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Ônibus elétrico provoca um salto na qualidade de vida dos motoristas


Juscélia Garcia, treinadora na Transcap e o motorista Sérgio Basque

Para Marcello Schneider, Diretor de Veículos Comerciais da BYD Brasil, a questão mais ampla do impacto da eletrificação do transporte urbano é um aspecto que merece ser destacado: o conforto dos profissionais

FÁTIMA MESQUITA, ESPECIAL PARA O DIÁRIO DO TRANSPORTE

Colaborou Alexandre Pelegi

Dirigir um ônibus dia após dia, ano após ano pode ser uma paixão para muitos motoristas, mas várias pesquisas mostram que a atividade também é mestra em produzir desgastes físicos. E dentre os culpados os especialistas apontam para o calor, a vibração excessiva, o barulho, os assentos poucos confortáveis e o esforço repetitivo de mãos e pés em veículos com marcha manual.

Juscélia Garcia, que foi motorista de ônibus e hoje é treinadora na empresa de transporte urbano paulistana Transcap, revela, porém, que o conforto trazido pela introdução dos ônibus elétricos tem chamado a atenção dos profissionais do volante: “Aqui na Transcap a maioria dos motoristas quer aprender e fazer a transição porque eles sabem que vai ter um retorno, né? Porque muito motorista tem problema de coluna, problema de ombro, joelho, devido ao esforço que precisa, né? E eles sabem que o ônibus elétrico traz uma comodidade, um conforto para eles trabalharem com mais tranquilidade. Então, todos eles querem ter a oportunidade de dirigir o elétrico”.

A Transcap recebeu seus primeiros ônibus elétricos em setembro do ano passado, deu o treinamento com aulas teóricas e práticas para o seu plantel e logo colocou os veículos para rodar em suas linhas no sudoeste da capital paulista.

Segundo a treinadora Juscélia Garcia, a turma toda se adaptou prontamente às novas máquinas, até mesmo os que tinham tendência a agir como “cupim de ferro”: “Esse é o cara que fica muito com a mão no câmbio, que apoia o pé na embreagem, que não troca a marcha no tempo certo, que acelera demais e depois freia muito em cima dos obstáculos. Mas como o elétrico muda muito tudo isso, o motorista se acalma e se adapta muito bem”.

Motorista comemora melhora na qualidade de vida

Com 25 anos de carreira e sem nenhum traço de “cupim de ferro“, o motorista Sérgio Basque não pensou duas vezes quando a Transcap, ofereceu seu primeiro treinamento para a condução de ônibus elétrico.

Basque  conta com orgulho que já dirigiu de tudo na sua trajetória e foi uma testemunha da evolução dos veículos: “Comecei com uma Kombi, comprei uma van, fiz parte da Unicoopers e aí participei da licitação que teve muitos anos atrás e que regularizou a nossa situação de alternativo. Foi um processo e eu estou aqui até hoje. Então, nesse tempo todo, vi os ônibus se aperfeiçoando, melhorando e aí a chegada do ônibus elétrico com ar-condicionado, wi-fi, todo um conforto para o usuário e para o motorista”.

Uma característica importante das empresas que surgiram das cooperativas é que muitos dos seus motoristas são donos dos seus próprios ônibus.  O Sérgio Basque é um deles, mas abriu mão de dirigir o veículo de sua propriedade para abraçar com entusiasmo o volante de um dos vários BYD DW9 com carroceria Caio que a Transcap adquiriu.

O elétrico é um carro diferenciado e muito bom de dirigir. É menos cansativo. Menos barulho, a trepidação que não tem. E você sente o conforto. Tem suspensão a ar. Não tem aquele calor porque tem um ar-condicionado bom, wi-fi, o banco é bom, o carro é mais baixo e as pessoas sobem com facilidade. Você também não tem que ficar cambiando o carro, porque ele é automático. É isso tudo, graças a Deus, mudou a vida da gente para melhor.”

A Juscélia concorda com o Sérgio de que as coisas estão melhorando e está curiosa para ver o que o novo nível de conforto e facilidade de direção dos elétricos vai trazer no futuro: “Aqui na empresa, não demora muito e vamos estar com tudo 100% elétrico. Isso vai se refletir daqui na saúde dos motoristas daqui a alguns anos. Não vamos mais ter aqueles casos de sempre ter gente afastada por problema de coluna, nervo ciático, tendinite, joelho. O motorista vai ganhar mais qualidade de vida.

Os pequenas grandes impactos

Para Marcello Schneider, Diretor de Veículos Comerciais da BYD Brasil, a questão mais ampla do impacto da eletrificação do transporte urbano é mesmo um aspecto que merece ser destacado: “Sem fumaça, sem barulho, sem trepidação, o ônibus elétrico traz um novo patamar de qualidade de vida para todo esse ecossistema: o pedestre, o usuário do transporte público, o motorista e a família do motorista. Um tempo atrás um motorista em Campinas que estava dirigindo um ônibus elétrico falou pra gente como era ótimo não trocar marcha, não ficar sentado em cima do motor, como ele saía do trabalho muito mais inteiro. Mas o mais impressionante foi a mulher dele dizer que o marido chegava em casa bem menos estressado, mais disposto a brincar com os filhos, a sair para fazer alguma coisa”. E Schneider arremata: “Às vezes tem coisas que a gente não mede, mas que são extremamente importantes”.

Fátima Mesquita é jornalista e escritora, e consultora da ANTP





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