Publicado em: 6 de outubro de 2025
Montadora abriu as portas da planta industrial. Mais que produzir, estudar e atuar junto com o operador é a filosofia
ADAMO BAZANI
Colaborou Arthur Ferrari
A Mercedes-Benz decidiu globalmente investir pesado, não apenas na produção de ônibus elétricos, mas para prestar consultoria e orientação na implementação de frotas de ônibus não poluentes. Assim, muito mais que fabricar ônibus, a filosofia global do grupo agora é aconselhar, estudar e tentar achar junto as melhores alternativas para que os ônibus sejam menos poluentes e, principalmente, que atendam às legislações que estipulam esse tipo de frota. Esse pensamento global da marca foi expressado pelo responsável pela área de planejamento e produção da planta de Mannheim, sede de fabricação dos ônibus urbanos, com destaque para o citaro a diesel e o eCitaro, elétrico ou com células de hidrogênio complementares.
Alexandre Nogueira, que é brasileiro e trabalha no grupo desde 1994, quando ingressou como trainee, contou detalhes desta estratégia.
“Nosso setor se encontra em plena transformação, com demanda de veículos ecologicamente amigáveis e essa demanda continua aumentando de forma contínua. Nós podemos, assim, tornar o mundo mais sustentável através de ônibus localmente neutros em carbono e contribuirsignificativamente para conter as mudanças climáticas do planeta. A nossa abordagem estratégica à eletrificação vai muito além do veículo em si, então nós temo o veículo, mas também a Daimler Buses criou a Daimler Buses Solutions GmbH, que pode oferecer para os nossos clientes todo um ecossistema integral de mobilidade elétrica. Então desde análise de viabilidade de mercado, da definição do produto que vai ser aplicado, definição de quantidade de baterias, os carregadores, as instalações e a gente faz desde a construção, instalações elétricas, tudo até os serviços digitais”, disse o responsável pelo planejamento de produção.
Para provar isso na prática, a Mercedes-Benz abriu as portas da fábrica em Mannheim e mostrou para o Diário do Transporte toda a linha de produção, mas antes, a reportagem passou por um espaço de recepção de clientes, visitantes e gestores, que inclusive conta parte da história dos ônibus do grupo por meio de fotos, ilustrações e uma maquete do primeiro ônibus produzido no mundo, idealizado por Carl Benz em 1895. Depois, a reportagem passou pelas pistas de testes, onde são feitas verificações quanto ao desnivelamento de pista, frenagem, tombamento, inclinação, inclusive já voltado para ônibus elétricos, uma vez que as baterias vão na parte de cima, além da traseira. Em seguida, foi a vez de visitar a linha de produção, que conta com 18 estações, áreas intermediárias de controle de qualidade e também um setor para configurações específicas de acabamento.
Os ônibus, em um determinado momento, são içados para que haja montagem de equipamentos inferiores, e depois voltam à posição normal, por enquanto sem os motores, sendo puxados por carrinhos. Após toda a ligação de equipamentos eletroeletrônicos, colocação das chapas, nas estruturas das carrocerias, gaiolas, que já chegam prontas, os ônibus vão para as partes finais de fabricação, onde são colocados vidros, os equipamentos da articulação, caso o ônibus seja articulado, iluminação, entre outros itens. Já nas fases finais, os modelos a diesel e elétricos são separados, e há uma checagem final de ambos, com vistas em especial para os elétricos, principalmente em relação às baterias, onde são colocadas no teto, recebem a energização e são fechadas. Antes do fechamento, é feito um processo de infiltração.
Veja algumas imagens da visita, lembrando que o Diário do Transporte viajou à Europa a convite da Mercedes-Benz do Brasil. Também lembramos que, por questão de proteção de imagem de segredo industrial, nem todas as estações de produção puderam ser filmadas ou fotografadas.
Em 2018 o Diário do Transporte já havia visitado a fábrica da Setra de ônibus rodoviários monoblocos.
Relembre
ESPECIAL: Setra, o berço do monobloco
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaborou Arthur Ferrari