35.5 C
Rondonópolis
sábado, 10 maio - 14:02
- Publicidade -
Publicidade
HomeTransportesMuseu dos Transportes Públicos Gaetano Ferolla (Museu da CMTC) não deve mais...

Museu dos Transportes Públicos Gaetano Ferolla (Museu da CMTC) não deve mais ser reaberto até o fim deste ano de 2024 e SPTrans ainda vai anunciar uma nova data


Já foram vários adiamentos. Espaço foi fechado em 2020

ADAMO BAZANI

Fechado desde 2020, na época da pandemia de covid-19, o Museu dos Transportes Públicos Gaetano Ferolla (Museu da CMTC) não deve ser mais reaberto até o fim deste ano de 2024, como havia anunciado a SPTrans (São Paulo Transporte) em resposta ao Diário do Transporte em julho.

Relembre:

Nesta terça-feira, 04 de dezembro de 2024, o Diário do Transporte voltou a procurar a SPTrans, responsável pelo espaço, sobre a data, já que até então, era prevista a reabertura para este ano.

Mas a gerenciadora, em nota, explicou ao Diário do Transporte que o prédio onde fica o museu tem idade avançada e que estão sendo finalizadas questões relacionadas à fachada, acessibilidade e estrutura. Segundo a SPTrans, um novo prazo ainda será estimado pelas equipes que trabalham na reforma.

Veja a nota na íntegra:

Os trabalhos na fachada do Museu dos Transportes Públicos Gaetano Ferolla SPTrans estão sendo finalizados, assim como as questões estruturais do prédio, que tem idade avançada de construção. A obra demanda cuidados especiais relativos a questões de acessibilidade e segurança e as equipes trabalham para concluir as novas pendências e estimar um novo prazo para conclusão e reabertura do Museu.

Por Adamo Bazani

Localizado na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital paulista, o espaço cultural foi fechado em 2020 durante a pandemia de covid-19.

Na oportunidade, foi iniciada uma reforma na estrutura.

A reabertura, que chegou a ser prometida para 2022 e depois para 2023, teve mudança de cronogramas, de acordo com a SPTrans ao Diário do Transporte. A reabertura prometida para até o fim de 2024 também foi adiada.

Originalmente, o museu tem mais de 1500 peças e veículos originais e raros, como bondes movidos por tração animal, bondes elétricos, bonde de manutenção, ônibus elétricos, o Fofão (ônibus de dois andares de Jânio Quadros), além de carros oficiais e um Ford T que percorreu as Américas para abrir a futura rodovia Pan-Americana na década de 1920.

A entrada sempre foi gratuita e, além de um espaço para os admiradores de veículos raros antigos, o Museu Gaetano Ferolla (Museu da CMTC) recebia estudantes e excursões em visitas educativas para mostrar como a cidade se desenvolveu com a ajuda dos transportes públicos.

Em seu portal, a SPTrans diz que o museu foi fundado por iniciativa do ex-funcionário da CMTC, Gaetano Ferolla, e enriquecido por doações de colecionadores e instituições. O museu foi inaugurado em 1985.

Gaetano Ferolla era desenhista técnico da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), que antecedeu a SPTrans no gerenciamento dos transportes da cidade de São Paulo e que operou parte do sistema de ônibus e trólebus.

Apaixonado por história, o profissional reuniu diversos materiais e conseguiu da prefeitura o espaço, montando o acervo.

Inicialmente, o local era chamado de Museu da Companhia Municipal de Transportes Coletivos. Um ano depois da morte da Gaetano Ferolla, em 1991, o museu recebeu seu nome em sua homenagem.

Abaixo, segue a relação de veículos que compõem o acervo do Museu:

Bonde de tração animal
Ano: 1872
Bonde elétrico aberto
Ano: origem 1900
Bonde fechado tipo Centex – (Gilda)
Ano: 1947
Bonde fechado tipo Camarão
Ano:  1927
Trólebus Grassi
Ano 1948
Trólebus Grassi Villares
Ano: 1958
Ônibus Executivo
Ano: 1977
Ônibus Double-Decker – Fofão
Ano: 1987
Bonde de transporte de areia (pátio externo)

Veículo de passeio Ford Landau – cor preta

Veículo de passeio Ford T

Veículo de passeio kombi vermelha (fiscalização)
Ano: 1987

ENTENDA A HISTÓRIA DA CMTC PELO PRIMEIRO BALANÇO FINANCEIRO DA COMPANHIA:

Documento oficial obtido pelo Diário do Transporte mostra exatamente como foi o momento de transição do sistema de transportes da capital paulista entre 1947 e 1948

ADAMO BAZANI

Independentemente das acaloradas discussões sobre se hoje empresas públicas de ônibus em metrópoles seriam viáveis ou não, não se pode negar um fato que a história confirma: a mobilidade não apenas no Brasil, mas em diversas partes do mundo, deve muito à CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) de São Paulo.

E não é exagero dizer mundo. Delegações de diversos países vinham ver como funcionava o que era uma das maiores empresas de transportes do planeta.

A CMTC não só operava ônibus, mas planejava todo o sistema paulistano, formava trabalhadores e até mesmo construída ônibus, como exemplos estão as parcerias para a produção de trólebus entre os anos 1960 e 1970, o modelo Mônika a partir de 1968 e o “Fofão”, ônibus de dois andares idealizado pelo então prefeito Jânio Quadros em 1987, depois continuado pela fábrica particular Thamco.

Muitos técnicos se formaram na CMTC e ainda atuam no mercado, seja em empresas privadas ou na SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema da capital paulista.

Um documento histórico oficial obtido pelo Diário do Transporte mostra o real contexto da criação da CMTC: o primeiro balanço financeiro anual da empresa.

A CMTC foi criada em 1946 especialmente para organizar e dar novos rumos aos transportes na cidade que já era uma metrópole para os padrões da época.

Os trilhos dos bondes da já desinteressada pelos serviços Light & Power não conseguiram acompanhar o rápido crescimento populacional e territorial de São Paulo.

Os serviços de auto-ônibus, espécies de jardineiras de madeira, eram desorganizados, com empresas de um ou dois veículos se digladiando pelos trajetos mais promissores.

A CMTC interveio em diversas empresas e tomou variadas linhas: um dos exemplos mais clássicos foi da Auto Viação Jabaquara, criada pelo major italiano Tito Mascioli para tornar atrativo o loteamento do mesmo nome na zona Sul de São Paulo, elaborado em parceria com seu cunhado, o agrimensor Arthur Brandi

Tito Mascioli chegou em 1947 a ocupar o cargo de diretor-tesoureiro da CMTC. O empresário não recebeu a indenização prometida pela prefeitura pela encampação, mas não desistiu dos transportes e, em 1947, comprou Empresa Auto Viação São Paulo-Santos Ltda que tinha sido criada em 02 de fevereiro de 1943. Por causa do desenho já existente na lataria, em 07 de maio de 1948 mudou o nome da companhia para Viação Cometa S.A., até hoje uma das mais importantes empresas do setor rodoviário.

O que muitos não sabem é que a CMTC era uma empresa de economia mista, assim como a SPTrans.

Seus sócios, entretanto, eram mais numerosos que hoje a SPTrans em seus quadros; fruto da encampação de empresas e ônibus em 1947.

De acordo com o balanço publicado em 24 de abril de 1948, eram vários sócios, entre os quais a Light e empresários de ônibus.

O documento revela dados importantes, dentre os quais, o Diário do Transporte destaca:

– LEIS E INÍCIO:

A criação da CMTC foi autorizada pelo decreto-lei estadual 15.958 de 14 de agosto de 1946 e pelo decreto-lei municipal 386 de 10 de outubro de 1946, sendo constituída por escritura-pública em 13 de março de 1947, na gestão do prefeito Abrahão Ribeiro.

Entre 01º e 10 de julho de 1947 recebeu o acervo dos bondes, trilhos e equipamentos da “The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited”.

No dia 10 de julho de 1947, ainda segundo o documento oficial obtido pelo Diário do Transporte, recebeu os veículos das empresas de ônibus.

O dia 11 de julho de 1947 foi considerado pelo balanço como o marco inicial da operação unificada dos serviços de transportes coletivos urbanos pela Companhia Municipal de Transportes Coletivos.

– A PRIMEIRA DIRETORIA DA CMTC:

Presidente: engenheiro Aldo Mário Azevedo

Vice-presidente: engenheiro Guilherme Ernesto Wintger

Tesoureiro: engenheiro Lício da Rocha Miranda

Secretário: Eurico de Azevedo Sodré

– SÓCIOS e CAPITAL:

O primeiro balanço da CMTC, de 28 de abril de 1948, obtido de forma oficial pelo Diário do Transporte, mostra que o capital social da CMTC era de Cr$ 250 milhões (cruzeiros), divididos em 1,25 milhão de ações nominativas do valor de Cr$ 200 cada uma, sendo 750 mil ordinárias e 500 mil preferenciais.

Na ocasião, as ações eram repartidas da seguinte maneira:

Ações Nominativas:

Governo do Estado de São Paulo: 100 mil ações

Municipalidade de São Paulo: 380 mil ações

The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited: 70 mil ações

Ações Ordinárias ao Portador:

Antigos Empresários de ônibus: 200 mil ações

Ações Preferenciais, Nominativas:

Municipalidade de São Paulo: 20 mil ações

Caixas Econômicas Estaduais: 250 mil ações

The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited: 230 mil ações

NÚMERO DE PASSAGEIROS:

Entre julho de 1947 (primeiro mês de operação da CMTC) e dezembro de 1947, segundo o documento oficial obtido pelo Diário do Transporte, foi transportado um total de 273 milhões 225 mil 2700 passageiros, sendo 186 milhões 953 mil 170 em bondes e 86 milhões 272 mil 109 passageiros pelos ônibus.

FROTA

Em 31 de dezembro de 1947, segundo o documento oficial obtido pelo Diário do Transporte, a frota da CMTC contava com 1745 unidades distribuídas em:

– 770 ônibus, sendo 595 transferidos de outras empresas, 61 transferidos da prefeitura, 49 adquiridos de empresas de ônibus, 30 GMC Coachs novos e 35 Aclos Novos

– 30 trólebus, sendo 6 Pullmann de 44 lugares, 20 Westram (que ainda estavam em montagem) e 4 AEC comprados na Inglaterra e até então não recebidos. Obs: Os trólebus ainda não estavam em operação.

– 730 bondes, sendo 601 para passageiros, 39 para cargas e serviços, 64 carros reboque para passageiros, 26 carros reboques de carga

Ainda havia na ocasião 215 chassis de ônibus adquiridos e não encarroçados, sendo 115 da marca “Aclo”e 100 da marca “Mack”

QUEBRA-QUEBRA CONTRA A TARIFA:

Em 01º de agosto de 1947, a prefeitura de São Paulo aplicou um novo reajuste da tarifa após anos de congelamento.

O ato ocasionou revolta na população que apelidou a CMTC, segundo a mídia na época, de CMTC – Custa Mais que Trinta Centavos.

Mas a revolta não ficou só no apelido. Houve um quebra-quebra generalizado e ataques a ônibus e bondes, que foram depredados e até incendiados.

O documento oficial obtido pelo Diário do Transporte traz um balanço dos ataques:  12 ônibus queimados; três bondes queimados; 58 ônibus depredados; 248 bondes depredados.

O balanço relata que a depredação consistiu em vidros e lâmpadas estilhaçados, dinheiro roubado; foram quebrados e roubados letreiros, cortinas, bancos, e caixas coletoras e registradoras.

EMPREGADOS:

Quando a CMTC passou a operar em julho de 1947, o quadro de funcionários era de 7362 empregados e, em 31 de dezembro de 1947, o número tinha subido para 7987 empregados.

Levando em conta a frota de 1745 veículos (entre ônibus, trólebus, bondes, carros-reboque de passageiros e cargas/serviços), a CMTC tinha em 31 de dezembro de 1947, segundo o documento oficial obtido pelo Diário do Transporte, a média era de 4,57 empregados por veículo.

Veja o documento oficial, mas seja honesto, se for compartilhar, compartilhe também o link com as informações, não só a imagem

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes





Fonte

RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments