Publicado em: 2 de agosto de 2025
Dos dois casos registrados neste sábado (02), um envolveu um coletivo da Viação Metrópole Paulista em Santo Amaro
ADAMO BAZANI / VINÍCIUS DE OLIVEIRA
Neste sábado, 02 de agosto de 2025, São Paulo (SP) registrou dois novos ataques a ônibus municipais.
Desde 12 de junho, já foram depredados 591 veículos que atendem a capital paulista.
Em um dos casos relatados ao Diário do Transporte neste sábado (02), um ônibus da empresa Metrópole Paulista foi atingido por uma pedra em uma das janelas laterais.
O crime aconteceu na rua Elias Antônio Zogbi, região da Avenida Washington Luiz, em Santo Amaro, na Zona Sul da capital.
O local é um dos que mais frequentemente tem registrado ocorrências de depredações contra ônibus do transporte coletivo.
O ônibus atendia a linha 6014-10 Terminal Jardim Jacira/Terminal Santo Amaro; quando foi atingido, ninguém se feriu.
Já são cerca de 589 veículos depredados apenas na cidade de São Paulo.
Em última atualização ao Diário do Transporte, a SPTrans (São Paulo Transporte) ressaltou que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada.
“A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações. Desde o dia 12 de junho, as empresas operadoras relataram que 591 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados, sendo 2 neste sábado (2).
A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais. Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada.”
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Vinícius de Oliveira, para o Diário do Transporte
Considerando todo o Estado de São Paulo, incluindo os ônibus municipais da capital paulista, os metropolitanos intermunicipais que ligam as cidades da Grande São Paulo (Artesp), os municipais das cidades vizinhas da capital e os casos do Litoral, o total ultrapassa de mil.
MESMO COM “VOLTA A QUASE NORMALIDADE”, SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA PERSISTE
Houve uma queda no número de ocorrências diárias. Nos picos de ataque, em junho, alguns dias registraram até mais de 50 ônibus depredados em menos de 24 horas.
Após uma série de prisões e da exposição dos casos, o total começou a cair e hoje se aproxima da média diária de “vandalismo atual” que os transportes sofrem.
Mas, além de estar ainda ligeiramente maior, a falta de esclarecimento por parte da Polícia Civil acerca das motivações das ondas de depredações são elementos que fazem com que até o momento, mesmo com a volta a quase normalidade, a sensação de insegurança continue.
A prisão considerada até o momento mais importante pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais), da Polícia Civil, foi noticiada pelo Diário do Transporte: Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, foi preso após investigações em 22 de julho de 2025. No dia seguinte, o irmão de dele, Sérgio, de 56 anos, que foi delatado por Edson, se entregou e foi preso também. A Polícia tinha mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a Polícia, o funcionário público do Estado confessou 18 ataques, sendo um deles na capital, que resultou numa criança de 10 anos ferida, e a maior parte, 16 casos, ocorreu no ABC Paulista.
Aos policiais, Campolongo disse que a motivação não teria nada a ver com transportes e que suas ações seriam em protesto contra a situação do País. A Polícia não acreditou.
No mesmo dia da prisão, o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, em entrevista coletiva, disse que as hipóteses de desafios por jogos online na internet e disputas no sindicato dos trabalhadores tinham sido praticamente descartada.
OUÇA – COMPLETO: Polícia descarta “jogos de desafios pela internet” como motivação da onda de ataques a ônibus, minimiza possibilidade de disputa sindical e reforça hipótese de empresas
Considerada pela Polícia como início da onda de ataques, 12 de junho de 2025, é a mesma data em que o secretário de transportes da cidade, Celso Caldeira, assinou uma portaria que criou um Grupo de Trabalho que transfere o contrato da empresa Transwolff, investigada por suposta ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para outra companhia, a Sancetur, da família de Nabil Abi Chedid, do interior de São Paulo. A tese considerada pela Polícia reforça a apuração feita pelo Diário do Transporte.
Veja aqui:
PCC, Onda de Ataques a Ônibus, Transwolff e Sancetur: depredações em massa começam no mesmo dia em que prefeitura assina despacho que viabiliza transferência de contratos – VEJA DOCUMENTO
O Deic, oficialmente, por meio do diretor do Departamento, Ronaldo Sayeg, disse que sim, esta é uma das linhas de investigações, o descontentamento de empresas supostamente coordenadas por pessoas que teriam ligação com o crime organizado, mas que ainda não é possível fazer uma relação entre a maior parte dos casos e os atos administrativos sobre contratos.
Nesta semana, policiais do Deic que atuam nas investigações reforçaram que esta é ainda uma das principais teses.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes