Publicado em: 20 de maio de 2025
Segundo SPI, após exaustivos contatos, Metrô dava respostas inconclusivas quanto aos estudos realizados pelos fabricantes das portas, e há suspeita sobre a estatal de inércia e morosidade em contribuir para a solução da questão
ADAMO BAZANI
Colaboraram Yuri Sena e Vinícius de Oliveira
Tragédia literalmente anunciada.
A morte de Lourival Nepomuceno, 35 anos, que foi prensando entre um trem e a porta de plataforma no dia 06 de maio de 2025, na estação Campo Limpo, da linha 5-Lilás pode ter se tratado disso.
O TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) recebeu as respostas da Artesp, agência que regula os transportes, e da SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos) que indicam que os acidentes que ocorreram com passageiros presos no vão entre trens da linha 5-Lilás e as portas de plataforma poderiam ter sido evitados e há suspeitas de morosidade e falta de interesse do Metrô de São Paulo em resolver os problemas e agir preventivamente. Foram ao menos quatro entre 2021 e 2023.
De acordo com o documento, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP) alega ao TCESP que, ao realizar procedimento interno para averiguar o ocorrido, as portas de plataforma entregues pela Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos de São Paulo (CPTM) não atendiam integralmente aos quesitos de segurança previstos na especificação técnica de compra.
Segundo o TCE, na justificativa, a Artesp ainda detalha que foi identificado um vão entre a Porta Deslizante Motorizada (“PDM”) e a porta do trem, o que permite que passageiros fiquem presos e que as barreiras de segurança existentes na PDM se mostraram insuficientes.
Por outro lado, a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) afirmou em suas justificativas ao TCE, que, em virtude da identificação de pelo menos quatro ocorrências de passageiros presos na porta da plataforma entre 2021 e 2023, foram iniciadas tratativas para buscar soluções junto ao Metrô, entretanto, ainda segundo a Secretaria, nas respostas ao TCE, “após exaustivos contatos, obteve apenas respostas inconclusivas quanto aos estudos realizados pelos fabricantes das portas, além da inércia e morosidade em contribuir para a solução da questão”.
Diante das respostas da SPI e da Artesp, nesta terça-feira, 20 de maio de 2025, o Conselheiro Dimas Ramalho, do TCE, em novo despacho cobrou do Metrô respostas em cinco diasa respeito do atendimento integral dos quesitos de segurança das portas das plataformas da Linha 5 – Lilás, além da cópia do contrato de fornecimento das portas das plataformas, o documento de entrega delas, relacionando os empregados e diretores do Metrô que atestaram o recebimento e conformidade desses equipamentos.
O TCE ainda diz que o conselheiro também determinou que seja elucidada a suposta morosidade na adoção de medidas relacionadas à correção das falhas nas portas das plataformas, com a devida apresentação de todas as comunicações mantidas com a fabricante desses equipamentos.
VEJA O MOMENTO DO ACIDENTE
ADAMO BAZANI
Colaboraram Yuri Sena e Vinicius de Oliveira
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes