Publicado em: 8 de novembro de 2025

Ferramenta calcula em tempo real quanto CO₂ deixou de ser emitido por quem usa trens e metrôs em vez do carro, reforçando o papel do transporte público na descarbonização das cidades
ALEXANDRE PELEGI
A estação Paulista-Pernambucanas, da Linha 4-Amarela de metrô, ganhou um novo elemento que une tecnologia, mobilidade e sustentabilidade: o Carbonômetro da Motiva. A instalação digital mostra em tempo real a quantidade de dióxido de carbono (CO₂) que deixou de ser emitida na capital paulista graças aos passageiros que optam pelos trens e metrôs operados pela companhia — Linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda — em vez do carro.
A iniciativa, criada pelo Instituto Motiva em parceria com a Diretoria de Sustentabilidade, reforça a mensagem “Sinal verde para o metrô”, conectando mobilidade urbana à pauta da descarbonização. O lançamento ocorre no mês em que o Brasil se prepara para a COP30, em Belém (PA), reforçando o papel do transporte público na redução das emissões e na construção de cidades mais sustentáveis.
“O Carbonômetro é mais do que uma instalação digital: é uma ferramenta de educação ambiental que transforma dados em consciência”, afirma Juliana Maria, diretora de Sustentabilidade da Motiva.
Como funciona o Carbonômetro
O painel digital exibe o volume acumulado de CO₂ evitado pelos usuários do sistema. Ao escanear o QR Code presente na instalação, o passageiro pode calcular sua própria “pegada de carbono evitada”, informando as estações de origem e destino. O sistema mostra a economia individual em emissões e traduz o resultado em métricas fáceis de compreender — como o número equivalente de árvores que precisariam ser plantadas para neutralizar a mesma quantidade de CO₂.
“Cidades sustentáveis não são apenas sobre metas globais, mas sobre as pequenas escolhas diárias. O Carbonômetro é um convite à reflexão”, diz Renata Ruggiero, presidente do Instituto Motiva.
Trens e metrôs: vetor de mobilidade limpa
A Motiva transporta anualmente cerca de 750 milhões de passageiros nas linhas 4, 5, 8 e 9 de São Paulo, além do VLT Carioca (RJ) e do Metrô Bahia (BA). Entre 2023 e setembro de 2025, essas operações evitaram a emissão de 937,2 mil toneladas de CO₂, o equivalente a 5,2 milhões de árvores plantadas ou à retirada de 586 mil carros das ruas por um ano.
“Cada viagem sobre trilhos é uma escolha que ajuda a construir uma cidade mais limpa, eficiente e humana”, afirma André Salcedo, presidente da plataforma de Trilhos da Motiva.
O Carbonômetro integra as ações da Task Force Motiva COP30, grupo que articula iniciativas ligadas à descarbonização e à preservação ambiental. A companhia é co-líder da Coalizão para Descarbonização dos Transportes, ao lado do CEBDS, CNT e Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável (Insper).
Recentemente, executivos da empresa participaram de eventos como a Brazil Climate Investment Week, a Rio Climate Week, o World Climate Investment Summit (em Londres) e a Climate Week NYC. Nesta semana, a Motiva também esteve presente no Summit Agenda SP + Verde 2025, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo — um dos principais encontros preparatórios para a COP30.
A Motiva foi a primeira empresa de infraestrutura de mobilidade a ter metas de descarbonização validadas pela Science Based Targets initiative (SBTi). O plano prevê reduzir 59% das emissões diretas (escopos 1 e 2) e 27% das indiretas (escopo 3) até 2033, com base em 2019.
Em 2024, a companhia alcançou 100% de uso de energia elétrica renovável em suas operações de rodovias, trilhos e aeroportos — um ano antes do previsto. Também ampliou o uso de biocombustíveis na frota operacional, atingindo 92% e com meta de chegar a 100% até o fim deste ano.
Para compensar emissões remanescentes, adquiriu 94 mil créditos de carbono da Reserva Votorantim – Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do País.
“O transporte sobre trilhos é parte essencial da solução climática. Queremos inspirar as pessoas a enxergarem a mobilidade como uma escolha que muda o futuro”, conclui Miguel Setas, CEO da Motiva.
Com o Carbonômetro, a empresa traduz em números um conceito que o setor de transporte defende há décadas: cada passageiro que troca o carro pelo trilho ajuda a frear o aquecimento global — um gesto simples, mas com impacto coletivo de longa duração.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


