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Temporal ‘devastador’ deixa prejuízos para produtores do Paraná


Forças-tarefas compostas por equipes de prefeituras e da Defesa Civil atuam no levantamento dos estragos deixados pelos temporais e queda de granizo do último fim de semana em 38 cidades do Paraná. Conforme dados preliminares, lavouras de soja, avicultura, suinocultura e olericultura foram as atividades agrícolas mais atingidas, principalmente nas regiões Noroeste, Centro-Oeste e Norte. “Foi rápido, mas devastador”, conta Leonardo Romero, prefeito de Quinta do Sol, município a cerca de 70 quilômetros de Maringá.

Em apenas dois dias, três estações meteorológicas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) chegaram ao volume histórico de chuvas para todo o mês de novembro. As rajadas de vento superaram os 90 km/h.

O produtor João Cláudio Romero, que possui propriedades na área rural de Quinta do Sol, estima aproximadamente R$ 2 milhões em prejuízos. “Pode ser ainda mais, foi um estrago bem considerável”, resume.

Ele conta que quatro granjas de aves foram atingidas pelos fortes ventos e pelas pedras de granizo. Em uma delas, a destruição da estrutura chegou a 80% e em torno de 30 mil pintainhos morreram. Nas demais, as coberturas foram arrancadas, perfuradas ou distorcidas. “Caíram pedras do tamanho de um ovo de galinha”, ilustra. Ele comenta que possui seguro, mas o dispositivo cobre apenas uma parte do prejuízo.

Na mesma propriedade foram danificadas ainda as casas dos granjeiros, além de barracões de maquinários e insumos e painéis do sistema de energia solar. “Parecia um tornado, teve placa que foi parar a mais de um quilômetro de distância”, lembra Romero.

Em outra fazenda da família, a lavoura de soja foi atingida. Dos 2,3 mil hectares da área plantada, em torno de 720 hectares tiveram perda total. Em outros talhões houve perda parcial. Romero comenta que, nesta segunda-feira (3/11), já estava atrás de sementes para fazer o replantio da área afetada. O processo envolverá, entre outros ajustes, manutenção da área e correção de solo.

Segundo o prefeito de Quinta do Sol, a sojicultura corresponde a 99% das lavouras da região. Ele acredita que a área de replantio entre os agricultores do município pode ultrapassar 4 mil hectares. O município deve decretar estado de calamidade nas próximas horas, a fim de buscar apoio financeiro com mais agilidade para os moradores atingidos.

O produtor Paulo de Freitas Mendonça, também de Quinta do Sol, estima que até 70% da área de 820 hectares de soja tenha sido atingida pelo granizo e pelos temporais. A previsão, até então, era colher mais de 65 sacas por hectare, considerada uma produtividade acima da média.

Nesta semana, Mendonça fará uma avaliação da lavoura, junto com a assistência técnica da fazenda, para definir qual o percentual da plantação onde haverá necessidade de replantio. “Essa situação afeta os compromissos firmados e todo o ciclo da lavoura até a safrinha, para a qual já tenho financiamento feito e insumos comprados”, avalia.

O calendário de cultivo da soja nas regiões mais afetadas pela queda de granizo e pelos temporais teve início em setembro. Os danos variam de acordo com a intensidade das intempéries e com o estádio da planta. “Quanto mais nova, mais sensível e com menor capacidade de rebrote”, observa Romero.

Olericultura

Em Campo Mourão, o produtor de hortaliças Eber Roman já contabiliza R$ 30 mil de prejuízos pela perda total da horta. “O que o granizo e o vento não destruíram, a chuva que veio depois estragou”, lamenta.

Alface, couve, salsinha, cebolinha, acelga e repolho eram as principais plantações. Ele comenta que deve levar de 90 a 100 dias para voltar a ter a produção que tinha antes das intempéries. De toda a plantação de horticultura da região, Roman acredita que em torno de 90% foi perdida.

Ele ainda deve avaliar o que vai fazer em cinco hectares de produção de mandioca de mesa. “Replantar não vale a pena neste momento, vou aguardar para ver se vai rebrotar”, explica. Caso a mandioca não se recupere, ele calcula um prejuízo de R$ 100 mil.

Daniel Antonio Moro, secretário de Agricultura e Abastecimento Rural de Santa Helena, na Costa Oeste do Paraná, conta que em uma das localidades da área rural, em torno de 80% da comunidade teve prejuízos. Os danos ainda estão sendo levantados, mas houve perdas em lavouras de soja e de milho, avicultura, suinocultura, com destruição de barracões e comprometimento de estradas rurais. “Provavelmente haverá necessidade de os produtores buscarem recursos do Proagro [Programa de Garantia da Atividade Agropecuária] e do seguro rural”, afirma.

Em Nova Aurora, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, José Luiz Costa, afirma que no Distrito de Marajó há produtores que perderam 100% da lavoura, além de aviários, barracões e placas solares. “Muitos desses produtores não têm seguro”, adverte. Segundo ele, a entidade irá atuar juntamente com a prefeitura e outros órgãos para buscar apoio aos agricultores afetados.

O governador Carlos Massa Ratinho Júnior autorizou nesta segunda-feira o repasse de R$ 50 milhões do Tesouro Estadual ao Fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap), medida que visa garantir apoio aos municípios paranaenses atingidos pelos fortes temporais do último fim de semana. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Agricultura para detalhar as ações de apoio aos produtores rurais, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.

Clima

Nesta terça-feira (4/11), o volume de chuva deve reduzir no Paraná, conforme o Simepar. Na quarta-feira (5/11) entretanto, a chuva deve voltar com força ao Paraná.

“A formação de um novo sistema de baixa pressão sobre o Paraguai deve provocar chuvas intensas no Oeste paranaense, que avançam em direção às demais regiões ao longo do dia, perdendo força gradualmente”, detalha Bianca de Ângelo, meteorologista do órgão.

Santa Catarina

A chuva acompanhada de granizo também causou prejuízos na agricultura de Santa Catarina. Em Bom Jardim da Serra, cidade conhecida pela produção de maçã das variedades gala e fuji, o fenômeno atingiu diversos pomares nesta segunda-feira.

O produtor Douglas Padilha, que teve sua propriedade atingida, conta que o fenômeno começou por volta das 11h e durou apenas dez minutos, mas o tempo foi suficiente para danificar os frutos, que estavam em desenvolvimento, e causar a queda das folhas na área com 1 mil pés de maçã plantados.

“Foi uma chuva que veio sem ninguém esperar e com bastante granizo. Atingiu vários pomares do município. Ainda não sei quanto terei de prejuízo, mas já sabemos que a safra foi prejudicada. Agora vou acionar o seguro”, diz.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), o granizo foi registrado em outros dois municípios da região serrana destaques no cultivo de maçã: São Joaquim e Urubici. “Pode ter ocorrido prejuízos individuais mais significativos, mas acredito não ser de forma generalizada. Precisamos de tempo para ter informações mais concretas”, explica Marlon Francisco Couto, da gerência regional de São Joaquim.

Após o período de dormência, que acontece no inverno, os pomares catarinenses estão na fase do crescimento de frutos e raleio manual, que é a técnica de retirada seletiva do excesso de maçãs em uma planta.



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