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No domingo de Jornada do Patrimônio em São Paulo, 17 de agosto de 2025, passeio de trólebus vai contar história da cidade


Volta com guias turísticos e bate-papo será feita na linha deste modal mais antiga do Brasil que, ironicamente, empresa pediu para não ter mais trólebus

ADAMO BAZANI

Colaborou Yuri Sena

Neste domingo, 17 de agosto de 2025, acontece em São Paulo o segundo dia da Jornada do Patrimônio e uma das atrações será um passeio de trólebus gratuito, com guias turísticos e bate-papo.

O embarque deve ser feito pontualmente às 11h, no “Machadão”, na Rua Professor João Arruda, 57, em Perdizes.

A volta, que vai contar parte da história da cidade, será na linha de trólebus mais antiga da capital e, de quebra, do Brasil, inaugurada comercialmente em 1949, mas com testes dois anos antes, em 1947. A linha é 408 A-10 (Machado de Assis/Cardoso de Almeida).

De acordo com os organizadores, como o projeto Circulandoessepe, com o apoio da Literacomunicacao e da Associação dos Ex-Funcionários da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), antiga operadora e gestora pública de transportes, um dos objetivos é refletir sobre novas formas de perceber e usufruir a cidade

“Partiremos de Perdizes até a Aclimação, com uma parada de 20 minutos no restaurante Rancho Rio Doce (ponto final/Aclimação) – que preparou uma surpresinha para nossos circulantes! Lá, os viajantes poderão relaxar e utilizar toilettes. Logo após, embarcaremos novamente para o caminho de volta no mesmo ônibus, retornado a Perdizes. A duração do passeio de ida e volta será de aproximadamente de 2h30”.

A atividade tem apoio da atual gestora de transportes da cidade, SPTrans (São Paulo Transporte), e da operadora da linha, a Ambiental Transportes Urbanos, responsável pelo veículo e motorista.

Ironicamente, como mostrou o Diário do Transporte, na terça-feira, 12 de agosto de 2025, a mesma Ambiental pediu formalmente à SPTrans para deixar de operar trólebus na linha mais antiga de trólebus do Brasil definitivamente, colocando por modelos elétricos a bateria.

Relembre:

Um seminário que reuniu especialistas na última quinta-feira, 18 de agosto de 2025, no SEESP (Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo), na capital paulista, apontou que acabar com a rede de trólebus seria um erro e que, diversos países do mundo, aproveitam as infraestruturas de energia para alimentar diferentes modais em conjunto, como VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), metrôs, ônibus com baterias e, inclusive, trólebus.

Relembre:

Um destes especialistas, inclusive, Arnd Bätzner, que estuda mobilidade elétrica em todo o mundo e integra a UITP (União Internacional de Transporte Público), citou como exemplo positivo em diversos países, a tecnologia E-Trol, que consiste em um veículo que opera tanto com baterias quanto conectado à rede aérea, já largamente utilizado em diversas partes do mundo. No Brasil, há também essa tecnologia desenvolvida pela Eletra, em São Bernardo do Campo. Os veículos vão operar no corredor BRT-ABC, que está sendo construído entre as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo.

Relembre:

rede Respira São Paulo, uma organização não governamental formada por profissionais, membros da academia, técnicos e especialistas, revelou ao site um estudo inédito que mostra que não seria vantajoso para a capital paulista desativar a rede de trólebus em razão da implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) na região central.

Relembre: 

Trólebus vai acabar em São Paulo com a implantação do VLT (Bonde de São Paulo), diz Nunes em resposta ao Diário do Transporte e Enel promete energia para mais 2 mil ônibus – OUÇA

Como mostrou o Diário do Transporte em 23 de julho de 2025, durante a entrega de uma frota de ônibus elétricos a bateria, ao responder ao repórter Adamo Bazani, o prefeito Ricardo Nunes revelou que uma das intenções é que, com a implantação de duas linhas do “bonde de São Paulo” no centro, a rede de trólebus seja desativada. Nunes alegou que os custos de manutenção giram em torno de 30 milhões de reais e citou eventuais conflitos de infraestrutura entre os dois meios de transporte.

Relembre: 

Desativar trólebus por causa de VLT (Bonde de São Paulo) é um desperdício e vai na contramão do que mundo pratica, aponta estudo (ENTREVISTA e VÍDEO)

LINHA 408 A-10 – A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA CIDADE:

São Paulo já teve mais de 500 trólebus e poderia chegar a ter 1280 se o Plano Sistran (Sistema Integrado de Transportes), de 1975, elaborado pelo então secretário municipal de transportes da capital paulista, Adriano Murgel Branco, na gestão do prefeito Olavo Setúbal, fosse colocado integralmente em prática. Mas a partir do início dos anos 2000, ainda na gestão da prefeita Marta Suplicy, o sistema começou a ser desmantelado em ritmo mais intenso. Entre os “marcos do fim” esteve a desativação da rede do Corredor 9 de Julho/Santo Amaro, que deveria se tornar um “corredor verde”, somente com os trólebus, mas acabou se transformando em um “corredor de fumaça”, apelido dado por moradores e comerciantes. Em 25 de julho de 2025, o prefeito Ricardo Nunes, ao apresentar em primeira mão ao Diário do Transporte um novo modelo de ônibus elétrico, só que apenas com baterias, revelou a retomada de propostas de corredores verdes, em grandes eixos e o primeiro seria o 9 de Julho/Santo Amaro, o mais movimentado da cidade, com cerca de 700 mil passageiros por dia. Mas os trólebus ficaram de fora dos planos de Nunes. Relembre:

A 408 A-10 expressa o crescimento da cidade de São Paulo porque ao longo dos anos, a linha também cresceu. A ligação foi a primeira regular de ônibus não poluentes da cidade e começou a operar em 1949 pela empresa pública CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), com itinerário entre o bairro da Aclimação (Praça General Polidoro) e o centro (Praça João Mendes), substituindo os bondes da linha 16.

A cidade crescia e moradores, estudantes e comerciantes pediram a extensão da linha que em 1955 passou a fazer o trajeto entre a Praça General Polidoro e a Rua Cardoso de Almeida, na região de Perdizes. A linha neste ano de 1955 começou a ser identificada como 216.

O nome Machado de Assis/Cardoso de Almeida para linha foi dado em 1957, com uma extensão de quase 2 km em um dos extremos. Dez anos depois, após uma reformulação na malha de linhas municipais, em 1967, a numeração da linha passou de 216 para 916, mas o itinerário ficou quase o mesmo.

A identificação 408A-10 veio no início dos anos 1980, fruto da reformulação do sistema de linhas idealizada na década anterior por Adriano Branco como secretário de Transportes e Olavo Setúbal como prefeito

LINHA DEIXOU DE TER TRÓLEBUS EM DUAS OCASIÕES:

Símbolo dos trólebus e da mobilidade não poluente, a 408A-10 Machado de Assis/Cardoso de Almeida deixou de ter trólebus em duas ocasiões ao menos (sem contar com desligamentos de rede e desvios de rotas de forma temporária e rápida).

Uma delas foi de 1975 a 1982 por causa de mudanças de mão de direção em vias da região da Vila Buarque, parte do trajeto, até a readequação da fiação aérea. A outra ocasião foi em 1993, ainda como CMTC, para a construção de um piscinão no Pacaembu que provou desvios no itinerário. O retorno dos trólebus ocorreu somente em 1996. As CMTC já tinha sido privatizada e os serviços eram de responsabilidade da empresa Eletrobus.

A descrição do passeio na programação oficial mostra a importância histórica da linha:

“É uma experiência turística diferente, imersiva e sustentável tendo como cenário a cidade de São Paulo. Desfrute do itinerário que conta parte da história de São Paulo – do Centro Histórico às ruas emblemáticas, bairros interessantes como Higienópolis, Liberdade e Aclimação, com destaque para lugares de memória identificados pelas Placas de Memória Paulistana. Neste passeio, conduzido por guias e muito bate-papo, vamos refletir juntos sobre novas formas de perceber e usufruir a cidade”.

Veja o vídeo do passeio:

O trajeto atual da linha, de acordo com a SPTrans, é:

PÇA. ROSA ALVES DA SILVA 321 – 352
R. GUIMARÃES PASSOS 320 – 217
R. DR. RAFAEL CARAMURU LANZELLOTI 116 – 1
R. JOSÉ DO PATROCÍNIO 268 – 459
R. MACHADO DE ASSIS 0 – 534
R. PAULA NEI 371 – 614
R. TOPÁZIO 1001 – 1
PÇA. GEN. POLIDORO 175 – 39
AV. TURMALINA 219 – 1
AV. DA ACLIMAÇÃO 323 – 1
R. PIRES DA MOTA 486 – 238
R. BUENO DE ANDRADE 577 – 1
R. TAMANDARÉ 1 – 39
R. DA GLÓRIA 1012 – 841
R. CONS. FURTADO 780 – 377
VIAD. SHUHEI UETSUKA 58 – 1
R. CONS. FURTADO 376 – 2
R. ANITA GARIBALDI 1 – 90
PÇA. CLOVIS BEVILAQUA 1 – 387
R. ROBERTO SIMONSEN 173 – 87
R. VENCESLAU BRÁS 110 – 1
PÇA. DA SE 0 – 0
LGO. PATEO DO COLÉGIO 0 – 134
VIAD. BOA VISTA 1 – 230
R. BOA VISTA 43 – 390
LGO. S. BENTO 1 – 58
R. LÍBERO BADARÓ 0 – 256
VIAD. DO CHÁ 1 – 258
PÇA. RAMOS DE AZEVEDO 300 – 496
R. CONS. CRISPINIANO 275 – 410
LGO. PAISSANDU 0 – 0
AV. S. JOÃO 465 – 674
AV. IPIRANGA 709 – 807
PÇA. DA REPÚBLICA 400 – 191
R. MQ. DE ITU 1 – 897
R. SABARÁ 1 – 242
R. MARANHÃO 147 – 765
R. ARACAJU 95 – 272
PÇA. VILABOIM 2 – 172
R. ARMANDO PENTEADO 1 – 70
R. ALAGOAS 841 – 0
PÇA. CHARLES MILLER 51 – 154
AV. ARNOLFO AZEVEDO 2 – 380
R. ZEQUINHA DE ABREU 1 – 432
R. CARDOSO DE ALMEIDA 0 – 1738
R. JOSÉ DE FREITAS GUIMARÃES 1069 – 433
R. PROF. JOÃO ARRUDA 1 – 60

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes





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