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Londres faz da informação ao passageiro um eixo central da mobilidade


Relatório anual de órgão público que cuida da gestão integrada de quase todo o sistema de transporte da capital britânica destaca campanhas educativas, transparência e linguagem inclusiva em toda a rede de transportes

ALEXANDRE PELEGI

O relatório anual 2023/2024 da Transport for London (TfL), órgão público responsável pela gestão integrada de quase todo o sistema de transporte da capital britânica, mostra que a comunicação é tratada como parte essencial da política de mobilidade urbana. Criada em 2000, a TfL administra o metrô, os ônibus, os trens urbanos (Overground), o VLT (Tramlink), ciclovias e políticas ambientais da cidade.

Mais do que divulgar horários e avisos, a entidade investe em estratégias de engajamento, campanhas de comportamento e inclusão comunicacional, consolidando uma cultura de diálogo permanente com usuários e comunidades locais. Entre as prioridades, o documento ressalta o compromisso de fornecer informações claras e acessíveis sobre alterações de serviço, obras e políticas ambientais — especialmente durante a expansão da Ultra Low Emission Zone (ULEZ), zona de baixas emissões criada para reduzir a poluição veicular e que, desde agosto de 2023, cobre toda a Grande Londres.

A ampliação da ULEZ foi acompanhada de uma intensa campanha pública, explicando as novas regras e programas de compensação para motoristas de baixa renda. Em paralelo, a TfL manteve consultas públicas e canais de diálogo com moradores afetados por grandes projetos de infraestrutura, reforçando a comunicação como instrumento de confiança e transparência.

As campanhas educativas também ganharam destaque. Mensagens de segurança e convivência foram divulgadas para reduzir episódios de violência e agressão contra trabalhadores e passageiros, enquanto outras incentivaram o uso do transporte público e da bicicleta — em linha com a meta de atingir operações neutras em carbono até 2030.

Internamente, o relatório enfatiza o fortalecimento da cultura organizacional por meio do programa “Equity in Motion”, lançado em 2024, que reúne mais de 80 ações voltadas à construção de um transporte londrino mais justo, inclusivo e acessível. O plano abrange melhorias em estações com acesso facilitado (step-free stations), rampas portáteis para cadeirantes e o fortalecimento do serviço “Dial-A-Ride” — sistema gratuito de transporte porta a porta voltado a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida que não conseguem utilizar o transporte público convencional.

Operado diretamente pela TfL, o Dial-A-Ride permite que usuários agendem viagens para consultas, compras ou compromissos comunitários, seja por telefone ou aplicativo. O serviço possui veículos adaptados, motoristas treinados e ferramentas digitais com comandos por voz e ajustes de contraste, garantindo autonomia e segurança aos passageiros.

O modelo é semelhante ao serviço “Atende” da SPTrans, em São Paulo, também gratuito e voltado a pessoas com deficiência física severa, com agendamento prévio e frota de vans acessíveis. A principal diferença é de escala e cobertura: enquanto o Atende atua no município de São Paulo, o Dial-A-Ride integra o sistema metropolitano da TfL, atendendo os 32 distritos da Grande Londres e mais de 70 mil usuários cadastrados. Em ambos os casos, trata-se de mobilidade como política de inclusão social.

A comunicação interna também se fortaleceu com campanhas sobre diversidade e saúde mental, e com o reconhecimento público das equipes que atuaram em eventos de grande porte, como a coroação do rei Charles III — símbolo da integração entre transporte e vida pública.

Na comunicação digital, a TfL investiu no aplicativo TfL Go, que permite planejar viagens e acompanhar informações em tempo real. Lançado em 2020, o app já ultrapassou 7 milhões de downloads e possui cerca de 1 milhão de usuários ativos mensais, consolidando-se como principal ferramenta de informação para o passageiro.

O sistema operado pela TfL é um dos mais complexos do mundo: são 11 linhas de metrô com 272 estações, 6 linhas do Overground, uma rede de VLT (Tramlink) com 39 paradas e uma frota de aproximadamente 9 mil ônibus, dos quais mais de 2 mil já são de emissão zero. A diversidade e a escala tornam ainda mais desafiadora a missão de comunicar de forma clara, acessível e integrada — algo que o relatório demonstra estar no centro da estratégia institucional da entidade.

No conjunto, a TfL reafirma que “a boa comunicação também é política pública”: uma ferramenta que conecta eficiência operacional, confiança do cidadão e transformação cultural.

Arena ANTP 2025: Comunicação em debate

O tema da comunicação no transporte coletivo será discutido em profundidade durante a Arena ANTP 2025, no dia 29 de outubro, das 16h às 17h, na Arena 3.

Painel: Amor e Ódio no Transporte Coletivo: a Comunicação pode virar esse jogo?

Painelistas:

Lucio Mesquita, consultor sênior da INNOVATION Media Consulting e ex-executivo da BBC, referência internacional em jornalismo e gestão da informação;

Dimas Barreira, empresário e presidente do Sindiônibus (CE);

Ana Carolina Nunes, jornalista e doutora em Administração Pública pela FGV-EAESP.

Moderação: Alexandre Pelegi, consultor da ANTP, diretor da Revista dos Transportes Públicos, editor e apresentador do Podcast do Transporte e do ANTP Café.

Serviço:

Data: 29 de outubro de 2025

Horário: 16h00 às 17h00

Local: Arena 3 – Transamérica Expo Center, São Paulo

Evento: Arena ANTP 2025 – 24º Congresso Brasileiro de Mobilidade Urbana

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em Transportes

 



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