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Mais de 70% das empresas de transportes no Brasil sofreram prejuízos pelas mudanças climáticas, diz estudo inédito


COP30: Mais de 70% das empresas de transportes no Brasil sofreram prejuízos pelas mudanças climáticas, diz estudo inédito

Levantamento da CNT divulgado em Belém (PA) mostra que preservar meio ambiente é também um investimento e um ato de inteligência financeira por parte dos diversos segmentos do setor de transportes

ADAMO BAZANI

Mudança Climáticas, aquecimento global, ondas de frio, chuva e calor fora de época. Alagamentos e deslizamentos de terra.

Tudo isso não é discurso de “eco-chato”, mas uma realidade que seifa vidas e causas enormes prejuízos financeiros.
Um estudo inédito divulgado na Cop30 (Conferência das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas), em Belém (PA), mostra o tamanho do rombo no setor de transportes no Brasil.

O Diário do Transporte viajou para Belém (PA) a convite da Eletra Industrial, fabricante de ônibus elétricos 100% nacionais, desenvolvedora de soluções para eletromobilidade e empresa de consultoria para implantação, operação e pós-venda de sistemas de ônibus eletrificados, por meio do serviço Eletra Consult.

O levantamento da CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgado na Estação do Desenvolvimento, na Green Zone (área de livre acesso na Cop30), com a cobertura presencial do Diário do Transporte ouviu 315 empresários dos segmentos de cargas e passageiros e concluiu que mais de 70% das companhias brasileiras de transportes tiveram expressivas perdas financeiras nos últimos cinco anos por causa de eventos climaticos extremos.

Denominado “Sondagem CNT de
Resiliência Climática do Setor de Transporte”, o estudo revela ainda que a maior parte das empresas teve prejuízos de cerca de R$ 1 milhão a cada evento climático e em quase 10% dos casos, o rombo foi de mais de R$ 5 milhões.
Grande parte teve de paralisar as atividades ou atrasar viagens com passageiros e entregas de mercadorias.

O prejuízo também foi social porque do ponto de vista macroeconômico, transportes não são atividades “fim”, mas meios. Assim, a interrupção de serviços de transportes prejudica outros setores pela desistência ou redução da viagem do trabalhador ou turista ou então, não entrega de matéria prima para a indústria e produtos finais ao consumidor.

O estudo mostra ainda que as mudanças climáticas geraram desemprego justamente pela interrupção, redução ou alteração nos planos de transportes de cargas e de passageiros. Assim: ônibus elétricos, modelos de veículos a biometano, GNV (Gás Natural Veicular), ações de mitigação de impactos atmosféricos, tratamento de efluentes, reflorestamento, reciclagem e reutilização de materiais não são apenas boas práticas simpáticas, mas investimentos, inteligência financeira.

Em nota, a CNT detalha que “70,6% das empresas sofreram perdas financeiras decorrentes de eventos climáticos nos últimos cinco anos. Quase um quarto das empresas ultrapassou o valor de R$ 1 milhão em prejuízos, e 9,9% reportaram danos superiores a R$ 5 milhões. O levantamento mostra ainda que 74,6% das empresas sofreram impactos operacionais, incluindo interrupções no fluxo de transporte, mudança de rotas,
falta de insumos, e, em casos extremos, até a necessidade de demissão de funcionários. Em 72,2% das empresas impactadas operacionalmente e
fisicamente, houve a necessidade de paralisar as atividades, e 9% ficaram paradas por um mês ou mais, o que compromete gravemente a sustentabilidade financeira das empresas”.

Ainda segundo o estudo, os impactos dos efeitos climáticos variam de acordo com a atuação de cada empresa de transportes.

– Rodoviário – com as temperaturas excessivamente elevadas, no caso das
rodovias, pode haver danos ao pavimento, como deflexões, expansão de fissuras transversais, trincamento precoce e aumento de defeitos de trilha de roda19.

Além disso, pode ocorrer a expansão térmica nas juntas de dilatação de pontes
e o seu envelhecimento precoce. Já em precipitações intensas, a integridade
estrutural de estradas e obras de arte especiais sofre com o aumento do nível
da umidade do solo e, em casos extremos, com a submersão de estruturas furante enchentes20.

Ferroviário – ferrovias podem ser impactadas por deslizamentos de solos, erosões, inundações, queimadas, entre outros eventos. No caso de temperaturas
excessivamente elevadas, pode ocorrer a flambagem (empenamento) dos trilhos, comprometendo sua estabilidade estrutural e, até mesmo, causando
descarrilamentos, em casos mais críticos. Outra consequência das ondas de calor
é o superaquecimento de equipamentos elétricos, que reduz a sua eficiência
energética, causando falhas ou alterações na rede de alimentação21. Em chuvas intensas, o lastro pode sofrer aterramento com material carreado de deslizamentos, comprometendo a sua capacidade de drenagem e suporte do trilho.

Aeroviário – tempestades e ciclones resultam em cenários de risco, como o
aumento da incidência de descargas elétricas atmosféricas, gerando atrasos
ou até cancelamentos de voos. Ainda, podem ocorrer intensas alterações
nas correntes de ventos, que contribuem para a ocorrência de turbulências.
Em dias mais chuvosos e neblinosos, torna-se necessário manter um maior
distanciamento entre aeronaves, como medida de segurança22.

Aquaviário – no caso de estiagem, as vias economicamente navegáveis
perdem a sua capacidade de deslocamento, afetando a movimentação das embarcações. Para as infraestruturas de portos, a falta de água ocasiona
erosões, que levam a problemas de instabilidade, gerando desabamentos que podem acarretar acidentes. Em chuvas intensas, o nível do mar ou dos rios pode ser elevado, submergindo portos e terminais portuários. No contexto da dinâmica das marés, as mudanças climáticas podem modificar o padrão das ressacas, afetando estruturas de molhes/quebra-mar. Já os vendavais
prejudicam os pátios de armazenamento, podendo comprometer as estruturas
prediais e equipamentos de movimentação de cargas.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



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