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México, Polônia e Índia anunciam avanços na eletrificação do transporte público


Três anúncios internacionais nesta semana reforçaram a expansão global dos ônibus elétricos — com novas frotas no México e na Polônia e uma fábrica de grande porte na Índia

ALEXANDRE PELEGI

A eletrificação do transporte público urbano ganhou novos capítulos em três continentes na semana de 20 a 25 de outubro de 2025. Enquanto o México iniciou a operação de seus primeiros articulados 100% elétricos no sistema Mexibús, a Polônia confirmou um contrato para 42 novos veículos Solaris na região da Silésia, e a Índia anunciou a construção de uma fábrica de e-buses com capacidade para 15 mil unidades por ano em Rajasthan.

Os três casos revelam estágios distintos — operação, fornecimento e industrialização — de uma mesma transformação: a consolidação dos ônibus elétricos como eixo central das políticas de mobilidade sustentável em países desenvolvidos e emergentes.

México: 20 ônibus articulados elétricos entram em operação no Mexibús

O Governo do Estado do México colocou em operação 20 novos ônibus articulados 100% elétricos no sistema Mexibús, que atende a região metropolitana da Cidade do México, conhecida como Vale do México (Valle de México).

O Vale do México é uma vasta bacia cercada por montanhas e vulcões, situada a cerca de 2.200 metros de altitude. É o coração político, econômico e urbano do país, com cerca de 22 milhões de habitantes distribuídos entre a Cidade do México, dezenas de municípios do Estado do México (Edoméx) e um do Estado de Hidalgo. Historicamente, foi o berço da civilização asteca e, hoje, é uma das áreas metropolitanas mais densas e poluídas do mundo — razão pela qual a adoção de ônibus elétricos tem peso estratégico para melhorar a qualidade do ar.

O Mexibús é o sistema de corredores de ônibus de trânsito rápido (BRT) do Estado do México, criado para integrar o transporte intermunicipal à rede da Cidade do México (CDMX). Inspirado em modelos como os de Curitiba e Bogotá, começou a operar em 2010 e é administrado pelo Sistema de Transporte Masivo y Teleférico del Estado de México (SITRAMyTEM) — o mesmo órgão que coordena os teleféricos urbanos Mexicable.

Atualmente, o sistema conta com quatro linhas troncais que conectam municípios densamente povoados do Vale do México, como Ecatepec, Tecámac, Coacalco, Chimalhuacán e Nezahualcóyotl, à zona metropolitana da capital. Os corredores possuem faixas exclusivas, estações fechadas com embarque em nível, pagamento antecipado e integração tarifária com outros modos de transporte, como o Metrô e o Trolebús.

Em 2025, o Mexibús está transportando cerca de 400 mil passageiros por dia, sendo um dos sistemas BRT mais movimentados da América Latina. A incorporação dos 20 articulados elétricos representa o primeiro passo da eletrificação gradual da frota, dentro do plano do governo estadual de reduzir emissões e modernizar a operação.

As novas unidades possuem autonomia de até 350 km por carga, operação silenciosa e recarga rápida nos terminais e garagens. Foram incorporadas à linha troncal que liga Ecatepec a Tecámac, uma das mais movimentadas do sistema.

A diretora-geral do SITRAMyTEM, María Zúñiga Canales, afirmou que o início da operação elétrica marca uma nova etapa para o transporte público do Estado do México:

“Com esses veículos, reafirmamos o compromisso de oferecer um transporte moderno, eficiente e ambientalmente responsável. O Mexibús é o eixo estruturador de uma mobilidade sustentável e intermodal, que conecta bairros periféricos a polos de emprego, estudo e lazer, melhorando a qualidade de vida da população e reduzindo as emissões no Vale do México.”


Polônia: Solaris fecha contrato para 42 novos ônibus elétricos na metrópole da Silésia

Em 20 de outubro de 2025, a fabricante Solaris Bus & Coach, pertencente ao grupo espanhol CAF, anunciou um contrato com a Górnośląsko-Zagłębiowska Metropolia (GZM) — aglomeração metropolitana da Silésia, no sul da Polônia — para o fornecimento de 42 ônibus elétricos, sendo 24 unidades de 12 metros e 18 articuladas de 18 metros.

Os modelos, Urbino 12 electric e Urbino 18 electric, vêm equipados com baterias de 600 kWh e 800 kWh, permitindo operação integral sem recarga intermediária. O pacote inclui ainda a infraestrutura de recarga no depósito e nos terminais de linha.

As entregas estão previstas para 2026 e fazem parte de um programa nacional de renovação de frota com apoio financeiro da União Europeia, dentro das metas de neutralidade climática da UE até 2050.

Com o novo contrato, a Solaris ultrapassa 3 mil ônibus elétricos entregues na Europa, consolidando sua posição como uma das principais fornecedoras do continente.

A metrópole da Silésia, tradicional polo de mineração e indústria pesada, vê na eletrificação uma oportunidade de reposicionamento econômico e ambiental — substituindo gradualmente os antigos veículos a diesel por frota de emissão zero.


Índia: Rajasthan terá fábrica para 15 mil ônibus elétricos por ano

Já o governo do estado indiano de Rajasthan anunciou a implantação da primeira fábrica de ônibus elétricos do estado, a ser construída pela PMI Electro Mobility Solutions Pvt Ltd, uma das principais fabricantes indianas de veículos comerciais elétricos.

A empresa, sediada em Haryana, é parceira tecnológica da chinesa Beiqi Foton Motor, e já fornece ônibus elétricos para diversos estados indianos, incluindo Delhi, Himachal Pradesh e Uttar Pradesh.

O empreendimento será instalado na Ghiloth Industrial Area, um dos maiores polos industriais planejados pelo governo de Rajasthan, situado no distrito de Kotputli-Behror, região estratégica entre Jaipur e Nova Délhi, com acesso direto à rodovia Delhi–Mumbai Expressway.

A iniciativa, conduzida pela agência estadual RIICO (Rajasthan Industrial Development & Investment Corporation), envolve investimento estimado em ₹ 1.200 crores, o equivalente a cerca de R$ 905 milhões (ou US$ 145 milhões), e ocupará uma área de 65,5 acres, correspondentes a aproximadamente 265 mil m².

A planta deverá produzir até 33 mil veículos elétricos por ano, sendo 15 mil ônibus, 6 mil caminhões médios e 12 mil veículos leves, gerando 500 empregos diretos.

O projeto integra o programa federal Make in India, voltado à industrialização local da cadeia de veículos elétricos, e reforça a meta nacional de eletrificar parte substancial da frota de transporte urbano até 2030. Além de atender ao mercado interno, a nova fábrica deve posicionar a Índia como potencial exportadora de ônibus elétricos para países emergentes — incluindo os da América Latina.

 

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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