Publicado em: 30 de novembro de 2024
Em uma das ocasiões, ônibus elétricos da Ambiental Transportes, da capital paulista, não puderam operar
ADAMO BAZANI
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) atendeu parte da ação civil pública movida pela gestão do governador Tarcísio de Freitas e, em liminar (decisão provisória), determinou que a ENEL esclareça as falhas no fornecimento de energia elétrica no estado e na disponibilização de dados aos órgãos de fiscalização.
A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Governo de São Paulo neste sábado, 30 de novembro de 2024.
A concessionária tem 15 dias para enviar a documentação, mas pode recorrer.
O Governo do Estado citou na ação duas falhas de operação da ENEL após tempestades que atingiram a capital e 24 cidades da região metropolitana: a primeira em 03 der novembro de 2023 e a segunda em 11 de outubro de 2024.
Ainda de acordo com a gestão estadual, na primeira ocasião, 2,1 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica, que só foi totalmente restabelecida seis dias depois. Na interrupção deste ano, 3,1 milhões consumidores ficaram no escuro, alguns por vários dias, com prejuízos estimados em R$ 2 bilhões para o varejo e o comércio, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
As falhas também prejudicaram trens, metrô, ônibus elétricos e trólebus.
Em uma das ocasiões, em novembro de 2023, ônibus elétricos da Ambiental Transportes, da capital paulista, não puderam operar, como também noticiou o Diário do Transporte. Os veículos foram impossibilitados de carregar as baterias em razão da falta de energia garagem, na zona Leste da cidade de São Paulo.
Por causa do mesmo apagão, duas linhas de trólebus também foram afetadas por causa da consequência da chuva e tiveram de ser operadas por ônibus a diesel: 4113/10 Gentil de Moura – Pça. da República e 2100/121 Term. Vl. Carrão – Term. Pq. D. Pedro II.
Relembre:
O Diário do Transporte noticiou em 09 de novembro de 2024 quando o Governo do Estado entrou com a ação.
Relembre:
Além da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP), a ação também foi protocolada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon).
O Governo do Estado explicou ainda que na ação exige que a ENEL apresente um relatório com a quantidade e a localização de árvores que possam ameaçar o fornecimento de energia elétrica. Além disso, a empresa também deverá fornecer um plano de manejo da vegetação. O documento deve incluir um cronograma de ações concretas para mitigação de riscos envolvendo as árvores.
Ainda de acordo com o Estado, a Justiça também determina que a ENEL terá que disponibilizar uma série de informações relativas à cidade de São Paulo, em tempo real, à Arsesp. Elas incluem dados sobre interrupções no fornecimento de energia, reclamações, equipes para o atendimento emergencial, tempo médio de atendimento, número de clientes prioritários afetados (como hospitais e a Sabesp), tempo na fila de atendimento, entre outros.
ELETRIFICAÇÃO DA FROTA
O processo de eletrificação de frotas de ônibus depende da rede elétrica externa às garagens (em média ou alta tensão), que pertencem à distribuidora de energia, no caso da capital, a Enel Distribuição.
No início do ano, o prefeito Ricardo Nunes criticou a Enel, afirmando que a empresa estaria jogando os valores da infraestrutura necessária para o programa de ônibus elétricos para o alto, porque não teria condições de entregar as adequações. Nunes chegou a dizer que moveria uma ação judicial caso a distribuidora não chegasse a um acordo com a SPTrans para garantir o cronograma de implementação de subestações necessárias à nova carga demandada pela instalação de carregadores elétricos nas garagens. Relembre:
OUÇA: Prefeitura de São Paulo e ENEL vão tentar acordo até o dia 15 para eletrificação de ônibus
A Prefeitura ingressou no Tribunal de Justiça com uma Ação Civil Pública contra a Enel requerendo, entre outras medidas, a imediata restauração da energia nas unidades que ainda estão sem o serviço desde a sexta-feira (11), sob pena de multa diária de R$ 200 mil.15 de out. de 2024
As seguidas falhas na distribuição de energia também impactam os transportes sobre trilhos, como metrô, monotrilho e trens. Tem sido constante a interrupção desses serviços por problemas dessa natureza.
Vale lembrar que a cidade de São Paulo tem 200 trólebus, além de projetos de enterramento de fios em corredores de ônibus, como é o caso do corredor de ônibus Itapecerica, zona Sul de São Paulo. Relembre:
ENEL assina contrato de R$ 16,6 milhões para enterramento da fiação no corredor de ônibus Itapecerica, zona Sul de São Paulo
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes