Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (18), prévia ao jogo contra o Al Ahly, pelo Mundial de Clubes, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, analisou o “choque de realidade” que vem ocorrendo nos jogos entre sul-americanos e europeus no torneio da Fifa.
O português relatou que, em conversas com amigos da área do futebol, o estilo de jogo no Campeonato Brasileiro é muitas vezes visto como “lento”.
Abel, porém, afirmou que essa percepção é totalmente errada, e, quando os brasileiros têm a chance de se preparerem bem, conseguem competir com qualquer um.
“Eu acho que para nós brasileiros, e eu não sou brasileiro, acho que fica muito claro que o Brasileirão é muito competitivo quando nós damos condições aos nossos clubes, aos nossos jogadores e aos nossos treinadores, para preparar as equipes. Porque a sensação que o europeu tem é que o futebol brasileiro é lento, parece que se joga devagar, mas há uma justificativa para isso”, analisou.
“Primeiro, o calendário congestionado, os gramados, o pouco tempo de recuperação. Nós chegamos a fazer três jogos seguidos de dois em dois dias. Só no Brasil é que isso existe!”, exclamou.
“A quem dirige e quem tem responsabilidade de organizar as competições, e vocês [jornalistas] podem me ajudar nessa batalha, porque dizem que o treinador do Palmeiras sempre reclama de tudo, reclama dos três dias de intervalo, ninguém acredita, reclama das viagens, ninguém acredita, reclama da intensidade do jogo que é possível por…”, salientou.
“Eu não vi nenhuma equipa brasileira que não tivesse intensidade nos jogos, porque temos tempo para preparar, e isso é um desafio que nós temos, sobretudo para quem organiza (o futebol brasileiro). Porque podemos melhorar, sim, e fico muito contente e orgulhoso por estar a trabalhar no Brasil, de entenderem, muitos colegas meus e treinadores que são meus colegas, me falam: ‘Ah, mas é lento, mas é lento’, e eu disse: ‘Vamos ver se é lento ou não quando jogarmos contra os outros e tivermos as mesmas condições e nos darem as mesmas condições, se nós não somos competitivos, se não somos dinâmicos, se não somos organizados'”, contou.
“Fico muito contente por isso, e por ter decidido continuar aqui no Brasil, porque, como eu já disse, o Brasileiro é um dos campeonatos mais competitivos do mundo, seguramente”, complementou.
Abel ainda disse que tem “muito orgulho” de trabalhar no futebol brasileiro e ressaltou que vê como “mínima” a diferença do nível nacional para o resto do mundo.
“Eu tenho muito orgulho de estar no Brasil e já tive muitas possibilidades de sair e não saí. Há espaço para melhorar? Sim, há. Eu ainda agora falei dos espaços que nós temos para melhorar. Mas eu, mais do que nunca, acredito que o futebol brasileiro precisa de pequenos detalhes só”, citou.
“Agora o que há, e isto é muito bom ainda para mais para o Brasil, para entenderem, a diferença (entre brasileiros e europeus) está no nosso pensamento. A diferença está naquilo que eu acredito. Porque se eu acreditar que sou inferior aos outros, eu vou ser mesmo inferior aos outros. Agora, se eu acredito que eu sou bom, se eu acredito que com o trabalho posso competir, se eu acredito que com o trabalho posso organizar, não tem nada a ver nem com nacionalidade, nem ser europeu”, discursou.
“Eu não gosto de fazer média, o que eu gosto é quando nós damos condições para os treinadores de trabalho, para que as equipas descansem, para que os gramados estejam bons, o jogo torna-se competitivo e dinâmico, é isso que nós podemos ver aqui. E aquela imagem que eu tinha do futebol brasileiro vai por abaixo, porque nós competimos contra os outros e vemos que a diferença é mínima”, argumentou.
“Hoje, não há jogos fáceis. Na última Copa do Mundo, sabem em que lugar ficou o Marrocos? Alguém diria que a Itália seria eliminada pela Macedônia do Norte? O futebol mudou muito nos últimos 10, 15 anos”, finalizou.
Onde assistir ao Mundial de Clubes?
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