Publicado em: 26 de junho de 2025
Em nota oficial, empresa reage a declarações do prefeito, ressaltando manutenção das operações e o cumprimento das determinações em relação ao novo sistema de bilhetagem Jaé
ALEXANDRE PELEGI
Em meio à acirrada disputa em torno da implantação do novo sistema de bilhetagem municipal Jaé, a Riocard se pronunciou mais uma vez nesta quinta-feira, 26 de junho de 2025, para rebater as duras críticas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que chamou os responsáveis pela empresa de “delinquentes” e “mafiosos”.
A Riocard, em comunicado divulgado à imprensa, afirmou ter sempre colaborado com a Prefeitura para a implementação do novo sistema desde a assinatura do contrato com o Consórcio Bilhete Digital, em dezembro de 2022.
A empresa destacou que, para evitar transtornos à população, manteve 100% de sua operação mesmo diante dos sucessivos adiamentos para a implantação do Jaé. Além disso, a Riocard garantiu que todas as informações operacionais e financeiras sempre foram repassadas à Prefeitura, seguindo rigorosamente as determinações de formato, periodicidade e conteúdo, conforme resoluções publicadas em Diário Oficial. Essa colaboração, segundo a empresa, também se estende ao acordo judicial firmado entre os operadores, o governo municipal e o Ministério Público para a concessão do subsídio aos passageiros dos ônibus municipais.
Em relação aos dados de gratuidade, um dos pontos de discórdia, a Riocard esclareceu que as informações são fornecidas à empresa pelas próprias secretarias municipais de Educação, Saúde, Pessoa com Deficiência e Transportes. A nota enfatiza que o edital de licitação da bilhetagem do Rio determinava que a nova concessionária, o Jaé, fosse a responsável pelo cadastramento e pela produção dos cartões de gratuidade, em uma relação direta entre o poder público e a Jaé. Para reforçar seu posicionamento, a Riocard lembrou que, recentemente, a própria Secretaria Municipal de Transportes informou em coletiva à imprensa que todo o processo de concessão de gratuidades estava ocorrendo normalmente, devido a um planejamento prévio.
A declaração da Riocard veio após o prefeito Paes criticar a empresa por uma nota divulgada nesta quarta-feira (25), na qual a Riocard apontava impactos negativos do Jaé. Relembre:
Problemas com o Procon-RJ
Paralelamente à disputa entre a Prefeitura e a Riocard, o sistema Jaé também enfrentou problemas com a Secretaria Estadual de Defesa do Consumidor (SEDCON) e o Procon-RJ. O órgão anunciou a tentativa de suspensão da emissão dos cartões Jaé por supostas irregularidades, após a empresa CDB Bilhete Digital (responsável pelo Jaé) não cumprir o prazo para esclarecimentos sobre os transtornos nos postos de atendimento.
Entre as principais queixas e irregularidades apontadas pelo Procon-RJ, que resultaram em intimações e multas (podendo chegar a R$ 10 milhões), estavam as longas filas, o não cumprimento das regras de atendimento prioritário (ou atendimento restrito apenas a idosos acima de 80 anos, quando a prioridade legal começa aos 65), e as falhas na infraestrutura mínima para acolher os consumidores, como a ausência de cadeiras e água em alguns postos. Além disso, houve problemas com a falta de clareza na divulgação da entrega do cartão em casa mediante pagamento de taxa, com relatos de usuários que pagaram, mas não receberam o bilhete e precisaram enfrentar filas pessoalmente.
Apesar da ação do Procon-RJ, a Prefeitura do Rio e a concessionária Jaé classificaram a tentativa de intervenção como “ilegal” e “sem justificativa plausível”, afirmando que essa interferência comprometeria gravemente o cotidiano da população, especialmente das camadas mais vulneráveis que dependem do transporte público. Os postos de atendimento do Jaé seguiram funcionando normalmente, mesmo com o anúncio da suspensão.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes
