Publicado em: 7 de novembro de 2025

Em nova fase da reforma do sistema municipal, Eduardo Paes anuncia edital para veículos elétricos e instala comissão que prevê contratos de até R$ 375 milhões para o Rede Integrada Rio — após mais de dez anos sem iniciativas concretas
ALEXANDRE PELEGI
Em pronunciamento nesta terça-feira, 4 de novembro de 2025, o prefeito Eduardo Paes afirmou que a próxima licitação para o sistema de ônibus do município do Rio de Janeiro será formulada para aquisição exclusiva de ônibus elétricos, como parte de uma agenda mais ampla de renovação e descarbonização da mobilidade urbana.
Segundo Paes, o edital será voltado para “veículos elétricos puros”, rompendo com modelos a diesel ou híbridos, e marca o início de uma nova era para o transporte coletivo da capital fluminense.
Comissão especial e os detalhes da licitação
Em 27 de outubro de 2025, o prefeito assinou o Decreto “P” nº 598, que instituiu a Comissão Especial de Licitação SMTR‑Rio, vinculada à Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro (SMTR), para conduzir a concorrência CO SMTR nº 001/2025.
O edital prevê contratos cuja estimativa de valor pode chegar a R$ 375 milhões, com proibição de participação de empresas que mantenham qualquer vínculo com o sistema de bilhetagem eletrônica Jaé.
Esses contratos visam substituir os atuais contratos emergenciais, implementar o modelo da Rede Integrada Rio, reorganizar a rede, estabelecer metas de pontualidade e regularidade, e exigir renovação da frota, tecnologia embarcada e integração tarifária.
A convocação da licitação para elétricos ocorre em momento estratégico: em setembro de 2025, a capital anunciou a retomada testes com ônibus elétricos — algo que não acontecia há mais de uma década. Relembre:
Prefeitura do Rio regulamenta testes com ônibus elétricos e exige dados de telemetria sobre consumo e recarga
O anúncio de Paes sinaliza que o Rio pretende recuperar o tempo perdido na pauta da mobilidade elétrica e se alinhar com tendências nacionais de transporte público de baixa emissão.
O que muda — e os desafios que permanecem
Com o anúncio e a criação da comissão, duas frentes se destacam:
- Uma virada estratégica rumo a contratos voltados para ônibus elétricos, com sinal claro ao mercado sobre a substituição gradual da frota a combustão.
- A licitação de grande monta (até R$ 375 milhões) que poderá impulsionar o setor industrial, fornecedores de infraestrutura de recarga, serviços de manutenção de frotas elétricas, e operadores que se adequem às exigências técnicas e contratuais.
Mas não faltam desafios na execução:
- Ainda não foi informado o prazo exato para que os ônibus elétricos entrem em operação ou qual parcela da frota será renovada logo de cara.
- A infraestrutura de recarga, garagens compatíveis, rede elétrica e logística de manutenção da frota elétrica vão demandar planejamento e investimentos adicionais.
- A transição dos operadores atuais aos novos contratos implicará reorganização de lotes, possível efeito em consórcios atuais, sinalização de lotes locais e estruturais (como já antecipado pela prefeitura).
Por que este anúncio importa para a mobilidade urbana brasileira
- É um marco simbólico para a capital: ao destinar a próxima licitação exclusivamente a elétricos, o município assume visivelmente seu compromisso com transporte público sustentável — tema que você acompanha de perto no universo da descarbonização e e-bus.
- Permite inserir o Rio na corrida nacional e internacional pela e-mobilidade urbana: com muitas cidades brasileiras já avançando ou preparando-se para substituição de frotas por ônibus sem emissão, o Rio retoma esse ciclo.
- Pode gerar um efeito-arranque para a cadeia de produção, para fornecedores de mobilidade elétrica e para modelos de negócio de recarga, baterias, manutenção e integração digital — justamente tópicos da sua rede de cobertura e curadoria.
Logo, o anúncio de que a próxima licitação municipal de ônibus será voltada para veículos elétricos, somado à constituição da comissão especial e aos parâmetros do novo edital, representa um momento de virada na mobilidade do Rio de Janeiro. Mesmo em meio às incógnitas sobre cronogramas e infraestrutura, a capital dá claramente o sinal de que pretende entrar em uma nova era — depois de mais de dez anos sem iniciativas relevantes nesse segmento. Será fundamental acompanhar, nos próximos meses, os trâmites do edital, a abertura de propostas e a adequação do mercado a esse novo cenário.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


