Publicado em: 31 de julho de 2025
Estudos para sistemas tronco alimentados já existem, confirma prefeito Marcelo Oliveira, em entrega de 50 ônibus pela empresa
ADAMO BAZANI
Colaboraram Arthur Ferrari e Vinícius de Oliveira
Sem ônibus articulados desde 2013, com a saída da Leblon Transporte, a cidade de Mauá, uma das mais populosas do ABC paulista, com quase 500 mil habitantes, deve voltar a ter este tipo de veículo, que possui uma configuração mais adequada para altas demandas.
Inclusive, esta é uma reivindicação há mais de 10 anos da população. Quem garante que este pedido pode voltar a se tornar realidade é o proprietário da Suzantur, Claudinei Brogliato, que conversou com exclusividade na manhã desta quinta-feira, 31 de julho de 2025, com o Diário do Transporte.
Brogliato falou que a inclusão desses veículos na frota vai depender da implantação de uma infraestrutura necessária para a criação de um sistema tronco alimentado de linhas na cidade. Mauá já teve um sistema deste, na região do Jardim Zaira, no entanto, acabou não dando certo pela infraestrutura limitada do terminal.
Segundo Claudinei Brogliato, ao Diário do Transporte, os veículos terão ar-condicionado e a medida deve melhorar o fluxo no terminal central e também nas ruas do Centro da cidade, uma vez que poderão substituir uma quantidade maior de ônibus e mesmo assim ampliar a capacidade de lugares do sistema.
O prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira, também conversou com o Diário do Transporte e confirmou a informação. Segundo Marcelo Oliveira, um dos passos fundamentais será a implantação do terminal Itapark.
A obra deve terminar no ano que vem e também vai contar com outras infraestruturas necessárias. Uma delas, destacada por Marcelo Oliveira, é o viaduto que vai passar sobre as duas principais vias da cidade, a Presidente Castelo Branco, que vai para a populosa região do Jardim Zaira, e a Barão de Mauá, que vai para a região do Jardim Itapeva e Itapark.
As informações foram divulgadas durante a apresentação de uma nova frota de ônibus em Mauá.
São 50 veículos zero quilômetro que fazem parte de um lote total de 101 que a empresa comprou para o ABC Paulista, divididos entre 50 para Mauá, 31 para Diadema e 20 para Santo André. Os veículos possuem alta tecnologia de redução de emissões Euro 6, carregadores e tomada USB, sistema de recirculação de ar, que não é ar-condicionado, mas garante um conforto térmico, acessibilidade e um dos destaques é o sistema de câmera de monitoramento, que não só grava, mas gera imagens em tempo real, ajudando a ampliar a segurança dos usuários, dos motoristas e também no trânsito.
LEIA AS ENTREVISTAS NA ÍNTERA:
ADAMO BAZANI: Nosso contato é com o diretor da Suzantur, Claudinei Brogliato, que vai conversar com a gente primeiro sobre as características desses ônibus.
CLAUDINEI BROGLIATO: Bom, Adamo, bom dia. Esses ônibus são Mercedes-Benz 1721, suspensão a ar, equipados com Wi-Fi, USB, climatização do veículo e sistema de gravação de câmeras online. Esse investimento é em torno de R$ 45 milhões. Foram ônibus financiados pela Caixa Econômica Federal.
ADAMO BAZANI: Agora, senhor Claudinei, o senhor falou uma questão importante. Com uma nova infraestrutura que é estudada para Mauá, uma demanda antiga da população, Mauá vai poder voltar a ter ônibus articulados?
CLAUDINEI BROGLIATO: Sim, esse é o estudo, assim que estiver próximo da inauguração do terminal do Itapark, vamos criar a linha tronco-alimentadora, e o estudo é articulado.
ADAMO BAZANI: Inclusive com ar-condicionado?
CLAUDINEI BROGLIATO: Sim, completo.
ADAMO BAZANI: É um desafio que nem a capital paulista, que tem vários recursos, tem atendido plenamente, mas tem que se pensar já, eletrificação ou tecnologias alternativas. Há alguns modelos que a Suzantur possui, mas há estudos para investimentos em maiores ônibus?
CLAUDINEI BROGLIATO: Não, no momento não. A gente tem quatro ônibus elétricos aqui trabalhando em Mauá. Esses carros já atendem praticamente a norma de poluição. Agora, o elétrico é um investimento muito alto em uma cidade. Então, é muito complicado. Vamos aguardar novas tecnologias. Mas o Euro 6 já consegue melhorar bem isso.
ADAMO BAZANI: Perfeito. Para o ABC paulista, todo ABC são 101 ônibus?
CLAUDINEI BROGLIATO: 101 ônibus. São 31 em Diadema, 20 em Santo André e 50 aqui em Mauá.
ADAMO BAZANI: Perfeito. Senhor Claudinei, obrigado. E, Ricardo Leite, agora a gente conversa com o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira. Com essa entrega, se torna uma das frotas mais novas do país, é isso?
MARCELO OLIVEIRA: Isso. São dois anos e dois meses a média da frota dos ônibus aqui na cidade de Mauá. E é importante destacar também que nós estamos com os ônibus Euro 6, que emite 75% a menos de poluentes para a nossa atmosfera. É pensando também no futuro dos nossos jovens, das crianças aqui da cidade.
ADAMO BAZANI: Agora, prefeito, o senhor falou uma questão importante sobre a infraestrutura do transporte coletivo. A gente conversou com o dono da Suzantur, Claudinei Brogliato, até com o estudo de volta de ônibus articulados, que é uma demanda até da população, com ar-condicionado, inclusive. Prefeito, quais são as obras e infraestrutura que podem possibilitar que essa frota amplie ainda mais a capacidade?
MARCELO OLIVEIRA: Olha, essa pergunta é muito importante. Nós construímos o terminal do Itapeva, o terminal novo, o terminal do centro da cidade e estamos construindo o terminal do Itapark, para que a gente possa mudar uma parte do sistema para os articulados, que aí os ônibus que são menores, que pegam em alguns bairros, ele desce para o centro e vai ter menos movimento de ônibus para o centro da cidade. Tem uma obra que vai ser fundamental também aqui para a cidade de Mauá, que é a construção do viaduto que cruza as duas avenidas principais da cidade, que é a Barão de Mauá e a Castelo Branco. Com isso nós vamos conseguir agilizar, porque além do viaduto, nós vamos fazer toda a infraestrutura de asfalto novo, de guias, de sarjetas e sinalizações desde o terminal do Itapark até o do centro da cidade. E a outra obra que a gente já começou no começo do mandato, importante destacar, que foi a abertura da rua paralela à Castelo Branco, no Jardim Zaíra, que nós já interligamos aqui com o Cerqueira Leite, com a Vila Magini e já chegamos no Jardim Rosina. Falta uma parte que vai interligar até o viaduto JK, Juscelino Kubitschek, ali no Oratório, onde as pessoas vão poder utilizar essa via até para pegar o Rodoanel. Então são obras importantes de infraestrutura, além do asfaltamento que nós chegamos a 130 quilômetros da cidade.
ADAMO BAZANI: A previsão de data aproximada, claro, depende do estudo, depende da liberação de recursos, mas uma aproximação da previsão de data.
MARCELO OLIVEIRA: Então, o terminal de ônibus já está em construção, o do Itapark, a obra é de um ano e seis meses, mas nós já estamos há três meses, uma média de mais ou menos um ano, deve terminar a construção lá do Itapark. O viaduto, aqui na Barão com a Castelo Branco, nós temos a previsão, os projetos já estão todos prontos para fazer a licitação, e a previsão nossa é que final de ano, ou no início do ano de 2026, assinarmos já a ordem de serviço. E essa outra parte que nós estamos realizando, as obras que vão interligar o Jardim Rosina até o viaduto JK, nós estamos fazendo os muros de contenções ali naquela parte alta do Rosina, estamos fazendo os muros de contenções também do Rio Tamanduateí, e falta um recurso que a gente está colocando no PAC, que a gente está esperando as novidades aí, que o governo federal vai anunciar algumas obras de infraestrutura e também de combate às enchentes por esses dias, e acredito que uma parte desse recurso deve vir para que a gente possa fazer essa obra. É uma obra para o pessoal entender a complexidade da obra, é em média uns 80 milhões só essa parte da obra, porque é muito muro de contenção beirando o Rio Tamanduateí, e também beirando a parte mais alta e fazer toda a infraestrutura do asfalto para chegar até o viaduto, porque nós já investimos em média uns 35, 40 milhões já nessas obras.
ADAMO BAZANI: E o custo do terminal com toda a questão de corredores?
MARCELO OLIVEIRA: Então, o recurso do terminal até chegar aqui no Terminal do Itapark ao Terminal do Centro com o viaduto, ele é de 76 milhões liberado pelo governo federal, será liberado, com uma contrapartida nossa de 16. Então, somando, vai dar 92 milhões essa obra.
ADAMO BAZANI: Perfeito. Prefeito, a gente agradece bastante a sua participação aqui na Rádio ABC. Fica o convite também para um dia o senhor dar uma passadinha no estúdio e conversar com mais calma ainda com os nossos ouvintes.
Confira imagens da apresentação desta quinta-feira (31):
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaboraram Arthur Ferrari e Vinícius de Oliveira
