Publicado em: 17 de fevereiro de 2025
Prefeitura foi questionada pela reportagem. Em Mauá, ônibus novos também vieram sem refrigeração. Em outras cidades, promessa é de frota nova com o equipamento
ADAMO BAZANI
Colaborou Vinícius de Oliveira
ADAMO BAZANI
Colaborou Vinícius de Oliveira
Fazer uma série de coisas neste calor não é nada fácil. Andar de ônibus no ABC Paulista, certamente é uma das mais difíceis.
O Diário do Transporte, em plenos 34 graus de acordo com os termômetros de rua em Santo André (SP) foi a campo e verificou de perto o sofrimento dos passageiros e de motoristas na tarde desta segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025.
Foram pegos ônibus de diversas linhas, desde os mais antigos, como da linha I-08 (Bairro Paraíso/Jardim das Maravilhas), da Viação Vaz; os modelos de idade intermediária, como na B-63 (Jardim Alvorada/Vila Palmares) e os novinhos em folha, com menos de um ano de uso, como da linha T-23 (Cidade São Jorge/Estação), da Viação Guaianazes. Todos sem ar-condicionado.
A cidade tem recebido ônibus zero quilômetro sem refrigeração. Já são cerca de 50 entre 2023 e 2025, entre veículos de empresas como Suzantur e Viação Guaianazes. Como a idade permitida é de 10 anos, até pelo menos 2033 e 2035, os passageiros do sistema municipal de Santo André vão passar calor. Para andar nos ônibus de Santo André, com ar ou sem ar, no refresco ou no calor, o passageiro paga R$ 5,90. Do sistema municipal, só rodam com ar-condicionado alguns ônibus comprados pela Viação Guaianazes entre 2022 e 2023 e nos articulados da Suzantur, no corredor que liga a região central à Vila Luzita.
A usuária Izilda Tesserolli, que estava num ônibus da linha B-63, é uma das que reclamaram. Para ela, é ruim para o consumidor que trabalha o dia todo e, quando volta cansado para casa, ainda encontra desconforto no transporte.
“Quem trabalha o dia inteiro, está cansado. Quer pegar um ônibus e ir para a casa tranquilo. É essencial ter o ônibus com ar-condicionado” – relatou.
O Diário do Transporte procurou na manhã desta segunda-feira (17) a prefeitura de Santo André, mas como tem ocorrido quando o assunto é mobilidade, não houve resposta prontamente. O espaço segue aberto.
A reportagem apurou que as empresas colocariam ônibus com ar-condicionado, mas alegam que teria de haver mudanças na remuneração pelos serviços porque, ainda segundo elas, o ar-condicionado aumenta até 30% dos custos de operação.
Os ônibus, tanto os novos como os mais antigos, são de motor dianteiro, com toda a caixa de motorização para dentro do salão onde ficam as pessoas. Os motoristas que falaram com a reportagem disseram que esta característica também aumenta o calor interno e que trabalhar em ônibus com motor dianteiro e sem ar-condicionado é “extenuante”, termo usado por um destes profissionais. Para não haver represálias das empresas, os nomes dos motoristas serão protegidos.
Em outras cidades do ABC, os passageiros também sofrem de calor. Além de Santo André, a maioria dos ônibus municipais não tem ar-condicionado em São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Em Mauá e Diadema, sistemas operados também pela Suzantur, os ônibus vieram 0 km recentemente sem refrigeração, apenas com um sistema de circulação de ar natural que produz um certo resfriamento.
Como mostrou o Diário do Transporte, no último dia 31 de janeiro de 2025, o prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima, em apresentação da pintura nova da frota da cidade prometeu que até o fim do ano seriam inseridos 100 ônibus zero km com ar-condicionado. O sistema municipal tem cerca de 400 ônibus.
Relembre:
As linhas intermunicipais gerenciadas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), operadas pela NEXT Mobilidade, incluindo o Corredor ABD de ônibus e trólebus, também têm vários veículos sem ar-condicionado. Mas desde 2021, a frota tem sido trocada e todos os 0 km já chegam com refrigeração.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaborou Vinícius de Oliveira