Publicado em: 20 de maio de 2025
Veículos ainda vão passar por ajustes finais antes de serem colocados em circulação
Reportagem: ADAMO BAZANI – Diário do Transporte / Colaborou: Colaborou Vinícius de Oliveira / Fotos: Rodrigo Guerreiro / Apoio: MarkusVinicius
A Viação Metrópole Paulista, que atua nas zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo, recebeu nesta terça-feira, 20 de maio de 2025, outros ônibus elétricos com baterias.
Foram mais duas unidades que integram o mais recente pacote de veículos comprados pela companhia, entregues à garagem Itaim Paulista, elevando para 63 o total de coletivos deste tipo somente para as operações na zona Leste.
Os veículos ainda vão passar por ajustes finais antes de serem colocados em circulação
Como mostrou o Diário do Transporte, até a semana passada eram 61 ônibus elétricos. Sete deles haviam sido entregues na terça-feira passada, 13 de maio de 2025.
Relembre:
Os ônibus, assim como os anteriores, são do tipo padron de dois eixos, com três portas, ar-condicionado, tomadas USB para recarga de celulares, janelas seladas, vidros com tratamento para proteção de raios ultravioleta do sol, piso baixo, acessibilidade por meio de rampas, entre outros itens que integram as configurações exigidas pela gerenciadora das linhas municipais da capital paulista, SPTrans (São Paulo Transporte).
A REALIDADE DA ELETRIFICAÇÃO NÃO É TÃO “AZUL” NA CIDADE DE SÃO PAULO
A proibição de modelos a diesel na cidade de São Paulo da forma como foi feita acabou trazendo um problema para a população: o envelhecimento da frota de ônibus.
Se por um lado os ônibus elétricos não poluem na operação contribuindo para a saúde pública, são mais silenciosos, trepidam menos e oferecem um nível de conforto bem maior; a proibição foi imposta pela gestão do prefeito Ricardo Nunes sem antes haver infraestrutura suficiente nas garagens e sem a adequação necessária da rede de distribuição pela ENEL.
Caso 50 ônibus elétricos ou mais carregarem ao mesmo tempo, pode até mesmo cair a energia de bairros inteiros, isso porque, a maior parte da rede de distribuição da cidade é de baixa tensão. Para que isso não aconteça, é necessário elevar a rede para média ou alta tensão, criar subestações nos bairros (parecidas com as que estão nas imediações de estações de trem e metrô), subestações nas garagens, que também devem receber os carregadores.
A infraestrutura interna das garagens foi providenciada pelas empresas de ônibus, mas as intervenções externas, de responsabilidade da ENEL, avançam muito lentamente.
As metas de troca de frota anunciadas pela prefeitura não foram cumpridas. Até 31 de dezembro de 2024, deveriam ser 2,4 mil ônibus elétricos com baterias e 201 trólebus, que já existiam na cidade, em circulação. Mas até a primeira quinzena de maio de 2025, era apenas 527 ônibus com bateria e os 201 trólebus já existentes.
Agora, as metas são mais modestas: 2,2 mil ônibus menos poluentes até o fim de 2028, o que inclui outras tecnologias, como biometano (gás obtido da decomposição de resíduos) e GNV (Gás Natural Veicular).
Como não podem ser comprados ônibus a diesel zero quilômetro, mas ao mesmo tempo não há infraestrutura adequada para um ritmo maior de ampliação de elétricos, a gerenciadora dos transportes da prefeitura (SPTrans – São Paulo Transporte) permitiu que a idade máxima permita dos ônibus a diesel atual fosse elevada de 10 anos para 13 anos.
Mesmo com manutenção em dia, por rodarem muito, ônibus mais antigos são mais sujeitos a quebras. Não significa que ônibus mais velho tenha de quebrar e seja inseguro, tudo depende da conservação, mas é lógico que o risco de defeitos tende a ser maior. Além disso, os modelos mais antigos têm menos itens de conforto, como poucas ou nenhuma tomada tipo USB para recarga de celulares, e não possuem ar-condicionado. Itens que não impedem o atendimento aos passageiros, mas hoje em dia também não podem ser considerados mais “dispensáveis”.
O nível de exigência e a cultura dos passageiros hoje é diferente. Isso sem contar que o transporte coletivo hoje tem mais concorrência: motos (mototáxi, inclusive, batendo às portas), carros particulares, aplicativos, etc); assim, tudo o que for para convencer o cidadão a usar os transportes coletivos, é importante. Ônibus elétrico, por ser superior, pode ajudar neste processo, mas sem energia, não dá.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes