Publicado em: 24 de outubro de 2025

Projeto total soma de R$ 115,4 milhões. Diário do Transporte acompanhou lançamento em 2024 e, na Busworld, projeto de conversão de ônibus a diesel usados para a tecnologia foi uma das vitrines pela marca Volare
ADAMO BAZANI
A fabricante gaúcha de ônibus Marcopolo vai receber R$ 80,8 milhões em recursos federais para financiar o desenvolvimento de dois modelos de ônibus híbridos a etanol. O projeto total é estimado em R$ 115,4 milhões.
O valor de R$ 80,8 milhões será proveniente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A assinatura do contrato de financiamento ocorreu na última quarta-feira, 22 de outubro de 2025.
Entre as vantagens relacionadas pelo MCTI para financiar o projeto é que a tecnologia contribui para a redução das emissões de gases nocivos ao meio ambiente pelo transporte de passageiros; o etanol é proveniente de uma fonte de produção local, o que estimularia a economia e a geração de emprego; e que a solução tecnológica dispensa infraestrutura de recarga de baterias, um dos grandes entraves para a eletrificação plena de frotas.
Como tem mostrado o Diário do Transporte, além do modelo elétrico urbano Attivi (que pode ser integral da marca ou sobre outros chassis elétricos como encarroçamento) e o biometano/GNV, a Marcopolo apostou as fichas no elétrico híbrido a etanol.
Trata-se de ônibus que possuem um motor a etanol de porte e potência menores que não movimentam os veículos, mas que geram energia para as baterias alimentarem os motores elétricos. A tecnologia é a híbrida paralela.
O lançamento oficial do primeiro modelo nacional de micro-ônibus da Volare, marca de ônibus menores da Marcopolo, ocorreu em agosto de 2024, com a apresentação do Attack 9 Híbrido, que teve cobertura do Diário do Transporte.
Relembre:
A convite da Mercedes-Benz, o Diário do Transporte esteve no início deste mês de outubro de 2025, na Busworld 2025, maior feira de ônibus do mundo, que ocorreu em Bruxelas, na Bélgica.
Para o mercado internacional, em parceria com a empresa Horse, a Marcopolo, por meio da Volare, também exibiu no evento a solução híbrido etanol, mas com a possibilidade de converter modelos usados a diesel em veículos com esta forma de tração menos poluente.
Relembre:
Em nota, o diretor de inovação da Finep, Elias de Ramos Souza, diz que o investimento no projeto reflete o compromisso da agência com a inovação sustentável e o fortalecimento da capacidade tecnológica nacional para enfrentar os desafios da transição energética.
“O Brasil, que se destacou com o Proálcool e o motor flex, avança agora com protagonismo em tecnologias híbrido-elétricas. Com este projeto, a Marcopolo desenvolve uma solução que torna o transporte mais limpo, sustentável e econômico, beneficiando assim toda a sociedade. Para a Finep, investir em soluções que apostam no enfrentamento das urgências ambientais é investir no futuro do país e do planeta. Projetos como este reforçam nosso compromisso com a inovação sustentável e com o fortalecimento da indústria nacional de baixo carbono”, afirmou.
“A Marcopolo dá mais um passo em direção à mobilidade sustentável com o lançamento de um projeto inovador de propulsão híbrida etanol-elétrico. A iniciativa tem como objetivo acelerar a descarbonização do transporte coletivo, especialmente em regiões com infraestrutura limitada para recarga de veículos elétricos. Por utilizar etanol proveniente da cana-de-açúcar — uma fonte renovável que absorve CO₂ da atmosfera durante o cultivo — o projeto contribui para um ciclo de carbono neutro, reduzindo de forma significativa o impacto ambiental em comparação aos combustíveis fósseis. A iniciativa reforça o protagonismo da Marcopolo em soluções de mobilidade, promovendo sustentabilidade, geração de empregos, capacitação técnica e fortalecendo a competitividade do Brasil no cenário global”, destacou diretor de negócios da Marcopolo, Pablo Freitas Motta, no mesmo comunicado.
De acordo com a Finep, ao longo do prazo de 24 meses para execução do projeto, serão desenvolvidos protótipos e veículos-piloto de quatro modelos de micro-ônibus e um modelo de ônibus urbano, além dos sistemas produtivos necessários para sua fabricação inicial.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


