Publicado em: 17 de junho de 2025
Despachos da SMT referem-se a lotes do sistema de transporte coletivo operados pelas empresas Norte Buss, Transcap, Grajaú, Alfa Rodobuss e Gato Preto
ALEXANDRE PELEGI
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) de São Paulo, por meio de uma série de despachos publicados nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, autorizou o empenho de recursos financeiros que somam mais de R$ 165 milhões (R$ 165.099.290,88). O montante é destinado à eletrificação da frota de ônibus do sistema de transporte coletivo da capital paulista em 2025.
As autorizações foram concedidas pelo Secretário Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte, Celso Jorge Caldeira.
As empresas beneficiadas e os valores autorizados são os seguintes:
Viação Gato Preto (Lote AR8): Com valores e lotes idênticos, as autorizações foram concedidas em documentos distintos com diferentes Notas de Reserva (50.651/25 e 50.653/25): R$ 2.019.449,37 e R$ 2.019.449,37.
Alfa Rodobus (Lote D13): R$ 20.805.693,40
Norte Buss Transportes (Lote D2/Lote D1): Recebeu a maior parte dos recursos, com mais de R$ 105 milhões (R$ 105.253.800,00), destinados da seguinte forma:
– Lote D2 (dois empenhos): R$ 30.957.000,00 e R$ 20.638.000,00
– Lote D1: R$ 53.658.800,00.
Auto Viação Transcap (Lote D12): R$ 30.957.000,00.
Viação Grajaú (Lote E6): R$ 4.038.898,74.
Estes empenhos fazem parte do programa de Eletrificação da Frota de Veículos do Sistema Municipal de Transporte Coletivo e referem-se a despesas para o ano de 2025.
São recursos para subvencionar as empresas na compra de ônibus elétricos, como determina o projeto de eletrificação da frota.
A autorização da SMT inclui a emissão das respectivas notas de empenho.
Os recursos para a eletrificação contam com financiamentos de diversas instituições, entre nacionais e estrangeiras, num total de R$ 5,75 bilhões que a administração municipal obteve.
Para definir o plano de subvenção às empresas operadoras, a prefeitura considerou alguns condicionantes, como o preço dos veículos elétricos que é, em média, 4,3 vezes superior aos ônibus a diesel.
Pelo modelo definido, a prefeitura realizará uma transferência de capital no montante referente à diferença entre os valores dos ônibus elétricos e seus equivalentes movidos a diesel.
Como mostrou o Diário do Transporte, no dia 24 de julho de 2024 a prefeitura reajustou a tabela dos preços dos ônibus elétricos e a diesel dos diferentes modelos que rodam no sistema de transporte coletivo da capital.
A nova tabela atualiza os valores com base maio/2024, com efeito retroativo ao primeiro anos do mês.
Em todos os seis modelos houve aumento da diferença a ser paga pela prefeitura em 2,77%.
Veja um comparativo entre as duas tabelas:
As viações terão de fornecer à SPTrans cronograma de substituição de modelos a diesel por elétricos até 31 de agosto de cada ano.
A portaria publicada no dia 30 de novembro diz que parcela do ônibus a ser subvencionada não poderá ser superior à diferença entre os preços de referência do ônibus elétrico e do ônibus a diesel. Relembre:
DOCUMENTO OFICIAL: Ônibus elétricos vão gerar às viações subsídio até 32% mais alto que ônibus a diesel em São Paulo, define Nunes em publicação no Diário Oficial
O documento ainda determina que as empresas terão de negociar com as fabricantes os menores valores.
LIBERAÇÃO DE RECURSOS
Como mostrou o Diário do Transporte, a prefeitura de São Paulo anunciou no dia 12 de maio de 2025, que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) liberou um financiamento de R$ 1,4 bilhão (US$ 248,3 milhões) para a compra de ônibus elétricos. O recebimento do dinheiro já estava previsto dentro das estimativas de R$ 6 bilhões em linhas de crédito obtidas pela prefeitura para a eletrificação da frota. Relembre:
São Paulo consegue liberação de R$ 1,4 bilhão para ônibus elétricos nesta segunda (12)
Diferentemente do último recurso obtido pela prefeitura em abril deste ano junto ao governo da China, no valor de R$ 600 milhões e que atrelou a liberação do dinheiro à exigência de compra apenas de ônibus de marcas chinesas, no caso do BID, não há restrições quanto a fabricantes. Relembre:
São Paulo terá mais 200 ônibus elétricos de marcas chinesas que podem ou não ser fabricados no Brasil. Balanço da viagem de Nunes à Ásia destaca US$ 100 milhões do governo chinês
A aplicação dos recursos do BID será da mesma forma como tem ocorrido com os financiamentos já concretizados. A prefeitura obtém o dinheiro, as viações compram os ônibus, as fabricantes entregam e após a gerenciadora dos transportes da administração municipal, SPTrans (São Paulo Transporte) verificar que há condições de operação é que o dinheiro é liberado para a empresa de ônibus, que só aí paga para os fabricantes.
Isso tem gerado críticas entre companhias operadoras e produtoras dos ônibus. Recentemente, o Diário do Transporte mostrou que a Mercedes-Benz acusou um prejuízo de R$ 300 milhões por ter fabricado e entregue ônibus elétricos e não ter recebido. O prefeito Ricardo Nunes disse que este modelo não vai mudar. Relembre:
Prejuízo de R$ 300 milhões da Mercedes-Benz com ônibus elétricos: Nunes diz que não vai mudar financiamento. Eletra, MBB, Marcopolo, e demais fora de US$ 100 milhões – VÍDEO
Em nota sobre os recursos liberados no dia 12 de maio, a prefeitura de São Paulo reafirmou a promessa de que até o fim de 2028 serão implantados na cidade 2,2 mil ônibus menos poluentes, o que incluiu outros modelos, como biometano (gás obtido da decomposição de resíduos) e GNV (Gás Natural Veicular). A meta é inferior aos 2,6 mil ônibus elétricos prometidos em 2021 até o fim de 2024. Atualmente, são apenas 527 ônibus elétricos a bateria de uma frota total de 13 mil coletivos municipais.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes