O Fluminense entre os oito principais times do mundo. Se em junho de 2019 alguém dissesse a Mário Bittencourt que isso aconteceria em seu mandato, o presidente recém-empossado provavelmente daria risada. Hoje, não se dá por satisfeito.
Horas antes do embate com o Al Hilal pelas quartas de final do Mundial de Clubes, em jogo marcado para sexta-feira (4), às 16h (de Brasília), com transmissão ao vivo da Cazé TV e disponível sem custo adicional no Disney+, o presidente tricolor concedeu entrevista exclusiva à ESPN direto dos Estados Unidos, onde acompanha o dia a dia da delegação.
Bittencourt comemorou a internacionalização da marca Fluminense, sobretudo após a vitória sobre a Inter de Milão, na segunda-feira (30), citou a disparidade econômica do clube perante todos os rivais que seguem vivos na briga pelo título mundial e garantiu: apesar disso, o Tricolor compete de igual para igual.
“Creio que nossa folha (salarial) seja a menor disparada desses oito que sobraram. Ficamos felizes, e não é um trabalho de três semanas, é um trabalho de seis anos, que já vínhamos conseguindo conquistar quando ainda faturávamos menos do que hoje. Ganhamos títulos em 2022, 2023, 2024. Diria a você que não devemos nada a ninguém”, discursou o dirigente.
Na mesma entrevista, o dirigente comentou as eliminações de Botafogo e Flamengo nas oitavas de final, disse que torce por uma semi entre Palmeiras e Fluminense e se arriscou a dizer qual time gostaria de enfrentar em uma possível decisão de título: o Real Madrid.
Veja os principais trechos da entrevista de Mário Bittencourt à ESPN:
Internacionalização da marca
“Queria poder me dividir para tentar entender o nível da repercussão com nossos torcedores e até com torcedores de outros clubes. Tenho recebido muitas mensagens de amigos, torcedores de outros clubes, e até de dirigentes de outros clubes, parabenizando, dizendo para continuarmos representando o futebol brasileiro. É difícil dimensionar. Quando voltarmos ao Brasil, tomara que a gente consiga ter uma dimensão maior, mas o que tenho visto é o Fluminense sendo falado no mundo inteiro. É muito bonito, muito importante pra nós como marca. Sempre falei que a internacionalização da marca do clube passa por isso, por disputa de competições internacionais, por exposição da marca fora, especificamente fazendo grandes jogos. Se imaginar que fizemos grandes jogos na Libertadores, que ganhamos na final do Boca, que ganhamos duas competições internacionais dentro do Maracanã, que a gente enfrentou o Al Ahly, depois o City, e agora enfrentamos o Borussia, a Inter de Milão e agora o Al Hilal. Isso é grandioso demais para o clube”.
Faturamento com o Mundial
“Você falou casa do bilhão, não é nem perto disso. Temos um faturamento médio anual entre R$ 400 e 500 milhões, quando disputamos essas competições, como foi o caso da Libertadores, ano passado especificamente tivemos faturamentos um pouco maiores com vendas de jogadores. Esse ano, com o Mundial, vai bater certamente o maior faturamento da história do clube, com essas passagens de fases. Mas o nosso time, em termos de valor do elenco, eu vi uma matéria falando que nosso elenco custa 86 milhões de euros, e o do Al Hilal 186 milhões de euros. São 100 milhões a mais só de valor de jogadores. Creio que nossa folha (salarial) seja a menor disparada desses oito que sobraram. Talvez seja metade da folha do Palmeiras, ou 60%. E contra esses gigantes da Europa, pelo que andei vendo, a da Inter, por exemplo, é quatro, cinco vezes maior que a nossa, são 400, 500% a mais por mês. Ficamos felizes, e não é um trabalho de três semanas, é um trabalho de seis anos, que já vínhamos conseguindo conquistar quando ainda faturávamos menos do que hoje. Ganhamos títulos em 2022, 2023, 2024. Diria a você que não devemos nada a ninguém. Isso tudo faz parte de um trabalho que faz a bola entrar gastando menos dinheiro que os outros. Você vai dizer que os outros tem essa estrutura? Também tem, mas temos uma família aqui dentro”.
Comparação com Flamengo e Botafogo
“Estamos conseguindo resultados expressivos com investimentos muito menores que adversários do Brasil e agora europeus e de outros continentes. E, obviamente, outros clubes com grandes investimentos também conseguem resultados, o Botafogo conseguiu uma Libertadores e Brasileiro no mesmo ano com o investimento que fez, o Flamengo consegue resultados todos os anos. Isso é uma Copa do Mundo, e o fato deles terem saído antes do Fluminense não desmerece em momento algum o trabalho deles. Botafogo foi eliminado por um gigante que é o Palmeiras, o Flamengo por um gigante que é um Bayern. Tiveram uma linda participação. Estamos indo mais longe, mas isso não faz com que o trabalho deles seja desmerecido, pelo contrário, queria que estivessem aqui para representássemos o Brasil todos juntos”.
1:49
Presidente do Fluminense espera semifinal contra o Palmeiras e exalta Flamengo e Botafogo: ‘Eliminados por gigantes’
Direto dos EUA, Mário Bittencourt concedeu entrevista exclusiva à ESPN
Sonho de Fluminense x Palmeiras na semifinal
“Vamos torcer para que a gente e o Palmeiras passem. Seria bonito, porque o Fluminense e o Palmeiras tentam o reconhecimento dos Mundiais de 51 e 52, seria bonito para que os dois clubes, juntos, pudessem falar novamente desse tema. Estou torcendo muito para isso, mas respeitando muito o Al Hilal, sabendo que vamos ter um embate muito difícil, como foram todos aqui. A gente sabia disso, diziam que o grupo era fácil e a gente sabia que não era fácil. Estudamos o Ulsan, o Mamelodi. Logo depois que a gente passou, a gente estava vendo o jogo da Inter de Milão com o River Plate, e minha filha falou que íamos enfrentar a Inter. Falei para ela que estávamos aqui para isso. Se um dia poder dizer que a gente enfrentou o Borussia Dortmund, a Inter, o Al Hilal que é gigante pelo investimento que tem, o City no passado, e poder enfrentar uma Champions que foi o que virou o outro lado da chave. Vim para cá preparado. Falei que não vínhamos para passear, para tentar ganhar, claro que com humildade, somos o time de menor investimento, mas já estamos entre os oito”.
Favoritismo do Al Hilal
“Acho que estamos bem preparados. Estamos com o tanque cheio, não só fisicamente, mas também taticamente fizemos um grande jogo, estamos de tanque cheio emocionalmente. Mas se você botar do ponto de vista de investimento, de estatística, de capacidade financeira, acho que obviamente o Al Hilal é favorito, e não tenho vergonha alguma em dizer isso, como era a Inter de Milão, como o Borussia era favorito. É o que eu disse aos jogadores nos vestiários. É uma Copa do Mundo, e Copa do Mundo sempre tem os favoritos e aqueles que chegam no final surpreendendo, e espero que a gente continue surpreendendo”.
O que fazer com a premiação?
“Todo e qualquer dinheiro que o clube recebe obviamente a gente distribui, parte em estrutura, parte em pagar dívida do passado que é muito grande, parte em contratação de jogadores. Nesse momento a gente tem que esperar acabar a competição e depois ver o quanto vai receber em valores líquidos, porque a retenção de imposto é muito grande. Ainda não temos ideia dos valores exatamente líquidos que vamos receber. Pode ter certeza que, assim que a gente tiver a entrada dos recursos, vai usar cada pedaço desse recurso para continuar no caminho de estruturação que a gente tem feito, como foi feito na conquista da Libertadores, nas premiações do Brasileiro, Recopa. Parte vocês sabem que é destinada aos jogadores, são percentuais combinados antes das competições. E depois vamos olhar para estrutura, investimentos no time, e para a reestruturação que a gente vem fazendo porque a dívida pré-acumulada antes da nossa gestão é muito grande. Enquanto a gente tiver dívida a pagar, parte desse dinheiro obviamente também tem que ser para equacionamento de dívidas do passado”.
Real Madrid, a ‘final dos sonhos’
“Estava conversando com nosso gerente de futebol, o Aníbal, e falei que, se chegássemos em uma final e eu pudesse escolher um time para enfrentar, seria o Real Madrid. O Thiago (Silva) estava perto e perguntei pra ele qual seria o time mais difícil. Ele disse que o Real joga um futebol mais parecido com o sul-americano, mais solto, mas em compensação tem uma camisa gigantesca. Em compensação, do ponto de vista de dificuldade tática e técnica, seria enfrentar o Paris. Ele jogou lá, e acha o Bayern também uma máquina de jogar futebol”
Mensagem de Mano Menezes
“Todos que passam por aqui saem torcendo muito para a gente. Tenho recebido mensagens muito bonitas. Uma que gostei muito de receber logo depois do jogo foi do Mano Menzes. Uma mensagem grandiosa de um cara que passou por aqui, não ficou muito tempo, mas nos ajudou muito, nos salvou na luta contra o rebaixamento. Foi uma das primeiras mensagens que recebi após a vitória contra a Inter de Milão nos parabenizando, parabenizando o Renato, parabenizando a montagem do time, dizendo que fomos perfeitos. O cara está lá no Grêmio, acabou de ter um momento muito difícil na vida pessoal, mas saiu daqui meu amigo. No dia do sorteio do Mundial, estávamos juntos na concentração do jogo contra o Cuiabá, e quando acabou ele falou que esse time africano era muito difícil. E o que é mais bonito nesta história? Ele não está conosco aqui, mas está aqui de cabeça, por ter feito parte desse processo, assim como Diniz fez parte desse processo. Esse é o Fluminense, quem passa por aqui deixa um pedaço de contribuição, e quem está aqui está recebendo essa energia de gente de fora. Recebi tantas outras mensagens de gente do futebol, de pessoas de outros clubes, amigos, ex-presidentes que mandaram mensagens muito bonitas, e estamos muito felizes de estarmos aqui representando o futebol carioca e brasileiro”.
2:30
Presidente do Fluminense revela mensagem de treinador após vitória contra a Inter: ‘Momento bem bonito’
Direto dos EUA, Mário Bittencourt concedeu entrevista exclusiva à ESPN
Onde assistir a Fluminense x Al Hilal no Mundial de Clubes?
Fluminense x Al Hilal, às 16h (de Brasília), tem transmissão ao vivo pela CazéTV, disponível sem custo adicional no Disney
