Publicado em: 2 de setembro de 2025
Promotor ainda pediu que vítima seja indenizada em R$ 50 mil e que prisão seja convertida em preventiva
ADAMO BAZANI
O promotor Rodolfo Morais, da I Promotoria do Tribunal do Júri de São Paulo, denunciou nesta terça-feira, 02 de setembro de 2025, à Justiça, por tentativa de homicídio triplamente qualificado, o homem que jogou uma pedra contra um ônibus da Mobibrasil e feriu gravemente uma passageira no rosto que estava no banco da frente.
Como mostrou o Diário do Transporte, Everton de Paiva Balbino, 32 anos, foi preso em 08 de julho de 2025, por policiais civis do Deic (Departamento de Investigações Criminais). O homem que é filho de motorista de ônibus, foi indiciado pela Polícia por tentativa de homicídio.
Relembre:
O Diário do Transporte foi o primeiro veículo de comunicação que veiculou as imagens das câmeras do ônibus, da empresa Mobibrasil, que mostram a jovem sendo atingida e também o homem atirando a pedra. O caso ocorreu no dia 27 de junho de 2025, na Avenida Washington Luís, na Zona Sul, em meio à onda de ataques contra veículos do transporte coletivo=.
Relembre:
Aos policiais, Everton de Paiva Balbino disse que a motivação foi uma discussão de trânsito entre ele e o condutor do ônibus, mas a versão não convenceu a Polícia.
Na denúncia, o promotor diz que a tipificação criminal de tentativa de homicídio triplamente qualificado se justifica porque, de acordo com suas conclusões, ocorreram três circunstâncias atribuídas a Everton (por isso o triplamente qualificado):
- assumiu o risco de produzir o resultado letal;
- agiu por motivo fútil, com meio que resultou em perigo comum; e
- utilizou recurso que impossibilitou a defesa da mulher, atingida de forma súbita e inesperada.
Everton está preso temporariamente desde 07 de julho de 2025.
O promotor pediu à Justiça que converta a prisão temporária (pela qual seria solto nos próximos dias) em preventiva para ficar detido até o fim do julgamento ou até a defesa conseguiu que ele eventualmente responsa em liberdade.
O MPSP ainda quer a fixação de indenização mínima de R$ 50 mil à vítima.
Segundo a denúncia, o homem, com o intuito de se vingar por suposta “fechada” de trânsito, apanhou uma pedra de grande porte e arremessou-a contra o veículo de transporte coletivo. O
“Era plenamente previsível que, ao lançar um objeto contundente e pesado contra a janela de um ônibus em movimento, na altura da cabeça dos passageiros, poderia atingir fatalmente um deles. A conduta de arremessar a pedra em tais circunstâncias demonstra que o denunciado anuiu com a possibilidade da morte, sendo-lhe indiferente a vida e a integridade física de todos que ali estavam”, diz o promotor no documento.
A Justiça pode rejeitar a denúncia, aceitar integralmente ao atender todos os pedidos ou aceitar parcialmente, caso atenda a alguns pedidos.
Em qualquer um dos cenários de aceitação, o homem se torna réu no processo.
A passageira teve fraturas no rosto e no nariz e precisou ser operada, mas está fora de perigo.
TRANSIÇÃO:
Também nesta terça-feira, 02 de setembro de 2025, a prefeitura de São Paulo, obedecendo decisão judicial, incluiu dois representantes da empresa Transwolff no Grupo de Trabalho que atua na transferência do contrato da companhia para a Sancetur.
A Transwolff foi alvo em abril de 2024 de uma operação do MP (Ministério Público de São Paulo) que apontou ligações da direção da empresa com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Os diretores da Transwolff, alguns que foram presos na operação, negam.
Desde então, a Transwolff e a UpBus (outra empresa que também foi alvo da operação), ficaram sob intervenção da prefeitura que, no início de 2025, após trabalho de auditorias externas, entendeu que as companhias não tinham mais condições de continuar no sistema municipal
De acordo com a Polícia Civil, a insatisfação de diretores com a transferência de contratos é uma das principais linhas de investigação para apontar a motivação do crescimento dos ataques.
A onda de depredações começou em 12 de junho de 2025, segundo a Polícia. Foi o mesmo dia em que a prefeitura publicou uma portaria autorizando o prosseguimento de instauração do grupo de trabalho para coordenar a transferência de contratos.
A onda de ataques acabou após o andamento do processo judicial, no fim de julho, que culminou na inclusão dos representantes da Transwolff no grupo de trabalho.
Relembre:
EM PRIMEIRA MÃO – NA ÍNTEGRA: Representantes da Transwolff passam a integrar grupo de transição para a Sancetur após decisão judicial
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes