Publicado em: 28 de junho de 2025
Sistema único no Rio Moskva consolida-se como artéria de transporte vital, lança terceira rota e colabora com prefeitura de São Paulo para impulsionar mobilidade sustentável na capital paulista
ALEXANDRE PELEGI
Há dois anos, a capital russa, Moscou, lançou um sistema de transporte fluvial elétrico verdadeiramente único. Desde o seu lançamento, o serviço regular de passageiros transformou o Rio Moskva em uma artéria de transporte plenamente desenvolvida para a cidade. O sistema foi inaugurado em 21 de junho de 2023, pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pelo prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin. Relembre:
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Recentemente, em 20 de junho, o prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, inaugurou a terceira rota do transporte fluvial elétrico regular, a Novospasskiy — ZIL, com o objetivo de melhorar a acessibilidade do transporte para mais de 55.000 moscovitas que vivem em quatro distritos. O vice-prefeito de Moscou para transporte, Maksim Liksutov, ressaltou que o cais ZIL agora serve como parada final para duas linhas simultaneamente. Com essa expansão, os moradores da capital têm a oportunidade de utilizar três rotas fluviais que operam durante todo o ano, com um comprimento total de 29 km, e de atravessar de forma rápida e conveniente para a margem oposta do Rio Moskva.
As viagens nessas embarcações elétricas são incluídas nos passes de viagem Ediny (Unificado) para 30, 90 e 365 dias, e podem ser pagas também com o cartão Troika (cartão do transporte coletivo de Moscou), cartão bancário, ou através de aplicativos de celular.
Inicialmente, o sistema contava com seis paradas e oito embarcações elétricas, cada uma delas nomeada em homenagem a outros rios de Moscou, como Sinichka, Setun e Yauza.
Cada embarcação acomoda até 50 passageiros e possui assentos para pessoas com deficiência.
Segundo o governo russo, os principais elementos das embarcações são de fabricação local, incluindo todo o software. A cabine é equipada com painéis informativos, tomadas para carregamento USB e áreas destinadas ao transporte de scooters e bicicletas.
A prefeitura de Moscou estima que as viagens se tornarão ainda mais convenientes para os cidadãos dos 18 distritos da capital, cerca de 1,5 milhão de pessoas. Além dos benefícios de transporte, o uso dessas embarcações elétricas melhorará a situação ambiental da cidade ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O projeto também teve um impacto positivo significativo na criação de empregos, gerando 350 novos postos de trabalho.
O Rio Moskva também se tornou consideravelmente mais seguro; graças a patrulhas regulares, as tripulações podem identificar prontamente pessoas que caem na água e já salvaram quatro vidas. Maksim Liksutov celebrou a novidade, afirmando que não há transporte aquático totalmente elétrico durante todo o ano em nenhum outro lugar além de Moscou, consolidando a cidade como líder no uso e desenvolvimento de transporte elétrico inovador.
Colaboração com a prefeitura de São Paulo
A expertise consolidada de Moscou na operação de transporte hidroviário, incluindo embarcações elétricas e sistemas de gestão digitalizados, tem chamado a atenção internacional. Em 31 de março de 2025, a prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) e da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT), e o Governo de Moscou celebraram um Memorando de Entendimento. O objetivo é fomentar o desenvolvimento e o apoio a políticas públicas voltadas ao sistema de transporte hidroviário público regular, promovendo a sustentabilidade, segurança, modernização e eficiência desse modal. Relembre:
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Este acordo é resultado de diálogos e missões de delegação de Moscou a São Paulo em junho e novembro de 2024.
A parceria permitirá que São Paulo, que possui corpos hídricos como os rios Tietê e Pinheiros e as represas Billings e Guarapiranga, otimize sua infraestrutura, aproveitando as lições aprendidas em projetos russos. A cooperação é vista como um aspecto crítico para a descarbonização do transporte público, por meio do desenvolvimento de embarcações elétricas e da transferência de tecnologia e conhecimento.
A implementação bem-sucedida desta colaboração poderá servir como referência para futuros acordos bilaterais e multilaterais em mobilidade urbana.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes