Publicado em: 19 de dezembro de 2024
Prefeito disse que, com aumento do dólar e inflação, custos de operação dos transportes vão ser pressionados
ADAMO BAZANI
Colaboraram Yuri Sena e Vinícius de Oliveira
Mesmo sem bater o martelo oficialmente, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, praticamente cravou nesta quinta-feira, 19 de dezembro de 2024, que em 2025 não vai ter jeito: a tarifa de ônibus vai aumentar. Não há reajuste no valor da passagem desde janeiro de 2020. Desde então, a inflação acumulada é de, aproximadamente, 32%. Se fosse aplicado integralmente, o índice elevaria o valor atual de R$ 4,40 para algo em torno de R$ 5,80.
De forma protocolar, Ricardo Nunes até falou que faz um esforço para o congelamento, mas que, com o aumento do dólar e a piora em relação às perspectivas de inflação para 2025, se não houver reajuste na tarifa de ônibus, outras áreas da podem ficar sem dinheiro e os transportes da cidade podem até colapsar.
*“Se a economia tivesse melhorado e não tivesse risco de inflação, eu poderia até bater o martelo aqui que não haveria aumento de tarifa. Mas, com esse cenário econômico nacional tão ruim e que a gente tem visto, por todos os analistas, que não deve ser bom, a gente precisa ter uma situação de não ter risco de tirar o dinheiro da educação, da habitação, pra levar pro transporte (…) qual que é o medo hoje? É explodir a inflação e a gente colapsar o sistema de transporte”* – disse em entrevista coletiva.
Entretanto, Nunes garantiu, como já tinha declarado anteriormente, que o aumento será num índice menor que a inflação acumulada desde janeiro de 2020.
*Então, com certeza, não terá aumento real de hipótese alguma. Reposição da inflação não será 32%, né? Se, por um acaso — eu ainda estou no esforço de manter a tarifa congelada, sem ter o aumento de R$ 4,40 — mas, se por acaso não conseguir, será bem menor, inclusive da reposição da inflação, bem a menos de 32%*
Ainda não foi definido, entretanto, se como em anos anteriores as tarifas de ônibus municipais de São Paulo e do sistema de trilhos serão as mesmas.
Na virada de 2022 para 2023, contrariando uma série histórica de reajustes e valores em conjunto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aumentou o valor da passagem de trem e do metrô de R$ 4,40 para R$ 5, depois de três anos de congelamento, enquanto a tarifa dos ônibus gerenciados pela SPTrans (São Paulo Transporte), na capital paulista, permaneceu em R$ 4,40.
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VEJA A DECLARAÇÃO NA ÍNTEGRA:
A inflação foi de 32% nesse período. Eu estou há quatro anos sem fazer a correção do transporte, num esforço grande com relação à questão de incentivar o transporte coletivo e de incentivar o transporte individual.
Tem um agravante nesse processo, que está hoje em todos os jornais. É a questão da economia do país. Quando você tem um dólar explodindo a mais de seis, isso impacta no diesel. Quando você tem uma inflação que vai ser acima da meta, a gente tem problemas com relação à questão da tarifa e de manter o transporte.
Então, o que a nossa equipe está analisando hoje, com muito detalhe, são essas ruins sinalizações do mercado com relação à inflação de 2025 e o aumento do dólar.
Se a economia tivesse melhorado e não tivesse risco de inflação, eu poderia até bater o martelo aqui que não haveria aumento de tarifa. Mas, com esse cenário econômico nacional tão ruim e que a gente tem visto, por todos os analistas, que não deve ser bom, a gente precisa ter uma situação de não ter risco de tirar o dinheiro da educação, da habitação, pra levar pro transporte.
Então, com certeza, não terá aumento real de hipótese alguma. Reposição da inflação não será 32%, né? Se, por um acaso — eu ainda estou no esforço de manter a tarifa congelada, sem ter o aumento de R$ 4,40 — mas, se por acaso não conseguir, será bem menor, inclusive da reposição da inflação, bem a menos de 32%.
A conta que a gente faz é diferente. Qual é a expectativa que eu vou ter de receita e despesa pro ano vindouro? Eu tenho um orçamento de 6,2 bilhões já reservados, o subsídio da tarifa, mas a gente precisa ver se, durante o processo, eles não têm aumento de tarifa no meio do ano.
Então, eu tenho que fazer uma previsão meio futurista. O medo hoje, qual que é o medo hoje? É explodir a inflação e a gente colapsar o sistema de transporte.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaboraram Yuri Sena e Vinícius de Oliveira