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ônibus da SPTrans e EMTU não se conversam ainda


Tarcísio discursa em vídeo na cerimônia de posse de Nunes

Eletrificação de frotas poderia ser em conjunto, metrô e ônibus poderiam se complementar de forma mais eficiente e Sacomã poderia ser um polo para um novo sistema de transporte não poluente entre capital e o ABC

ADAMO BAZANI

Colaborou Vinícius de Oliveira

Na cerimônia de posse do segundo mandato do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que ocorreu no início da noite desta quarta-feira, 1º de janeiro de 2025, no Theatro Municipal, o governador Tarcísio de Freitas não compareceu pessoalmente, mas enviou um vídeo pelo qual elogiou a vitória de Nunes nas eleições, falou sobre o que considerou conquistas da primeira gestão e ainda prometeu parceria em diversas áreas, entre as quais, a mobilidade urbana.

“Estejam certos que vocês contarão com o Governo de São Paulo em todos os momentos. Seremos parceiros na mobilidade urbana, no saneamento básico, na educação, na saúde, na promoção do desenvolvimento social, na transformação urbana. Então conte com nossa equipe, que a gente possa continuar com essa parceria que tem dado certo” – disse Tarcísio na mensagem gravada para a posse de Nunes.

Apesar de operações e projetos em conjunto, muitos dos quais de há várias gestões passadas, como a aceitação do Bilhete Único no sistema de trilhos e a integração de valores tarifários entre os ônibus municipais e os trens e metrô, há ainda muitas ações que, se tomadas, facilitariam muito a vida de quem se descola de transportes coletivos e só poderiam ocorrer por parcerias de fato entre o Governo do Estado e Prefeitura.

Mas, apesar de discursos e até estudos iniciados, ainda não há nem sinal de saírem do papel.

Entre estas ações estão a integração tecnológica e tarifária entre SPTrans e EMTU, uma melhor readequação da malha de ônibus para que SPTrans e Metrô se complementem de forma mais eficiente, a eletrificação de frotas de ônibus poderia ocorrer em conjunto e o Terminal Sacomã, que vai unir um BRT que virá do ABC Paulista e o Expresso Tiradentes, da capital, poderia ser um polo para um novo sistema de transporte não poluente.

*EMTU e SPTrans não se conversam ainda*: Se os trilhos aceitam o Bilhete Único da capital há vários anos, o mesmo não ocorre entre os ônibus municipais gerenciados pela SPTrans na capital paulista e os intermunicipais do gerenciados pelo Governo do Estado de São Paulo pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). O mesmo passageiro que usa SPTrans e EMTU precisa ter dois cartões: o Bilhete Único e o TOP, respectivamente. O pior, as tarifas, na maior parte destes dois sistemas não são integradas e o usuário é obrigado a pagar duas passagens cheias, uma para a EMTU e outra para a SPTrans. Do ponto de vista tecnológico, é possível integrar, mas há restrições contratuais entre as duas empresas de bilhetagem, o que poderia ser ajustado com uma ação conjunta de Estado e Prefeitura. A integração poderia proporcionar um redesenho na malha de linhas municipais e intermunicipais que seria benéfico para os dois sistemas.

*Trilhos e ônibus poderiam se complementar melhor*: Apesar de ter integração tarifária e de bilhetagem entre os sistemas de trilhos e da SPTrans; metrô, trens e ônibus poderiam se complementar melhor. E isso vai além do fato de que metrô/trem e ônibus ainda “concorrem” em vários trechos. Há várias conexões entre bairros mais afastados principalmente e estações que ainda inexistem. Exemplos são nas regiões de Capão Redondo, Grajaú, na zona Sul, Brasilândia e Perus, na Noroeste, e Cidade Tiradentes, na zona Leste. Uma reorganização de linhas e horários, com ofertas maiores e ligações diretas nos horários de pico, poderia evitar que as pessoas demorassem muito na viagem de seus bairros até a estação de trem e metrô mais próximas.

*Eletrificação de frotas poderia ter parcerias reais*: A capital paulista avança muito abaixo da meta na eletrificação de frota de ônibus. De 2,6 mil coletivos elétricos prometidos para até o fim de 2024, em janeiro de 2025, não são sequer 300 a bateria, principalmente pela falta de infraestrutura nos bairros onde ficam as garagens. Mas se o sistema da prefeitura não cumpriu as metas, o sistema gerenciado pela EMTU nem meta sequer tem de eletrificação. Uma parceria neste sentido poderia ajudar ambos. Isso porque, alguns operadores de ônibus da capital também operam a EMTU, como o Grupo NSO (Nossa Senhora do Ó), que reúne companhias como a viação Santa Brígida, da capital paulista, e Auto Viação Urubupungá e Viação Cidade de Caieiras, do sistema EMTU. Além disso, alguns bairros fora da capital, que ficam perto dos limites da cidade e poderiam ser fornecedoras de energia, enfrentam menos problemas de infraestrutura de distribuição. Por este motivo, por exemplo, que a Auto Viação Transcap, que opera o sistema da cidade de São Paulo, foi autorizada a instalar uma garagem em Taboão da Serra, perto do limite. Uma integração de planejamento entre Estado e Prefeitura para eletrificação de frota poderia baratear e dar mais eficiência.

*Sacomã poderia ser “hub” de transporte não poluente*: Ainda na área de descarbonização do transporte, um sistema de corredores de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) que está sendo construído no ABC e vai terminar no terminal Sacomã, já na capital paulista, poderia compartilhar uma tecnologia de ônibus que une no mesmo veículo as tecnologias trólebus e bateria (E-Trol) com o Expresso Tiradentes, que também é um corredor, termina no Sacomã, mas é de gestão municipal. Como é totalmente separado do trânsito, o corredor Expresso Tiradentes poderia comportar a rede aérea sem tanto impacto visual e traria vantagens, já que o E-Trol pode ser 30% mais barato que os modelos de ônibus somente a baterias e dispensa a necessidade de infraestrutura de carregamento em garagens, uma vez que carrega enquanto está conectado aos fios. O compartilhamento poderia reduzir custos para as operadoras do sistema da EMTU (NEXT Mobilidade) e da SPTrans (Via Sudeste) e, consequentemente, menos aporte de dinheiro público e tarifa para remunerar estas duas empresas de ônibus, que são de grupos diferentes.

Estes são apenas alguns exemplos de benefícios que uma parceria entre Prefeitura e Estado, que deve ir além de uma parceria entre Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, poderia trazer de bom para a mobilidade.

Veja vídeo do discurso

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes





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