário em que parte considerável dos cidadãos ainda não realizou a adesão ao novo sistema. As razões apontadas incluem a necessidade de ampla comunicação sobre a transição, desafios no sistema de cadastramento e emissão dos cartões, e a observação de que alguns cartões prometidos ainda não foram entregues aos usuários. Esse quadro, há poucos dias da retirada definitiva do Riocard do sistema municipal, é preocupante.
Implicações da exclusividade:
Diante do desempenho inicial demonstrado, a iminente exclusividade do Jaé no transporte municipal requer atenção para garantir a fluidez no dia a dia dos usuários. A necessidade de ajustes no planejamento e na execução por parte da concessionária e da gestão municipal é observada para assegurar que os trabalhadores cariocas mantenham o acesso ao transporte essencial.
Prazo Final para Aceitação do Riocard Mais nos transportes municipais:
A partir do sábado, 2 de agosto de 2025, o cartão Riocard Mais deixará de ser aceito em ônibus e vans municipais, “cabritinhos”, BRT e VLT dentro dos limites do município do Rio de Janeiro. Esta mudança implica que os validadores nesses modais aceitarão exclusivamente os cartões Jaé, ou o Riocard Mais apenas para quem possui o benefício tarifário do Bilhete Único Intermunicipal (BUI) para fins de integração.
Validade Contínua do Riocard Mais:
É crucial ressaltar que o Riocard Mais manterá sua validade normal para outros modos de transporte sob gestão do Estado do Rio de Janeiro. Isso inclui o Metrô, trens, barcas, e ônibus e vans intermunicipais. Além disso, o Riocard Mais continuará sendo utilizado para a integração tarifária do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), sendo reconhecido nos validadores municipais para permitir a integração, pagando o valor máximo de R$ 8,55.
Necessidade de Dois Cartões:
Com a exclusividade do Jaé nos transportes municipais a partir de 2 de agosto, passageiros que utilizam tanto o transporte municipal (ônibus, vans, BRT, VLT) quanto os modos sob responsabilidade do Estado (como trens e metrô) precisarão ter e manter ativos e carregados ambos os cartões: o novo Jaé para os transportes municipais e o Riocard Mais para os estaduais e intermunicipais.
Diante deste cenário, e para evitar uma situação de muita confusão a partir de sábado (02), os passageiros que dependem de ônibus municipais, vans autorizadas, “cabritinhos”, BRT e VLT precisam estar de posse do cartão Jaé para evitar transtornos.
Setores de RH de muitas empresas têm reclamado que, apesar de terem solicitado os cartões com bastante antecedência, o atraso na entrega tem sido alarmante.
Os dados iniciais de adesão do Jaé, que representou uma média de 17% das transações na última semana de julho, enquanto o Riocard manteve 83%, reforçam a importância da agilidade na migração dos usuários para o novo sistema.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes