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São Paulo perde 12 trólebus a partir desta quinta (21). SPTrans confirma ao Diário do Transporte que Ambiental iniciou processo de desativação


Veículos estão sendo substituídos por modelos somente com baterias. Para especialistas, esforços deveriam ser para trocar diesel por elétricos e não elétricos por elétricos diante do não cumprimento de metas de redução de poluentes

ADAMO BAZANI

A cidade de São Paulo deixará de ter 12 trólebus.

Com exclusividade, em resposta ao Diário do Transporte na tarde desta quinta-feira, 21 de agosto de 2025, a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema municipal de linhas, confirmou que a Ambiental Transportes Urbanos, operadora dos serviços de ônibus conectados à fiação aérea, apresentou, também nesta quinta-feira (21), de forma oficial, “processo para exclusão de 12 trólebus”. Até esta desativação, a cidade contava com 201 trólebus.

No lugar, a concessionária já inclui no sistema 12 ônibus também elétricos, mas com baterias. A justificativa é a modernização dos serviços melhorias para os passageiros, porém, especialistas contestam e questionam a decisão. (Veja mais abaixo).

“A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans informam que a concessionária Ambiental, que opera apenas veículos elétricos, incluiu 12 novos ônibus movidos a bateria no sistema municipal de transporte coletivo no último mês de julho, para substituir veículos mais antigos. Nesta quinta-feira (21) a Ambiental apresentou processo para exclusão de 12 trólebus”.

Para especialistas ouvidos na última quinta-feira, 14 de agosto de 2025, pelo Diário do Transporte em um seminário sobre trólebus, realizado pelo SEESP (Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo), diante das dificuldades de a cidade cumprir as metas de eletrificação de frota por falta de infraestrutura nas garagens e adequação da tensão da rede de distribuição para carregamento das baterias, é um contrassenso substituir modelos elétricos por elétricos.

“Não tem lógica nenhuma trocar um que não polui por outro que não polui numa cidade que, justamente pela falta de infraestrutura para as baterias, teve de aumentar a idade máxima dos modelos a diesel, poluentes, de 10 anos para 13 anos” , disse, na ocasião, o Consultor em Eletromobilidade na área de Transportes e Gestão em Conselhos de Entidades e Empresas, Roberto Berkes.

“A cidade carece de infraestrutura e uma que já está instalada, que é a rede de trólebus, é subutilizada e poderia ser aproveitada para carregar baterias dos veículos, inclusive. Apenas 50% da capacidade energética da rede de trólebus atual é aproveitada”, comentou o projetista em sistemas elétricos de transportes, Jorge Françoso de Moraes.

Especialistas internacionais também classificaram como erro da prefeitura aposentar os trólebus e apontam que há modelos mais modernos que os veículos atuais e mais baratos que os coletivos a bateria, que são mais flexíveis e podem circular longos trechos sem estarem conectados à rede.

No mesmo evento, o especialista em mobilidade elétrica da UITP (União Internacional de Transporte Público), Arnd Bätzner, da Universidade de St.Gallen, na Suíça, foi enfático ao dizer que, se a cidade de São Paulo optar por não expandir a rede de trólebus, deve ao menos manter a atual estrutura e, ao mesmo tempo, modernizar os serviços e a frota.

Bätzner citou como exemplo positivo a tecnologia E-Trol, que consiste em um veículo que opera tanto com baterias quanto conectado à rede aérea e já largamente utilizado em diversas partes do mundo. No Brasil, há também essa tecnologia desenvolvida pela Eletra, em São Bernardo do Campo, produzida localmente. Os veículos vão operar no corredor BRT-ABC, que está sendo construído entre as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo.

“Este tipo de ônibus, que opera tanto como trólebus como com baterias, sem estarem conectados, são largamente usados no mundo, dispensam infraestruturas nas garagens porque carregam enquanto trafegam conectados, possuem menos baterias e, por isso, são 30% mais baratos que os modelos como os de São Paulo somente com as baterias. O Brasil tem já produção. Ao menos poderia ser estudado para a capital também. No mundo são ideais porque harmonizam com outros sistemas de transportes, como VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos)”. – disse.

Em 23 de julho de 2025, ao entregar novos ônibus elétricos a bateria, o prefeito Ricardo Nunes afirmou que a rede de trólebus seria desativada com a inauguração do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), prevista para 2029 e 2030, restrita apenas ao centro da cidade.

Relembre:

A reportagem apurou que, destes 12 trólebus baixados, 11 são com carroceria Busscar Urbanuss Pluss, com chassis HVR, fabricados a partir de 2007, e um carroceria Ibrava-Trolebus, com chassi TuttoTrasporti, ano 2009.

Entre as justificativas da operadora estão a redução de custos operacionais e da idade média da frota, ampliação da oferta de lugares, já que estes veículos, de cerca de 12 metros de comprimento com capacidade para 80 passageiros cada, serão trocados por modelos maiores, de 15 metros e lotação de cerca de 100 usuários.

Além disso, segundo a concessionária, os modelos com bateria escolhidos no lugar possuem itens que, pela idade, os trólebus não contam, como ar-condicionado, melhor sinal de wi-fi e tomadas do tipo USB para recarga de celulares.

Vale ressaltar que os veículos que estão sendo baixados não possuem estes atributos não pelo fato de serem trólebus, mas pela idade. No Corredor Metropolitano ABD, por exemplo, estão sendo colocados pela operadora NEXT Mobilidade, 10 trólebus zero km com 21,5 metros de comprimento cada, capacidade de mais de 150 pessoas cada e ainda mais itens de conforto e segurança. O Corredor ABD é de gestão do Governo do Estado, por meio da Artesp, e liga as cidades de Santo André, Mauá (Terminal Sonia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema, até as zonas Leste e Sul da capital paulista.

Veja os detalhes em:

Em pacote de R$ 100 milhões, NEXT Mobilidade renova frota do Corredor ABD com 61 veículos 0 km, dos quais 10 trólebus em fase final de testes  – VÍDEO

Já a Ambiental tem os serviços gerenciados pela SPTrans, da prefeitura de São Paulo.

Como mostrou o Diário do Transporte, aos poucos o sistema de trólebus na cidade vai se desmantelando.

No dia 20 de agosto de 2025, a SPTrans confirmou ao Diário do Transporte que autorizou que a Ambiental Transportes Urbanos a deixar de operar trólebus na linha 408 A-10 (Machado de Assis/Cardoso de Almeida), na capital paulista.

Tratava-se da linha mais antiga do Brasil com este tipo de veículo, sendo inaugurada comercialmente em 22 de abril de 1949, mas que já estava em testes desde 1947, marcando os primórdios da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), antiga operadora e gestora dos transportes públicos, sendo sucedida em 1995 pela SPTrans, que atualmente se concentra no gerenciamento do sistema de transportes da cidade, onda não há mais empresa pública operadora.

Relembre:

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



Fonte

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