Publicado em: 4 de novembro de 2025

Nova etapa do sistema de bilhetagem do Rio amplia serviços digitais e responde a monitoramento que apontou uso irregular de cartões de estudantes e idosos
ALEXANDRE PELEGI
O Jaé, novo sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público da cidade do Rio de Janeiro, inicia uma nova fase de modernização que combina novas funcionalidades para empresas e aperfeiçoamento dos mecanismos de controle de gratuidades.
A partir deste mês, empresas que realizam recarga de vale-transporte de seus funcionários passam a contar com mais de 20 novos serviços na plataforma, entre eles relatórios de gestão, integração automatizada e ferramentas de acompanhamento em tempo real.
Para viabilizar a ampliação tecnológica e o uso de soluções digitais avançadas, será aplicada uma taxa de 4% sobre as recargas empresariais de vale-transporte — percentual já previsto no edital de concessão do serviço. A medida não altera o valor da tarifa do transporte público, nem o custo para os usuários comuns.
“Com a modernização, o Jaé reafirma seu compromisso de simplificar a gestão de benefícios, reduzir burocracias e garantir maior transparência e eficiência para empresas e trabalhadores”, informou a nota oficial divulgada nesta terça-feira (04).
Monitoramento identifica fraudes em gratuidades
O anúncio ocorre logo após a divulgação de um monitoramento que apontou possíveis fraudes no uso de gratuidades do cartão Jaé. Dados apresentados pelo telejornal RJ2, da TV Globo, nesta segunda-feira (03), indicam que cartões de estudantes e idosos foram utilizados dezenas de vezes em um curto intervalo de tempo, em diferentes linhas e bairros, sugerindo uso indevido ou clonagem.
Segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a detecção dessas irregularidades só foi possível com o novo sistema digital de bilhetagem, que permite rastrear transações suspeitas e adotar bloqueios preventivos.
De acordo com a pasta, 6.850 gratuidades já foram bloqueadas por suspeita de fraude. Os quatro consórcios que operam os ônibus municipais cobraram da Prefeitura medidas adicionais de fiscalização.
Em paralelo, o Governo do Estado identificou mais de 2,5 milhões de tentativas de uso irregular do Bilhete Único Intermunicipal em 2025. Para conter o problema, a Secretaria Estadual de Transportes começou a instalar equipamentos de biometria facial nos validadores do metrô, tecnologia que já está presente em vans e ônibus intermunicipais. Matéria do Diário do Transporte nesta terça-feira mostrou a iniciativa realizada pela Mais.Mobi (Riocard) em parceria com o Detro-RJ. Com base nos relatórios da bilhetagem, o Detro-RJ implantou um projeto inédito de biometria facial para validar a identidade dos passageiros no momento do embarque.
As câmeras, instaladas sobre os validadores em 540 vans intermunicipais, capturam o rosto do passageiro no instante da passagem do cartão.
Em apenas quatro meses, mais de 10 mil cartões irregulares foram cancelados, com redução significativa nas fraudes do Bilhete Único e nas infrações por transporte de passageiros em pé — situação que colocava vidas em risco e anulava a cobertura do seguro obrigatório.
“Hoje, não é mais possível emprestar um cartão e embarcar numa van. A fraude acabou”, afirma Rafael Salgado, presidente do Detro-RJ. “Além disso, conseguimos reduzir o número de infrações e aumentar a segurança e a confiabilidade do sistema.”
Relembre:
Fraudes no transporte do Rio: tecnologia da Mais.Mobi e ação do DETRO inauguram nova era de controle nas vans intermunicipais
Rastreabilidade e transparência no centro da operação
A SMTR reforçou que o cartão Jaé é pessoal e intransferível. Usuários com cartões bloqueados podem solicitar revisão dos casos por meio dos canais oficiais do sistema ou em postos de atendimento.
O Jaé informou que mantém acompanhamento permanente das gratuidades, com registro de imagem dos passageiros e análise de comportamento de uso, para garantir segurança e transparência nas transações.
Em nota, o Jaé garante que com a modernização “reafirma seu compromisso de simplificar a gestão de benefícios, reduzir burocracias e garantir maior transparência e eficiência para empresas e trabalhadores”.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


