Publicado em: 29 de julho de 2025
Em resposta à reportagem, gestora nega desativação. Trólebus, entretanto, não fazem parte do projeto “corredores verdes”. Diário do Transporte traz mais imagens exclusivas de “superarticulado” da Caio com baterias
ADAMO BAZANI
A linha de trólebus mais antiga de São Paulo (e do Brasil), que teve início em 1949, vai continuar com este tipo de veículo. (Ao fim da reportagem, a história da linha).
Foi o que garantiu a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora das linhas municipais da capital paulista, em resposta ao Diário do Transporte, no fim, da manhã desta terça-feira, 29 de julho de 2025.
Circularam em redes sociais e grupos de mensagem, desde o último fim de semana, comentários que davam conta que a ligação, considerada importante do ponto de vista da mobilidade, mas também histórico, a 408A/10 Machado de Assis – Cardoso de Almeida, só seria operada a partir desta semana com ônibus elétricos com baterias.
A gestora, entretanto, na resposta, negou.
Segundo a SPTrans, a linha continuará com programação de atendimento por meio de trólebus.
Ainda de acordo com a resposta, a frota de 201 trólebus da cidade está mantida.
“A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans informam que a frota de trólebus segue mantida em 201 veículos e a linha 408A/10 Machado de Assis – Cardoso de Almeida está programada para operar com trólebus.” – diz a reposta oficial da SPTrans ao Diário do Transporte.
Nada impede, entretanto, que a empresa responsável pelas operações, Ambiental Transportes Urbanos, do Consórcio Transvida, faça ajustes de acordo com as necessidades de cada momento, como desligamentos de redes para manutenção, ou mesmo testes de modelos. Segundo a empresa, ao Diário do Transporte, são realizados testes com operações únicas de ônibus com bateria para avaliar a linha somente com este tipo de veículo em caso de necessidade de desligamentos pontuais ou ocorrências.
A empresa negou desativação dos trólebus também.
Os trólebus estão fora, entretanto, de novos planos de redução de emissões na cidade, como a constituição de “corredores verdes”.
Ao Diário do Transporte, o prefeito da capital paulista,Ricardo Nunes revelou que o primeiro corredor da cidade que será “transformado em verde” vai ser o da ligação entre o centro e o Terminal Santo Amaro, pelo eixo da Avenida 9 de Julho, o mais movimentado da cidade por onde passa uma demanda de metrô: 710 mil passageiros por dia, mas já teve picos de 1,2 milhão. Além de ônibus elétricos, a ligação de cerca de 15 km de extensão terá pontos e estações com abastecimento de energia solar, sistema de aproveitamento de água de chuva e reuso de água, maior área de vegetação urbana com ampliação da jardinagem e sinalização que privilegie o usuário do transporte coletivo nos cruzamentos.
Nesta terça-feira, 29 de julho de 2025, a fabricante de carrocerias Caio, de Botucatu (SP), exibiu mais imagens internas do modelo de ônibus inédito no País que será usado nos “corredores verdes”: o novo eMillennium BRT.
Veja as fotos aqui –
Caio divulga com exclusividade ao Diário do Transporte mais imagens internas do novo eMillennium BRT, o ônibus superarticulado elétrico dos futuros corredores verdes de São Paulo
O Diário do Transporte, com a apresentação exclusiva do prefeito Ricardo Nunes, trouxe em primeira mão as imagens e informações sobre o modelo que fará parte do projeto “corredores verdes” da capital paulista, em reportagem da última quinta-feira, 25 de julho de 2025.
Relembre:
A primeira unidade, da Viação Campo Belo, faz parte de um lote inicial de 60 unidades para a capital paulista e possui chassi da fabricante BYD, com configuração de 23 metros e capacidade para cerca de 200 passageiros de uma só vez
Em 23 de julho de 2025, questionado pelo Diário do Transporte, o prefeito Ricardo Nunes disse que a cidade não deve ter expansão da rede de trólebus, que seria descontinuada com a inauguração do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), no centro, prevista para entre 2029 e 2030.
Relembre:
A capital paulista possui, por lei, metas de redução de emissões pelo transporte coletivo, com previsão de zerar o gás carbônico lançado na atmosfera, pelos ônibus até 2037 e 2038.
A opções iniciais, para isso, seriam unicamente os ônibus elétricos com baterias. Entretanto, diante das dificuldades em especial, segundo a prefeitura, relacionadas à falta de infraestrutura da rede de distribuição e das adequações da tensão, são consideradas outras alternativas, ao menos para o cumprimento de metas intermediárias, como os modelos a Gás Natural e Biometano (combustível obtido na decomposição de resíduos).
De 2,6 mil ônibus elétricos previstos pela gestão até dezembro de 2024, apenas 846, sendo 535 com bateria e 201 trólebus, circulam em julho de 2025. O sistema municipal da capital paulista possui quase 13 mil ônibus.
Desde 17 de outubro de 2022, as viações não podem mais comprar modelos a óleo diesel, mas como estas dificuldades ainda não foram superadas, a SPTrans ampliou a idade máxima da frota de 10 anos para 13 anos.
ABAIXO DA RESPOSTA, O HISTÓRICO DA LINHA:
LINHA 408 A-10 – A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA CIDADE:
A 408 A-10 expressa o crescimento da cidade de São Paulo porque ao longo dos anos, a linha também cresceu. A ligação foi a primeira regular de ônibus não poluentes da cidade e começou a operar em 1949 pela empresa pública CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), com itinerário entre o bairro da Aclimação (Praça General Polidoro) e o centro (Praça João Mendes), substituindo os bondes da linha 16.
A cidade crescia e moradores, estudantes e comerciantes pediram a extensão da linha que em 1955 passou a fazer o trajeto entre a Praça General Polidoro e a Rua Cardoso de Almeida, na região de Perdizes. A linha neste ano de 1955 começou a ser identificada como 216.
O nome Machado de Assis/Cardoso de Almeida para linha foi dado em 1957, com uma extensão de quase 2 km em um dos extremos. Dez anos depois, após uma reformulação na malha de linhas municipais, em 1967, a numeração da linha passou de 216 para 916, mas o itinerário ficou quase o mesmo.
A identificação 408A-10 veio no início dos anos 1980, fruto da reformulação do sistema de linhas idealizada na década anterior por Adriano Branco como secretário de Transportes e Olavo Setúbal como prefeito
LINHA DEIXOU DE TER TRÓLEBUS EM DUAS OCASIÕES:
Símbolo dos trólebus e da mobilidade não poluente, a 408A-10 Machado de Assis/Cardoso de Almeida deixou de ter trólebus em duas ocasiões ao menos (sem contar com desligamentos de rede e desvios de rotas de forma temporária e rápida).
Uma delas foi de 1975 a 1982 por causa de mudanças de mão de direção em vias da região da Vila Buarque, parte do trajeto, até a readequação da fiação aérea. A outra ocasião foi em 1993, ainda como CMTC, para a construção de um piscinão no Pacaembu que provou desvios no itinerário. O retorno dos trólebus ocorreu somente em 1996. As CMTC já tinha sido privatizada e os serviços eram de responsabilidade da empresa Eletrobus.
A descrição do passeio na programação oficial mostra a importância histórica da linha:
“É uma experiência turística diferente, imersiva e sustentável tendo como cenário a cidade de São Paulo. Desfrute do itinerário que conta parte da história de São Paulo – do Centro Histórico às ruas emblemáticas, bairros interessantes como Higienópolis, Liberdade e Aclimação, com destaque para lugares de memória identificados pelas Placas de Memória Paulistana. Neste passeio, conduzido por guias e muito bate-papo, vamos refletir juntos sobre novas formas de perceber e usufruir a cidade”.
Veja o vídeo do passeio:
O trajeto atual da linha, de acordo com a SPTrans, é:
PÇA. ROSA ALVES DA SILVA | 321 – 352 | |
R. GUIMARÃES PASSOS | 320 – 217 | |
R. DR. RAFAEL CARAMURU LANZELLOTI | 116 – 1 | |
R. JOSÉ DO PATROCÍNIO | 268 – 459 | |
R. MACHADO DE ASSIS | 0 – 534 | |
R. PAULA NEI | 371 – 614 | |
R. TOPÁZIO | 1001 – 1 | |
PÇA. GEN. POLIDORO | 175 – 39 | |
AV. TURMALINA | 219 – 1 | |
AV. DA ACLIMAÇÃO | 323 – 1 | |
R. PIRES DA MOTA | 486 – 238 | |
R. BUENO DE ANDRADE | 577 – 1 | |
R. TAMANDARÉ | 1 – 39 | |
R. DA GLÓRIA | 1012 – 841 | |
R. CONS. FURTADO | 780 – 377 | |
VIAD. SHUHEI UETSUKA | 58 – 1 | |
R. CONS. FURTADO | 376 – 2 | |
R. ANITA GARIBALDI | 1 – 90 | |
PÇA. CLOVIS BEVILAQUA | 1 – 387 | |
R. ROBERTO SIMONSEN | 173 – 87 | |
R. VENCESLAU BRÁS | 110 – 1 | |
PÇA. DA SE | 0 – 0 | |
LGO. PATEO DO COLÉGIO | 0 – 134 | |
VIAD. BOA VISTA | 1 – 230 | |
R. BOA VISTA | 43 – 390 | |
LGO. S. BENTO | 1 – 58 | |
R. LÍBERO BADARÓ | 0 – 256 | |
VIAD. DO CHÁ | 1 – 258 | |
PÇA. RAMOS DE AZEVEDO | 300 – 496 | |
R. CONS. CRISPINIANO | 275 – 410 | |
LGO. PAISSANDU | 0 – 0 | |
AV. S. JOÃO | 465 – 674 | |
AV. IPIRANGA | 709 – 807 | |
PÇA. DA REPÚBLICA | 400 – 191 | |
R. MQ. DE ITU | 1 – 897 | |
R. SABARÁ | 1 – 242 | |
R. MARANHÃO | 147 – 765 | |
R. ARACAJU | 95 – 272 | |
PÇA. VILABOIM | 2 – 172 | |
R. ARMANDO PENTEADO | 1 – 70 | |
R. ALAGOAS | 841 – 0 | |
PÇA. CHARLES MILLER | 51 – 154 | |
AV. ARNOLFO AZEVEDO | 2 – 380 | |
R. ZEQUINHA DE ABREU | 1 – 432 | |
R. CARDOSO DE ALMEIDA | 0 – 1738 | |
R. JOSÉ DE FREITAS GUIMARÃES | 1069 – 433 | |
R. PROF. JOÃO ARRUDA | 1 – 60 |
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes