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Ônibus elétricos ganham força e já somam mais de US$ 4,4 bilhões em investimentos na América Latina, diz relatório da parceria ZEBRA


Red Movilidad – Chile

Relatório mostra avanço acelerado da transição energética em grandes capitais e aponta próximo desafio: levar a eletrificação para cidades médias e pequenas

ALEXANDRE PELEGI

A eletrificação do transporte público avança de forma inédita pela América Latina e consolida um novo marco: já são mais de US$ 4,4 bilhões investidos em ônibus de zero emissões, segundo relatório da Parceria ZEBRA (Zero Emission Bus Rapid-deployment Accelerator). O documento, que reúne dados de Brasil, Chile, Colômbia e México, indica que a região vive uma das transições mais rápidas do planeta rumo a frotas limpas, silenciosas e menos poluentes.

O movimento é puxado por grandes centros urbanos — Santiago, São Paulo e Bogotá, que juntos representam quase 75% de todo o volume aplicado. Em 2019, eram pouco mais de 1,3 mil ônibus elétricos circulando nas principais cidades latino-americanas. Em 2025, o número passa de 7 mil veículos, resultado direto de programas estruturados de financiamento e da entrada robusta de investidores privados e multilaterais.

De acordo com o relatório, instituições como BNDES, Banco Mundial, BID, BNP Paribas e Société Générale se tornaram protagonistas no crédito de larga escala. No campo do capital, VG Mobility, Enel X, Infrabridge, Kaufmann e John Laing concentram quase 80% dos aportes realizados na região, viabilizando modelos de negócio que permitem expansão rápida da infraestrutura e da frota elétrica.

Para ilustrar a visão dos especialistas citados no estudo, a diretora do City Finance Programme da C40, Claire Markgraf, afirma que a meta de consolidar um volume bilionário de investimentos deixou de ser um sonho distante:

“Quando a coalizão se comprometeu a alcançar US$ 1 bilhão em investimentos, essa meta parecia um sonho otimista. Agora, com as crescentes frotas de ônibus elétricos nas ruas, temos a certeza de que assegurar financiamento para projetos de zero emissões é fundamental para ampliar o potencial da eletrificação nos próximos anos.”

Já Pedro Henrique Marques, chefe do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES, reforça o papel do banco na transição energética brasileira:

“Acreditamos que a mobilidade sustentável é fundamental para o futuro das cidades. Desde 2023, aprovamos R$ 3,9 bilhões para 1.700 ônibus elétricos, o que nos coloca como maior financiador desse modelo na América Latina.”

No lado do investimento privado, Jean-François Joachim, CFO da VG Mobility, destaca a replicabilidade dos modelos implantados:

“Estamos implementando um modelo de negócios que pode ser facilmente replicado em diferentes regiões da América Latina, realizando 100% do investimento em frota e infraestrutura e entregando projetos turnkey para cidades e operadores.”

Além de reduzir emissões e ruídos, a eletrificação tem ampliado a qualidade do serviço, com viagens mais estáveis e previsíveis. Para especialistas citados na publicação, o avanço do financiamento demonstra maturidade do mercado e eleva a confiança de operadores e gestores públicos na migração para tecnologias limpas.

O desafio agora é encurtar a distância entre as grandes metrópoles e municípios de médio porte. A Parceria ZEBRA tem atuado junto a governos nacionais — como os ministérios do Brasil, Chile, Colômbia e México — para estruturar projetos que permitam à eletrificação chegar a cidades menores, onde o impacto ambiental e social tende a ser igualmente expressivo.

Para o BNDES, que sozinho já aprovou R$ 3,9 bilhões para a compra de 1.700 elétricos no Brasil desde 2023, a transição é estratégica: reduz emissões, melhora o ar das cidades e impulsiona desenvolvimento tecnológico e social. Também segundo o relatório, a instituição ocupa hoje a posição de maior financiador de ônibus elétricos da América Latina, com participação de 12% nesse mercado.

Com investimentos crescentes, a região se aproxima de um ponto de virada, afirma o relatório. Se, durante a COP26, atingir US$ 1 bilhão em aportes parecia objetivo distante, a marca de 2025 indica que a eletrificação já deixou de ser tendência e se tornou um caminho irreversível no transporte urbano latino-americano.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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