Publicado em: 24 de novembro de 2025

Sistema de superfície tornou-se pilar da mobilidade da capital russa acompanhado por forte expansão e reconstrução de estações-chave
ALEXANDRE PELEGI
O transporte sobre trilhos de Moscou funciona como uma malha integrada que combina quatro modos principais: o metrô subterrâneo, com mais de 260 estações e cerca de 7 milhões de passageiros por dia; o anel ferroviário MCC, que opera como metrô de superfície; os Diâmetros Centrais (MCD), que conectam longos eixos metropolitanos em esquema semelhante ao RER parisiense e ao S-Bahn alemão; e as linhas suburbanas tradicionais que atendem a região metropolitana. Juntos, esses sistemas registram bilhões de viagens anuais e permitem deslocamentos contínuos com integração física e tarifária.
É dentro dessa estrutura que, seis anos atrás, em novembro de 2019, Moscou inaugurou os primeiros Diâmetros Centrais (MCD-1 e MCD-2), abrindo uma nova etapa do transporte ferroviário urbano. O modelo transformou antigos trens suburbanos — antes marcados por baixa frequência, plataformas defasadas e pouco conforto — em um verdadeiro metrô de superfície. Hoje, a rede conta com quatro linhas, 137 estações e mais de 300 quilômetros, totalmente integrados ao metrô e ao MCC por meio de mais de 100 conexões.
Segundo Maksim Liksutov, vice-prefeito de Moscou para Transporte, os MCDs se consolidaram como alternativa real aos demais modos urbanos. Desde 2019, foram realizadas quase 1,6 bilhão de viagens, e o sistema chega a transportar até 500 mil passageiros diariamente. A renovação da frota foi determinante para esse crescimento: todas as composições das primeiras duas linhas foram modernizadas no primeiro ano, e, em 2025, foi concluída a substituição dos trens também nas linhas MCD-3 e MCD-4.
A rede continua em expansão, e cinco estações estratégicas estão em obra dentro da capital. Cada uma delas reforça a integração entre trilhos e amplia o alcance do metrô de superfície:
– Petrovsko-Razumovskaya (MCD-1/MCD-3) está sendo reconstruída para funcionar como um novo hub de integração, com plataformas reposicionadas e ligações diretas ao metrô. A abertura está prevista para 2025.
– Serp i Molot (MCD-2/MCD-4) recebe um grande terminal de transferência que deve reduzir em até 25 minutos o tempo de viagem em diversos trajetos.
– Tsaritsyno (MCD-2) passa por requalificação completa, com novos pavilhões, corredores subterrâneos e sistemas modernos de navegação digital, facilitando a integração com o metrô.
– Begovaya terá um hub conjunto entre MCD-1, MCD-4 e o metrô, com entrega estimada para 2026.
– Moscow-City, nova estação no principal distrito financeiro da cidade, terá três plataformas, amplos halls e plena acessibilidade. A primeira fase abre em 2025, e a segunda em 2026.
Com 54 estações dos diametrais já em operação dentro da cidade, Moscou reforça a estratégia de transformar sua rede ferroviária de superfície em um eixo tão estruturante quanto o metrô subterrâneo. A combinação entre integração plena, modernização de estações e ampliação da capacidade torna o sistema uma referência mundial em redes urbanas híbridas — ao mesmo tempo metropolitanas, suburbanas e urbanas.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


