Publicado em: 12 de setembro de 2025
Concessão é por 30 anos e engloba também seis estações do Expresso Tiradentes. Foi o último bloco concedido após entraves e irregularidades em licitação apontadas pelo TCM, que obrigaram mudanças em edital
ADAMO BAZANI
Começam neste sábado, 13 de setembro de 2025, as operações da concessionária do Bloco Leste de terminais de ônibus da capital paulista CS Mobi Leste SP, controlada pela CS Infra em parceria com a Terra Transportes/MobiBrasil.
A Mobibrasil também é operadora de ônibus na cidade de São Paulo, com atuação na zona Sul (Veja mais abaixo os detalhes das empresas).
Por 90 dias, o regime será de operação assistida entre a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora da prefeitura, a o consórcio de empresas.
A concessionária passa a ser responsável pela gestão, limpeza, vigilância, manutenção, operação de sistemas de TI e obras de requalificação e acessibilidade dos terminais A. E. Carvalho, Aricanduva, Cidade Tiradentes, Itaquera II, Mercado, Pq. D. Pedro II, Penha, Sacomã, São Miguel, Sapopemba, Vila Carrão e Vila Prudente, além das seis estações do Expresso Tiradentes, que juntos recebem cerca de 500 mil passageiros por dia.
A partir de 13 de dezembro de 2025, a operação prevista em contrato será única da concessionária, com a SPTrans sendo responsável apenas pela fiscalização e gerenciamento dos serviços de ônibus.
A concessão é por 30 anos em regime de PPP (Parceria Público-Privada).
Segundo a concessionária, são previstos investimentos de R$ 170 milhões ao longo de 30 anos, sendo R$ 120 milhões nos dois primeiros anos e R$ 50 milhões em reinvestimentos de longo prazo.
O contrato no total de R$ 2,9 bilhões (R$ 2.933.089.920,00), que corresponde ao somatório dos valores da Contraprestação Mensal Máxima durante todo o período de vigência, foi assinado em 18 de junho de 2025, como mostrou o Diário do Transporte.
A assinatura ocorreu depois de um longo período com diversos entraves principalmente junto a TCM (Tribunal de Contas do Município), que apontou diferentes irregularidades nas tentativas de licitação, o que resultou na necessidade de elaboração de novos editais.
Tentativas anteriores de conceder o Bloco Leste enfrentaram problemas com editais, impugnações de propostas de participantes e apontamentos de irregularidades pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). Em junho de 2024, por exemplo, o TCM apontou 41 falhas no edital, levando à suspensão do processo. O Consórcio Terminais Leste SP, que havia sido o primeiro colocado, foi inabilitado em dezembro de 2024 por problemas de documentação. Somente em março de 2025, a prefeitura reabriu o procedimento, e a segunda colocada concordou em reduzir a proposta, permitindo a conclusão em abril de 2025, com a declaração do Consórcio Bloco Leste como vencedor. Inclusive, houve uma solicitação de dilação de prazo de 30 dias para o cumprimento das condições prévias à assinatura, conforme noticiado em 30 de abril de 2025.
Entre as obras previstas estão maior atenção a acessibilidade, com sinalização tátil, ponto de recarga para cadeira de rodas elétricas, substituição de pisos nas plataformas e calçadas, implantação e revitalização de lombofaixas, modernização dos sanitários e áreas operacionais, padronização da comunicação visual, atualização do mobiliário urbano – como bancos, lixeiras, telefones e bebedouros – e a instalação de bicicletários.
Em nota, o diretor-executivo da CS Mobi Leste SP, Daniel Moraes, diz que a nova operação vai modernizar a infraestrutura dos terminais e estações que englobam o pacote
“Esse projeto simboliza nosso compromisso com a transformação da infraestrutura de mobilidade urbana em nosso país e a prestação de serviços para a população/usuários, promovendo impacto positivo na comunidade ao redor dos terminais/estações. Estamos falando de espaços que impactam diretamente o dia a dia de milhares de pessoas – trabalhadores, estudantes, famílias inteiras – e que precisam refletir um padrão de qualidade condizente com a grandeza de São Paulo”, afirmou.
A CS Infra é o braço de concessões do Grupo SIMPAR, que já opera terminais portuários em Candeias (BA), com a CS Portos, rodovias no Piauí e Mato Grosso, com a CS Rodovias, requalificação urbana em Cuiabá (MT), com a CS Mobi Cuiabá, mobilidade em Sorocaba (SP), com a BRT Sorocaba, a Ponte Binacional São Borja–Santo Tomé em São Borja (RS), com a CS Rodovias Mercosul, e, agora, terminais urbanos em São Paulo (SP), com a CS Mobi Leste SP.
O Grupo SIMAR engloba oito empresas JSL, Movida, Vamos, CS Brasil, Automob, Banco BBC Digital, CS Infra e Ciclus Ambiental. A holfding é listada na B3 desde 2010 (SIMH3).
A Mobibrasil tem origem em Pernambuco, onde opera os transportes da Grande Recife desde os anos 1980. Chegou à capital paulista em 2008, onde atua na Zona Sul da cidade, operando uma frota de mais de 600 ônibus que transportam em torno de 360 mil passageiros diariamente. Chegou a operar o transporte municipal em Diadema, na Grande São Paulo, onde foi sucedida pela Suzantur, e parte de linhas intermunicipais da antiga EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), entre parte do ABC e a capital. A região foi assumida integralmente a partir de 2021 por meio de um novo contrato com a NEXT Mobilidade, de outro grupo empresarial.
Em 2011, a Mobibrasil passou a integrar o sistema de transportes de Sorocaba, no interior paulista, onde opera o BRT da cidade, um dos primeiros sistemas de ônibus em corredores do Brasil que foi construído com a participação da empresa prestadora dos serviços de transportes.
Veja a composição dos Blocos de Terminais:
BLOCO LESTE: Terminais Antônio Estevão de Carvalho, Aricanduva, Cidade Tiradentes, Itaquera II, Mercado, Parque Dom Pedro II, Penha, Sacomã, São Miguel, Sapopemba, Vila Carrão e Vila Prudente, bem como as Estações do Expresso Tiradentes. (Concedido para a Terminais Bloco Leste SPE S.A por R$ 2,9 bilhões – R$ 2.933.089.920,00
BLOCO NOROESTE: correspondente aos Terminais Amaral Gurgel, Campo Limpo, Casa Verde, Jardim Britânia, Lapa, Pinheiros, Pirituba, Princesa Isabel e Vila Nova Cachoeirinha, bem como as paradas Eldorado e Clínicas. (Concedido para a SPE SP Terminais Noroeste S/A, liderada pela Socicam, por R$ 1,8 bilhão)
BLOCO SUL: correspondente aos Terminais Água Espraiada, Bandeira, Capelinha, Grajaú, Guarapiranga, Jardim Ângela, João Dias, Parelheiros, Santo Amaro e Varginha. (Concedido para a SPE São Paulo Sul S.A, liderada pela Egypt Engenharia, por R$ 2,2 bilhões).
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes