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Santo André (SP) apresenta resultados da Faixa Azul em Brasília e reforça debate sobre segurança de motociclistas no trânsito


Projeto pioneiro da cidade é mostrado em conferência nacional do Ministério dos Transportes e levanta discussões sobre políticas públicas para reduzir acidentes com motos

ALEXANDRE PELEGI

O município de Santo André, na Grande São Paulo, levou ao conhecimento nacional o projeto Faixa Azul, uma sinalização específica para motociclistas implantada em vias de grande circulação, durante a “Conferência Nacional de Segurança no Trânsito – Protegendo Vidas Sobre Duas Rodas”, promovida pelo Ministério dos Transportes via Senatran. A iniciativa, considerada pioneira no ABC Paulista, visa reduzir acidentes e ordenar o tráfego de duas rodas.

O secretário de Mobilidade Urbana de Santo André, Almir Cicote, destacou que a Faixa Azul foi pensada para responder ao crescimento da frota de motocicletas e aos elevados índices de sinistros envolvendo esse modal. “Já observamos menor número de conflitos e maior previsibilidade do fluxo de motos”, afirmou.

Dados nacionais ressaltam a urgência do tema: motocicletas representam cerca de 29% da frota, mas estiveram envolvidas em mais de 13 mil mortes em 2024. O Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) pretende cortar esse número pela metade até 2030.

Em Santo André, a implantação começou em 1º de maio de 2024 na Avenida Prestes Maia, com expansão em maio de 2025 para outras avenidas. Hoje o sistema soma 8,4 km, com previsão de ampliação para mais 62 km, formando um anel específico para motos. Na Prestes Maia, o fluxo diário de motocicletas aumentou de 7,2 mil para 10,2 mil no último ano. Ainda que tenham ocorrido 76 acidentes nessa via nesse período, observou-se redução na gravidade, com prevalência de vítimas leves ou sem ferimentos.

Origem do projeto na capital paulista

O modelo da Faixa Azul foi originalmente criado pela cidade de São Paulo, com projeto-piloto lançado em 25 de janeiro de 2022 na Avenida 23 de Maio, no trecho entre a Praça da Bandeira e o Complexo Viário Jorge João Saad; o local já registrava tráfego de cerca de 2.400 motos por hora e 78% dos acidentes locais envolviam motociclistas

Até meados de 2024, a capital paulista ampliou a sinalização para dezenas de vias, totalizando cerca de 232,7 km distribuídos em 46 vias, incluindo avenidas como Bandeirantes, Faria Lima, Jacu Pêssego e Tancredo Neves.

O projeto levou a uma redução de 47,2% nas mortes de motociclistas nos trechos implantados, passando de 36 mortes em 2023 para 19 em 2024, de acordo com dados da CET-SP. Em particular na Avenida 23 de Maio, a queda nas mortes excedeu 53%. Outras vias como Bandeirantes e Salim Farah Maluf também registraram quedas significativas.

Após três anos da implantação inicial, o Ministério dos Transportes estuda estender a Faixa Azul nacionalmente, com possível regulamentação a partir de abril de 2026. Cidades como Recife, Salvador, São Bernardo do Campo, além de Santo André, já iniciaram adoções experimentais inspiradas no modelo paulista.

Seminário no Instituto de Engenharia

Em julho de 2025, o Instituto de Engenharia realizou o simpósio técnico “Mobilidade sobre Duas Rodas: Desafios, Comportamentos e Soluções”, nos dias 23 e 24, em São Paulo, reunindo engenheiros, gestores de trânsito, especialistas e usuários para debater segurança urbana de motocicletas, formação de condutores, infraestrutura viária e políticas públicas.

O Diário do Transporte esteve presente no encontro, que trouxe diversos painéis técnicos e discussões sobre o impacto da crescente frota de motos nas cidades brasileiras, a formação de motociclistas, os riscos operacionais, a influência da atividade profissional (motofrete, mototaxi, entregadores) e os desafios de adaptar sistemas viários para reduzir acidentes e vítimas.

A presença do debate técnico no Instituto de Engenharia reforça a importância de considerar não apenas experiências de campo, como a Faixa Azul em Santo André e São Paulo, mas também os conhecimentos especializados e interlocução entre setor público, academia e sociedade civil na construção de soluções estruturadas para proteger os motociclistas — o grupo mais exposto no trânsito urbano.

A experiência de Santo André reforça que políticas públicas voltadas à segurança viária podem gerar impactos concretos, sobretudo se baseadas em práticas testadas em metrópoles. No entanto, especialistas lembram que sinalização não basta sem campanhas educativas, infraestrutura adequada e fiscalização contínua—elementos essenciais para proteger o motociclista, ainda o agente motorizado mais vulnerável nas vias urbanas.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes





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