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Qualificar o ônibus é valorizar os sistemas de trilhos


Corredores modernos, veículos avançados e eficiência nas operações de modais sobre pneus não são medidas que rivalizam com trens e metrôs. Pelo contrário, “uma coisa leva a outra”

ADAMO BAZANI

Na quinta-feira, 21 de agosto de 2025, com exclusividade, o Diário do Transporte trouxe a informação de que a Caio, fabricante brasileira de carrocerias, já vendeu ao menos 300 unidades, nem um mês depois da apresentação ao mercado, de um novo e avançado modelo de ônibus, chamado eMillennium BRT, para chassis de tecnologia elétrica a bateria pura e também para E-Trol (baterias + trólebus). Não se trata apenas de um lançamento de veículo.

Relembre:

O modelo traz novos conceitos de design, conforto e segurança adotados na Europa. Além disso, está inserido em dois grandes projetos de mobilidade no Estado de São Paulo:

Os Corredores “Verdes da Capital Paulista”, que além de veículos não poluentes, e trazem melhorias estruturais como estações e iluminação com energia solar e sistemas de aproveitamento da água da chuva, e;

O BRT-ABC que, para a ligação entre o ABC Paulista e a capital, trará a solução E-Trol. Trata-se de uma evolução do trólebus e, o conceito já é largamente utilizado na Europa, Ásia e América do Norte, permitindo com que parte dos entraves ligados a carência de infraestrutura de fornecimento de energia elétrica sejam superados porque a solução de engenharia dá a flexibilidade que o trólebus mais antigo não tem, ao permitir percorrer longos trechos sem estar conectado à rede área, e também permite com que as baterias sejam carregadas ao longo da operação, o que elimina a necessidade de grandes equipamentos e estruturas nas garagens.

O eMillennium BRT, da Caio, não é exclusivo destes dois sistemas, está disponível para toda a América Latina, mas tem propósito maior que compactua com um dos objetivos tanto do BRT-ABC e dos Corredores Verdes da capital: permitir com que os transportes por ônibus estejam em níveis semelhantes a de metrôs.

Tirando a ressalva de que o BRT-ABC foi escolhido pelo Governo do Estado de São Paulo, ainda em 2021, no lugar de um monotrilho que nunca saiu do papel (linha 18-Bronze); destaca-se que elevar serviços de ônibus a padrões de metrô não significa dizer que trata-se de um substituir o outro e nem de rivalizar meios de transportes. Ao menos, não deveria.

Pelo contrário, ao qualificar os serviços de ônibus, desde que cada sistema desempenhando seu papel, é, acima de tudo, valorizar e deixar atrativas as malhas de trens e metrôs.

Isso porque, as pessoas precisam chegar aos trilhos e, como não é possível, pelas características territoriais e econômicas das cidades brasileiras levar trem e metrô a todos os lugares, muito embora há muito espaço de expansão, é necessário fazer com que as pessoas tenham a mesma sensação dentro do ônibus e dos trens. Isso porque, tudo é transporte. O cidadão comum começa um sentido em um meio de transporte e termina em outro, porque as viagens urbanas e metropolitanas são extensas nas cidades brasileiras. Para as pessoas não importa o tipo do veículo (se é ônibus, trem ou metrô), mas sim, chegar rápido e de forma confortável.

O Caio eMillennium BRT é um dos exemplos de produto que busca atender a esta necessidade de evolução. Mas existem outros modelos de carrocerias, como o Attivi da Marcopolo, também para elétricos, com versões que vão desde padrons de dois eixos, até recentemente, biarticulado elétrico.

Chassis mais modernos, com itens que vão desde suspensões mais macias a controles de estabilidade, distância de veículos da frente e identificação de pontos-cegos, além de sistema de bilhetagem com pagamento mais fácil e segura, de telemetria, para controle e monitoramento não com vistas a punir o mau motorista, mas oferecer qualidade com uma operação digna e controlada, entre outros, mostram que a indústria ligada aos transportes faz sua parte. Não podem ficar de fora dos avanços modelos menores e até considerados mais simples que circulam nos bairros onde sequer cabem corredores de ônibus.

Faltam mais políticas públicas que possam possibilitar uma qualificação real dos serviços de mobilidade.

Mas há exemplos também de avanços e mostram que, mesmo tardiamente e de forma ainda lenta, a mentalidade de gestores e, porque não dizer do cidadão, tem mudado para melhor.

O importante é: pneus e trilhos não devem brigar. A mobilidade deve ser oferecida em redes de transportes multimodais, o meio coletivo não pode continuar perdendo mais espaço ainda para o individual. Caso contrário, as cidades vão ficar cada vez mais inviáveis para viver

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



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