Publicado em: 9 de outubro de 2025
Equipamentos podem ser utilizados em estações de armazenamento de energia nas garagens para recarga dos coletivos ou mesmo para geração complementar para usinas ou imóveis residenciais
ADAMO BAZANI
Enquanto no Brasil a eletrificação de frotas de ônibus ainda está em fases iniciais, na Europa, na Ásia e em parte da América do Norte, o fenômeno já é realidade há mais tempo e estas localidades já começam a enfrentar na prática o dilema: o que fazer com as baterias que já não servem mais para os veículos? Reutilização para outros fins é a resposta mais racional.
E, mais uma vez, parte da indústria de ônibus tem tomado iniciativas.
A vida útil nos veículos das primeiras gerações das baterias é de cerca de oito anos.
As baterias mais modernas já possuem durabilidade maior.
Se não servem mais para alimentar os coletivos, estas baterias, cujas matérias-primas têm um grande impacto ambiental e não podem ser descartadas de qualquer jeito, ainda servem para outras aplicações.
Na Busworld 2025, que ocorreu em Bruxelas, na Béligica, entre os dias 04 e 09 de outubro de 2025, a Daimler Buses, que congrega as marcas Mercedes-Benz e Setra, anunciou um serviço de reaproveitamento de baterias de ônibus elétricos que não servem mais para os veículos.
Busworld é o maior evento de ônibus do Planeta. O repórter e editor-chefe do Diário do Transporte, Adamo Bazani, foi a Europa fazer a cobertura presencial, a convite da Mercedes-Benz. O Diário do Transporte foi um dos poucos veículos de comunicação do Brasil a estar no local.
Os equipamentos podem ser utilizados em estações de armazenamento de energia nas garagens para recarga dos coletivos ou mesmo para geração complementar para usinas ou imóveis residenciais.
Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes anunciou um sistema de armazenamento de energia nas garagens que promete reduzir a dependência de adaptação de infraestrutura da rede de distribuição pela concessionária ENEL.
Chamada de BESS (Battery Energy Storage System), a tecnologia conta com espécies de “no-brake” gigantes que, entre os diferenciais dos atuais sistemas de recarga, vão captando energia da rede, mesmo em baixa tensão, durante o dia, de forma gradual e lenta, para quando os ônibus chegarem à garagem, no final da noite, início da madrugada, carregarem como se estivessem conectados à rede de distribuição, mas a eletricidade já vai estar guardada na garagem.
Na Europa, guardadas as devidas proporções e sem comparações diretas, o sistema BESS pode ser formado pelas baterias dos próprios ônibus que já não teriam mais capacidade para gerar força de tração e autonomia suficiente aos veículos.
Segundo a Daimler Buses, a prática de reaproveitamento das baterias em outras aplicações ´é chamada de “repurpose”.
A gigante que reúne Mercedes-Benz e Setra ainda anunciou que também participa de projetos na Alemanha.
Veja abaixo:
A vida das baterias após o uso no veículo
Após a primeira vida útil das baterias no veículo, a Daimler Buses oferece soluções para aplicações chamadas de “repurpose”. Aqui, as antigas baterias de alta voltagem são utilizadas, por exemplo, em unidades de armazenamento de energia para compensar picos de carga na rede elétrica ou como unidades de armazenamento intermediário em usinas solares e eólicas. Posteriormente, ao final do ciclo de vida, a empresa trabalha com parceiros para oferecer opções de reciclagem a fim de recuperar o máximo possível de matérias-primas contidas. Com o objetivo de possibilitar métodos de reciclagem ainda mais eficientes e um ciclo de vida de produto fechado, a Daimler Buses também participa de projetos na Alemanha que são apoiados em conjunto com a Daimler Truck.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes