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Problemas logísticos do agronegócio tendem a se agravar, afirmam especialistas


A logística de armazenagem de grãos no Brasil não tem acompanhado a evolução do agronegócio. E esse problema tende a se agravar nos próximos anos, com a maturação de solo de áreas novas abertas nos últimos anos, disse André Guillaumon, CEO da BrasilAgro.

Ele observou que quando se abre uma área nova para plantio, nos primeiros quatro a cinco anos, o produtor planta soja. E, nos anos seguintes, com a melhoria do solo, passa a plantar o milho na segunda safra.

“Vamos ver um aumento importante de áreas com solo maturado que vão permitir a segunda safra. Além disso, o aumento da fertilidade das lavouras vai aumentar a produtividade por área. Então, a pressão na área logística tende a se agravar, mesmo se houver pouca expansão de área plantada daqui para frente”, afirmou Guillaumon.

A estimativa é de que o déficit de armazenagem de grãos no Brasil seja da ordem de 120 milhões de toneladas. Volney Aquino Santos, CEO da Fazendão Agronegócio, estima que se a produção brasileira de grãos aumentar em média 11% aos ano nos próximos dez anos, o déficit de armazenagem vai crescer em mais 90 milhões de toneladas.

A produção brasileira de grãos na safra 2024/25 é estimada em 339,6 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aumento de 14,2% em relação ao ciclo anterior. Em área, o aumento foi de 2,3%, para 81,8 milhões de hectares.

Santos disse que a Fazendão Agronegócio tem investido na industrialização e na melhoria da logística de transportes para facilitar o escoamento da produção. A empresa inaugurou, no ano passado, uma indústria de esmagamento em Luzimangues, distrito de Porto Nacional (TO), aumentando a capacidade de esmagamento de 600 mil para 1,4 milhão de toneladas de soja por ano.

A Fazendão também constrói uma usina de etanol de milho, com capacidade para 350 mil litros de combustível por dia. A previsão é que seja inaugurada no fim do ano.

Na área de logística, a empresa está fazendo acordo com a VLI para fazer o transporte de grãos até o porto de Itaqui. “Também estamos licenciando um porto em Barcarena”, disse o executivo.

Guillaumon também vê a industrialização da produção como uma opção para agregar valor à produção e reduzir o tráfego de grãos. “A industrialização vai tirar um peso da pressão logística”, afirmou o CEO.

Ele ponderou, que em um cenário de juros altos, esses investimentos precisam ser bem ponderados.

Guillaumon disse ainda ver para a próxima safra uma redução na rentabilidade da produção de soja. Segundo ele, o custo histórico de produção varia entre 28 sacas e 35 sacas por hectare, o que dá uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (margem Ebitda) de 25% a 30%. “A gente está vendo para o próximo ano um achatamento dos preços, com a margem Ebitda caindo para 20% a 22%”, afirmou.

Ele acrescentou que os produtores enfrentarão outro desafio, além dos preços deprimidos da soja. “O desafio agora é a gente entrar na safra com um dólar de R$ 5,40 e terminar a safra com um dólar a R$ 4,80. Com a taxa de juros de 15% ao ano. Isso vai demandar capacidade de armazenagem nas áreas de produção para segurar a venda de grãos enquanto não houver melhora em preços”, ponderou.

Verticalização

Airton Galinari, presidente-executivo da Coamo Agroindustrial, disse que a cooperativa também tem investido na verticalização do negócio. Para o período de 2024 a 2026 a cooperativa tem previsão de investimentos de R$ 3,5 bilhões. Os aportes incluem a construção de uma usina de etanol de milho e construção de armazéns para aumentar a capacidade estática de armazenagem de grãos em 10%.

“Estamos hoje com 6,2 milhões de toneladas de capacidade estática e ainda falta espaço. Só de silos-bolsas este ano estamos com quase 500 mil toneladas. Então, ainda falta espaço”, observou Galinari. O executivo disse que a cooperativa movimenta em torno de 3 mil caminhões diariamente. “Dominando a cadeia logística a gente consegue tirar vantagens e oferecer uma condição favorável ao produtor em termos de preço”, afirmou Galinari.

O executivo também relatou preocupação com os preços futuros da soja. “Negociamos com os produtores os insumos em abril e maio, com a saca da soja a R$ 130 para abril do próximo ano. Hoje a previsão para abril do próximo ano é abaixo de R$ 120. O nosso produtor já comercializou 60% da safra de soja, mas ainda tem 40% para comercializar e algo em torno de 40% da safra de milho”, disse.

Os executivos participaram do AgroForum promovido pelo BTG Pactual.



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