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Ônibus elétrico; São Paulo é líder, mas não pode ser usado como parâmetro para o Brasil. Bom exemplo e frustração


Ônibus Elétrico na Grande Vitória; Diário do Transporte fez a cobertura

PAC e política podem ajudar ônibus elétricos no Brasil, mas infraestrutura é “choque” de realidade

ADAMO BAZANI

O Diário do Transporte mostrou dados exclusivos da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) que revelam que os ônibus elétricos no Brasil deixam de ser uma tendência e passam a ser realidade.

Somente em 2025, foram mais emplacamentos que somados os anos de 2022 e 2023 e em quatro meses, quase todos os licenciamentos de 2025.

Relembre:

Mas, apesar de os números serem reais e otimistas, há ressalvas importantes.

Dos 642 ônibus citados no levantamento, 528 são da capital paulista (número atualizado pela SPTrans, gerenciadora do sistema de São Paulo), ou seja,  81% do volume.

São Paulo é um caso à parte e não pode ser usado como parâmetro para o Brasil e, mesmo assim,  a eletrificação até o momento frustrou. O maior sistema de ônibus da América Latina tem dinheiro para ônibus elétricos (o modelo de financiamento,  com o pagamento de toda a cadeia de fornecedores só quando o ônibus está nas ruas, gerou polêmica, com montadoras dizendo que entregaram os veículos e não receberam, mas falta de dinheiro não é o problema). Só em linhas de crédito,  são R$ 5,75 bilhões obtidos pela prefeitura junto a diversas instituições bancárias nacionais e internacionais.

Há uma legislação com metas obrigatórias de redução de poluentes, com o prefeito Ricardo Nunes que mostra disposição em cumprir.

As outras cidades e Estados não têm nada disso concretamente ainda.

Desde 17 de outubro de 2022, as empresas de transportes não podem mais comprar ônibus a diesel.

E aí começam os problemas.  A proibição veio antes da infraestrutura suficiente para atender o que a prefeitura havia previsto.

Com 528 ônibus a bateria rodando em maio de 2025, o número não atinge à meta de 2,6 mil coletivos elétricos estipulada em 2021 pela prefeitura para ser atingida até 31 de dezembro de 2024.

Muitos especialistas e o mercado perguntam: não seria melhor primeiro preparar a infraestrutura de recarga e distribuição de energia e depois proibir o diesel,  ou proibir parcialmente para tudo ser gradativo no tempo certo?

Há quase 100 ônibus elétricos ainda parados nas garagens sem poder rodar, a Mercedes-Benz levou um “calote” (ressalva para o termo calote) de R$ 300 milhões e o pior,  o passageiro sofre com o envelhecimento da frota diesel atual que, como não pode ser trocada,  teve a idade máxima ampliada de 10 anos para 13 anos.

É inegável que São Paulo é um bom exemplo SIM para o País: criou legislações,  foi atrás e viabilizou recursos e tem vontade política.  Mas poderia fazer tudo de forma mais técnica, menos política e gradativamente com mais pés no chão.

A ABVE vê em políticas públicas que começam a se desenhar em outras cidades e estados, e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, do Governo Federal, que vai financiar 2,5 mil ônibus elétricos no Brasil,  como fatos reais positivos para a eletrificação.  E é verdade mesmo.

Porém, apesar de mais da metade dos R$ 10,6 bilhões do PAC para renovação de frota ser para ônibus elétricos, a verdade: 2,5 mil coletivos e esse volumão de dinheiro não são nada para se falar em política nacional de eletrificação ou “descarbonização”. Falta no Brasil tudo que falta em São Paulo e também falta o dinheiro

Mas a infraestrutura,  a falta de capacitação técnica de distribuidoras e até operadores de transportes são problemas que se não foram ainda resolvidos na endinheirada e capacitada São Paulo, são mazelas maiores em outras cidades.

Só entrar numa garagem…Os bairros no entorno são “cheios de gatos nos postes e redes velhas” e o pessoal da empresa não sabe nem como é ligar um ônibus elétrico e nem como apagar incêndio caso uma facção criminosa mande atear fogo.

O Diário do Transporte apoia a mobilidade menos poluente, mas até para o bem da eletrificação dos ônibus,  vale a pena pensar

PAC SELEÇÕES

O segmento de ônibus elétricos tende a ganhar escala nos próximos anos, isso porque o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções, por meio da modalidade “Renovação de Frota”, está promovendo a modernização do transporte público em diversos municípios brasileiros.

Com um investimento total previsto de R$ 10,6 bilhões, o programa visa a aquisição de 2.529 ônibus elétricos, 2.782 ônibus Euro 6 e 39 veículos sobre trilhos, contribuindo para a eficiência energética e a redução das emissões de CO₂ nas cidades.

A iniciativa contempla 61 municípios e 7 estados, priorizando a melhoria da qualidade de vida urbana e o fortalecimento da indústria nacional.

Os recursos serão utilizados para substituir veículos antigos por modelos mais modernos e sustentáveis, alinhando-se às metas de descarbonização e à promoção de uma mobilidade urbana mais eficiente.

Dentre os municípios beneficiados, destacam-se cidades como: Campinas, com 265 ônibus elétricos; Uberlândia, com 216; Porto Alegre, com 100; e e Salvador, com 94.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 





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