Publicado em: 10 de dezembro de 2025

Empresários de ônibus chegaram a mandar uma carta ao sindicato dos funcionários pedido mais prazo para depositar benefício porque não sabiam quanto viações receberiam na revisão quadrienal dos contratos. Depois de reunião com Nunes recuaram e admitiram que carta foi um erro
ADAMO BAZANI
Os ônibus na cidade de São Paulo operam normalmente nesta quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, de acordo com a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia o sistema pela prefeitura.
Todas as garagens e terminais têm movimento normal para o horário.
Situação bem diferente em relação ao caos vivido por quem depende de transportes na tarde e noite de terça-feira (09), que foi pego de surpresa por uma paralisação de motoristas, cobradores e demais funcionários do sistema de transportes por ônibus municipais.
Como mostrou em primeira mão o Diário do Transporte, a paralisação só terminou no fim da noite, após uma reunião convocada às pressas pelo prefeito Ricardo Nunes chamando donos das viações e representantes do sindicato dos trabalhadores. Nunes chegou a dizer que poderia romper os contratos (caducidade) com as empresas que não pagassem os 13º salários dos funcionários
Os empresários de ônibus chegaram a mandar uma carta ao sindicato dos funcionários pedido mais prazo para depositar benefício porque não sabiam quanto viações receberiam na revisão quadrienal dos contratos. Depois de reunião com Nunes recuaram e admitiram que carta foi um erro.
Veja todo o histórico abaixo:
OUÇA AS ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA APERTANDO O PLAY (PREFEITO NUNES, CESÁR AUGUSTO FONSCECA – SAMBAÍBA, WALDEMIR SANTOS – MOLEQUE-SINDICATO – ADAMO BAZANI)
Chegou ao fim a paralisação surpresa de motoristas e demais trabalhadores do sistema de ônibus da cidade de São Paulo.
O anúncio foi feito pelo prefeito Ricardo Nunes na noite desta terça-feira, 09 de dezembro de 2025, após reunião que convocou com representantes das empresas de ônibus e do sindicato dos funcionários.
No encontro, os empresários se comprometeram a pagar o 13º no dia 12 de dezembro de 2025.
VEJA NOS VÍDEOS ABAIXO:


Por volta de 16h desta terça-feira (09), a maior parte da frota começou a ser recolhida porque as viações enviaram ao sindicato da categoria trabalhista pedindo mais prazo para pagar os 13º salários dos funcionários. Os depósitos tinham sido anunciados para ocorrer até 12 de dezembro de 2025.
As viações disseram que não teriam certeza de que teriam dinheiro para realizar os pagamentos porque não saberiam o quanto iriam receber na revisão quadrienal para reajustar a remuneração que recebem da prefeitura pelos contratos.
O TCM (Tribunal de Contas do Município) julga nesta quarta-feira (10) o atraso alegado pelas viações em relação a esta revisão que deveria ser feita pela prefeitura.
A tarde e a noite foram de caos, afetando diretamente no período, cerca de 3,3 milhões de passageiros. Para piorar, estava chovendo forte em alguns períodos e as linhas de trens 7-Rubi, 11-Coral e 13-Jade registraram problemas de sinalização, com interrupções parciais (no caso da 13) e velocidade reduzida.
O congestionamento bateu recorde em 2025, beirando a 1,5 mil km, de acordo com a mais recente metodologia da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O rodízio municipal de veículos, somente para o período de 17h às 20h, foi suspenso nesta terça-feira (09), para os carros de placas com finais 3 ou 4.
A circulação em faixas e corredores de ônibus por parte de veículos comuns continuou proibida.
O preço das corridas por veículos de aplicativos disparou. Viagens que, habitualmente seriam em torno de R$ 30 em dias de chuva saltaram para cerca de R$ 200, devido à alta procura.
Mais cedo, o prefeito Ricardo Nunes disse que as questões relativas à revisão quadrienal da remuneração dos contratos não são motivos de as empesas atrasarem suas obrigações trabalhistas e que o não pagamento do 13º dos trabalhadores era uma forma de os donos das viações tentarem pressionar para receberem dinheiro.
O prefeito disse que foi registrado um boletim de ocorrência contra as empresas e anunciou que iniciaria processos de intervenção e rompimento de contratos contra as empresas que não pagassem seus trabalhadores. Nunes também disse que multaria e acionaria judicialmente as empresas de ônibus.
Em nota, a Prefeitura resumiu o conteúdo da reunião.
A greve que paralisou 15 das 32 empresas do sistema de ônibus de São Paulo nesta terça-feira (9) chegou ao fim após uma reunião de emergência convocada pelo prefeito Ricardo Nunes, que exigiu responsabilidade das concessionárias e a imediata retomada do serviço. No encontro, realizado no gabinete do prefeito, ficou acordado que o transporte coletivo seria restabelecido imediatamente e que todas as empresas pagarão o 13º salário dos motoristas e cobradores no dia 12 de dezembro.
Ricardo Nunes classificou o dia como “muito difícil e triste para a população” e afirmou que a Prefeitura não admitirá novas quebras de compromisso. “A empresa que não honrar o pagamento do 13º no dia 12, será notificada no dia 13 para início imediato do processo de caducidade. Ela será retirada do sistema”, declarou. O prefeito reiterou que não há atrasos por parte da Prefeitura nos repasses às concessionárias e que “a remuneração é feita rigorosamente com base no contrato”.
A paralisação foi provocada pela divulgação de uma carta assinada por alguns empresários solicitando a postergação do pagamento do 13º salário, documento que gerou forte reação da categoria. Na reunião, os representantes do setor reconheceram que o texto foi um erro. “Foi um mal-entendido da nossa parte”, afirmou César Augusto da Fonseca, porta-voz dos empresários. “Nós vamos pagar dia 12, como acordado.”
O presidente do Sindicato dos Motoristas, Valdemir dos Santos Soares, agradeceu a mediação do poder público e disse que a categoria voltaria às garagens ainda na noite desta segunda-feira. “Quero agradecer ao prefeito Ricardo Nunes por intermediar essa discussão e garantir os direitos dos trabalhadores. Os passageiros não têm nada a ver com isso e acabaram pagando uma conta cara.”
Ricardo Nunes reforçou que, apesar de a negociação trabalhista não ser uma atribuição direta da Prefeitura, a gravidade da situação exigiu sua intervenção imediata. “Fiz questão de trazer todos para a minha sala. Não deleguei essa conversa porque o sofrimento da população é inaceitável”, afirmou. Ele também destacou que haverá responsabilização pelos áudios e mensagens que convocaram a paralisação sem aviso prévio e que tem obrigação funcional de pedir a responsabilização daquele que causa qualquer tipo de dano à sociedade.
“Nós estamos falando de um serviço essencial, tem a sua legislação específica. Qualquer movimento de greve tem que ser comunicado com 72 horas de antecedência, vai passar pelo juiz trabalhista, o juiz vai designar qual é o percentual de serviço obrigatório a ser mantido, de acordo com as as as questões legais, portanto existem normas, existem leis que devem ser cumpridas. Se eu não fizer isso, estarei prevaricando”, disse o prefeito.
O prefeito também fez um apelo para que episódios como o de hoje não se repitam. “Que isso sirva de lição. O usuário tem que estar sempre em primeiro lugar. Nós estamos sempre abertos ao diálogo, mas há leis que precisam ser cumpridas.”
Ricardo Nunes diz que os atrasos no pagamento do 13º salário dos funcionários são pressão dos empresários
ADAMO BAZANI/ALEXANDRE PELEGI/YURI SENA
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse em entrevista que pode entrar em processo de caducidade e intervenção contra as empresas de ônibus e que convocou sindicatos dos trabalhadores e dos donos das viações para resolver a questão.
“A empresa que não pagar em dia o 13º dos funcionários vai sofrer intervenção e caducidade” – disse Nunes ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes
Nunes falou ainda que as empresas que estão sob gestão da prefeitura, a Transwolff, na zona Sul, e a UpBus, na zona Leste, estão com os pagamentos em dia.
Em vídeo enviado há pouco ao Diário do Transporte, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, fez duras críticas aos empresários de ônibus pela paralisação surpresa na tarde desta terça-feira, 09 de dezembro de 2025. A gestão municipal anunciou a suspensão do rodízio municipal de veículos na parte da tarde/noite em razão da greve.
Nunes chamou as empresas de ônibus de irresponsáveis e disse que vai tomar medidas judiciais contra viações.
Segundo o prefeito, os atrasos no pagamento do 13º salário dos funcionários são pressão dos empresários.
A Prefeitura de São Paulo informou há pouco, no fim da tarde desta terça-feira, 09 de dezembro de 2025, que está em dia com os repasses às empresas de ônibus da cidade e que os atrasos do pagamento do 13º salário são de responsabilidade das viações.
Parte da frota de diversas linhas começou a ser recolhida por volta das 16h após as empresas de ônibus de São Paulo enviarem uma carta ao Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo pedindo mais prazo para pagar o 13º salário, previsto para 12 de dezembro. O motivo, segundo os operadores, é o atraso no processo de revisão quadrienal dos contratos, que está no Tribunal de Contas do Município (TCM) e deve ser julgado nesta quarta-feira (10). (VEJA MAIS ABAIXO OS DETALHES)
Em nota enviada ao Diário do Transporte, a Gestão Municipal diz que registrou Boletim de Ocorrência e chamou movimento de irresponsável
A Prefeitura de São Paulo informa que os repasses às empresas de ônibus estão em dia e o pagamento do 13º salário dos trabalhadores é de responsabilidade exclusiva das concessionárias. A pedido do prefeito Ricardo Nunes, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte e SPTrans registraram nesta terça-feira um Boletim de Ocorrência contra as empresas que aderiram a uma paralisação sem aviso prévio, ferindo gravemente a legislação. A gestão se solidariza com todos os usuários que dependem do transporte público e que hoje sofrem com o descaso, irresponsabilidade e falta de compromisso dessas companhias com a população.
As empresas de ônibus de São Paulo enviaram nesta terça-feira (09) uma carta ao Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo pedindo mais prazo para pagar o 13º salário, previsto para 12 de dezembro. O motivo, segundo os operadores, é o atraso no processo de revisão quadrienal dos contratos, que está no Tribunal de Contas do Município (TCM) e deve ser julgado nesta quarta-feira (10).
Mais cedo, representantes dos três grupos operacionais — Estrutural, Local/Regional (AR) e Distribuidor — se reuniram com o secretário municipal de Transportes, Celso Jorge Caldeira, e com o presidente da SPTrans, Victor Hugo Borges.
Durante o encontro, segundo as empresas, o secretário confirmou que a revisão quadrienal sofreu alterações promovidas pela Secretaria Municipal da Fazenda, com redução de cerca de 60% dos valores apontados pela FIPE como necessários ao reequilíbrio dos contratos.
Os operadores afirmam ter solicitado acesso aos estudos que fundamentaram os cortes, mas ouviram que o material só poderá ser disponibilizado após a votação no TCM.
Diante disso, alegam não ter como assinar o termo de aditamento que condicionaria o pagamento do décimo terceiro às novas bases contratuais.
Um representante relatou ao Diário do Transporte:
“Não podemos assinar nada sem saber o que consta no estudo. Precisamos do material. Ele disse que não há mais tempo, que só depois da votação do TCM.”
Sem o aditamento e sem previsibilidade financeira, as empresas decidiram enviar a carta ao sindicato pedindo dilação de prazo, mas sem indicar nova data — já que dependem do julgamento e de uma eventual liberação de recursos pela Prefeitura.
Presidente do sindicato: clima é de rejeição e parte da categoria já recolhe veículos
O presidente do sindicato, Valdemir dos Santos Soares, disse ao Diário do Transporte que não vê condições de aceitar nova prorrogação. Ele relata que o ambiente nas garagens é de forte insatisfação:
“Os trabalhadores já não estão aceitando mais. Já tem uma boa parte recolhendo o carro e dizendo que não vai trabalhar.”
Diante do impasse, o sindicato realizará assembleias na madrugada desta quarta-feira (10) para deliberar sobre o pedido das empresas.
Há risco de paralisação imediata, dependendo da decisão dos trabalhadores.
Operadores citam cláusula contratual que prevê envio prévio de estudos
As empresas afirmam também que, conforme a Cláusula Nona, item 9.11, dos contratos de concessão, quando o reequilíbrio é de iniciativa do poder concedente, os estudos deveriam ser encaminhados previamente às operadoras para análise.
Segundo relatam, isso não ocorreu, impedindo que avaliem o impacto financeiro da revisão quadrienal e, por consequência, que assumam formalmente obrigações condicionadas aos novos parâmetros.
Situação pode evoluir ainda hoje
Com o julgamento marcado para amanhã no TCM, indefinição sobre repasses e assembleias nas garagens nas próximas horas, o risco de paralisação no sistema de ônibus da capital é concreto e iminente.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


