Publicado em: 27 de dezembro de 2025

Dados são do Ministério de Minas e Energia. Empresários de ônibus relataram ao Diário do Transporte dificuldades em negociar valores
ADAMO BAZANI
Empresários de ônibus relataram na última semana ao Diário do Transporte que tem sido cada vez mais difícil negociar preços do óleo diesel com algumas distribuidoras de combustíveis.
Mesmo comprando em grandes quantidades, os frotistas relatam que não estão conseguindo uma boa margem de descontos, como no passado.
São poucas opções, poucas possibilidades de preços mais competitivos e, como resultado, os custos operacionais aumentam.
Para se ter uma ideia, o custo do diesel é o segundo maior de uma empresa de ônibus, ficando atrás apenas da mão de obra.
A situação piora para a vida dos caminhoneiros autônomos, que têm ainda menos poder de negociação e compram diretamente dos postos de rua.
O que empresários de ônibus e caminhoneiros, frotistas ou autônomos, relatam, o Ministério de Minas e Energia demonstrou nesta semana em números.
Desde janeiro de 2023, o preço médio do óleo diesel caiu 27,4% nas refinarias, mas as distribuidoras só repassaram uma baixa de 6,9% até agora
Em janeiro de 2023, nas refinarias o diesel custava R$ 4,05 o litro em média. Agora, em dezembro de 2025, passou para 2,94%.
Mas para o consumidor final, se em janeiro de 2023, o preço era de R$ 6,51, agora,em dezembro de 2025, está em R$ 6,06, em média.
É natural que os repasses de quedas de preços aos consumidores finais sejam menores que nas refinarias, mas não em proporções tão diferentes, como a que ocorreu com o diesel no Brasil.
Mas, além do custo do combustível em si e das especulações das distribuidoras, há outros fatores que explicam esta realidade.
Uma delas é que a carga tributária do diesel aumentou neste período.
O fim da isenção total de impostos federais, que foi tomada como medida emergencial na pandemia de covid-19, traz um impacto de R$ 0,32 em média por litro.
Em relação a impostos estaduais, o ICMS foi uniformizado, o que representou só deste tributo, elevação média de R$ 0,33 por litro, ou 41,77%. Antes o impacto do ICMS era de R$ 0,79 e agora é de R$ 1,12 por litro.
Não bastasse a carga tributária, a elevação do percentual de biodiesel de B10 (10%) para B15 (15%) também trouxe impacto nos preços para mais.
O biodiesel que custava por litro R$ 0,58, agora está R$ 0,88, em média, entre janeiro de 2023 e dezembro de 2025.
Além de questões climáticas (períodos de estiagem e de fortes chuvas atípicos) e maior consumo, há também a especulação na distribuição.
Especialistas alertam que os modelos de distribuição de combustíveis no Brasil precisam ser repensados, caso contrário, pode se tornar cada vez mais difícil se locomover ou mesmo consumir qualquer coisa (já que a imensa maioria da produção nacional de tudo escoada por rodovias).
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


