Publicado em: 13 de agosto de 2025
SMTR está nos trâmites de liberação em fase final. Companhia da família Chedid deve trazer ônibus novos e seminovos
ADAMO BAZANI
O Consórcio Santa Cruz, que atua na zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, aprovou a inclusão da empresa Sancetur, (Santa Cecília Turismo Ltda), da família Chedid, para operação de parte das linhas municipais que são atendidas atualmente pela Transportes Barra, do Grupo Redentor.
Entre as linhas que inicialmente serão atendidas pela companhia do interior de São Paulo estão itinerários nas regiões de Realengo e Bangu.
A Transportes Barra continua com outras linhas, se concentrando na região de Jacarepaguá.
As demais empresas do Grupo Redentor, Transportes Futuro e Viação Redentor, se mantém sem alterações por enquanto.
A estimativa é de que a empresa do Estado de São Paulo assuma os serviços a partir de 1º de setembro de 2025, mas a data exata depende dos trâmites junto a SMTR (Secretaria Municipal de Transportes) do Rio de Janeiro, que estão em fase final.
Para as operações, a Sancetur deve providenciar cerca de 200 ônibus, entre 100 novos e 100 seminovos com até três anos de uso, todo com ar-condicionado, wi-fi, entradas USB para recarga de celulares, acessibilidade e outros itens.
A empresa promete qualificar a frota e os serviços. Entretanto, a inclusão destes veículos vai ocorrer em um processo de transição. Inicialmente, ainda serão aproveitados alguns ônibus utilizados pela Barra, os mais novos e melhores, que serão devolvidos à medida que os veículos próprios da Sancetur forem sendo liberados. Esta transição deve durar cerca de três meses.
A empresa deve operar com sua marca SOU (Sistema de Ônibus Urbanos), usada já onde atua em diversas cidades.
Sancetur:
Pertencente à tradicional família Chedid, do interior paulista, a Sancetur registra nos últimos anos crescimento vertiginoso, assumindo operações até há pouco tempo consideradas quase improváveis pelo mercado para o grupo. Desde 07 de maio de 2025, passou a operar os serviços em Palmas, capital tocantinense, por meio de um contrato emergencial com validade de um ano e de R$ 196,2 milhões. A companhia destinou para Palmas uma frota de 154 ônibus, grande parte da frota zero-quilômetro, sendo 14 reservas e dez vans para atender pessoas com grau de deficiência mais severa, em serviços semelhantes ao Atende, da capital paulista.
A Sancetur – Santa Cecília Turismo LTDA atende a diversas cidades com a marca SOU Transportes (SOU – Sistema de Ônibus Urbano). Pertence à família Chedid, considerada forte em transportes de passageiros, no interior paulista e em parte do litoral. Fundada em 1922, a Sancetur atua no setor de transportes desde 1952. A empresa possui uma frota de 2.050 ônibus, com um total de 4.200 funcionários. Atualmente, a Sancetur opera em 21 sistemas paulistas. Entre os municípios onde presta serviços estão Valinhos, Indaiatuba, Americana, Presidente Prudente, Limeira, São José dos Campos, São Carlos, Salto, Mogi-Guaçu, Jarinu, Rio Claro, São Vicente, São Sebastião, Peruíbe, Caraguatatuba, Cubatão, Itanhaém.
O maior sistema de transportes da América Latina, e um dos maiores do mundo, justamente o da cidade de São Paulo deve ter a presença da Sancetur.
Segundo a gestão do prefeito Ricardo Nunes, avança o processo de transferência de contratos da Transwolff, a terceira maior frota da cidade, com 1206 ônibus e mais de 100 linhas na zona Sul da capital paulista com cerca de 600 mil passageiros por dia, para a Sancetur.
Como tem mostrado o Diário do Transporte, a Transwolff foi alvo de uma intervenção da prefeitura desde 09 de abril de 2024, quando o MP (Ministério Público de São Paulo) deflagrou a Operação Fim da Linha, pelo qual investiga supostas ligações de diretores da empresa com a facção criminosa PCCV (Primeiro Comando da Capital). A direção da nega. No dia da operação, alguns diretores chegaram a ser presos, como Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, que passou depois a responder em liberdade.
Durante a intervenção, a prefeitura concluiu, com apoio de uma verificadora externa, Ernest Young, que a Transwolff não tinha mais condições de prosseguir no sistema. Foi aberto um procedimento pela gestão Nunes que resultou na transferência de contratos para a Sancetur. São dois, na verdade, de duas áreas operacionais da cidade: D (Distribuição) 10 (número do lote) e D11.
A direção da Transwolff e alguns integrantes da CooperPam, cooperativa de transportes que deu origem à empresa, não concordam com o descredenciamento. Cerca de 800 dos 1206 ônibus que operam nas linhas da Transwolff são destes cooperados, que atuam como prestadores de serviços.
Também foi alvo da operação do Ministério Público contra o PCC em 09 de abril de 2024 e de intervenção da prefeitura, com posterior descredenciamento, a UPBus, da zona Leste. A companhia transporta 70 mil passageiros por dia em 13 linhas e 159 ônibus e tem origem também em cooperativas de transportes: a viação chegou a se chamar Qualibus, originária da garagem 2 da Associação Paulistana. O contrato, entretanto, foi repassado para Alfa Rodobus que atua na cidade de São Paulo, no chamado lote D-13 (local de distribuição), da zona Oeste da capital paulista. A Alfa Rodovbus teve origem na cooperativa Cooperalfa.
Grupo Redentor: A atuação do Grupo Redentor tem origem nos anos 1950, no Rio de Janeiro, com seis ônibus, sendo fundado pela família Antunes e, atualmente, a administração está sob responsabilidade das famílias Ângelo e João Gulin, com membros da segunda e terceira gerações envolvidos na gestão. A primeira garagem era de pequeno porte e ficava na Estrada Intendente Magalhães, Vila Valqueire. O nome da primeira companhia era Viação Redentor Ltda. A primeira linha foi a S-16, entre Mallet e Cascadura. Em dezembro de 1985, o Governo do Estado encampou as empresas de transportes do Rio de Janeiro. Entretanto, dois anos depois, os proprietários das viações foram reconvocados a assumirem novamente os negócios. Nem todos tiveram condições. Foi uma das oportunidades de a Viação Redentor, que já era de grande porte para o sistema, se desmembrar em mais viações. Com isso, segundo o portal do conglomerado de empresas, em fevereiro do ano 1991, ocorreu a criação da empresa Transportes Barra Ltda. Em junho do ano 1994, a criação da Litoral Rio Transportes Ltda. e em abril do ano 1997, a empresa Transportes Futuro Ltda. Dando então razão ao que ficou informalmente denominado Grupo Redentor. Essa configuração “Empresas Irmãs” com sedes em garagens diferentes, mas com uma única administração ficou estabelecida até o ano de 2003, quando houve uma remodelação na estrutura vigente com a saída da Litoral Rio Ltda. Ficando assim o Grupo Redentor com sua formação atual com as empresas: Viação Redentor Ltda., Transportes Barra Ltda. e Transportes Futuro Ltda.
O Grupo ainda relata que em 2010, a prefeitura do Rio de Janeiro “reformulou o sistema de Transportes do Município do rio de Janeiro, criando o sistema de Consórcios que estabelecia 04 (quatro) regiões na cidade com base na distribuição de linhas.”
Após dificuldades geradas pela redistribuição de linhas e agravadas pela pandemia de covid-19 (2019 / 2024), que geraram queda no número de passageiros e receitas, os investidores do Grupo Redentor decidem “reduzir a atuação na capital fluminense”. Parte das linhas da Transportes Barra, nas regiões de Realengo e Bangu, em setembro de 2025, passou a ser assumida pela Sancetur – Santa Cecília Turismo LTDA, que atende a diversas cidades com a marca SOU Transportes (SOU – Sistema de Ônibus Urbano). Pertence à família Chedid, considerada forte em transportes de passageiros, no interior paulista e em parte do litoral, além de assumir em maio de 2025 as operações emergenciais em Palmas (TO).
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes