Publicado em: 19 de junho de 2025
Por 30 dias, serão analisados aspectos como desempenho, consumo de energia e durabilidade nas operações
ADAMO BAZANI
Colaborou Yuri Sena
A Transunião, uma das operadoras dos transportes da capital paulista, começou nesta semana os testes com um modelo de ônibus elétrico que, dependendo dos resultados, pode ser uma das opões empregadas nas linhas da zona Leste correspondentes ao lote D3 do grupo de distribuição local do sistema gerido pela SPTrans (São Paulo Transporte).
O lote D3 é composto por bairros no entorno de terminas como Cidade A.E. Carvalho, Aricanduva, Penha e São Miguel Paulista.
O veículo em testes é um modelo da fabricante nacional de tecnologia Eletra, de São Bernardo do Campo (SP), em parceria com a encarroçadora Caio e a produtora de motores elétricos e baterias WEG. Os chassis são Mercedes-Benz. É o considerado o conjunto mais “brasileiro” entre veículos de transportes coletivos elétricos.
Por 30 dias, serão analisados aspectos como desempenho, consumo de energia e durabilidade nas operações em parte da zona Leste da cidade de São Paulo.
O ônibus vai ser colocado nos trajetos de diferentes linhas operadas pela companhia.
É o primeiro ônibus elétrico testado pela garagem correspondente às operações da área D3 da Transunião. Para a garagem da área D7, já houve testes com modelos com bateria.
A companhia está entre as frotas mais defasadas da cidade, que proíbe desde 17 de outubro de 2022, a compra de ônibus a óleo diesel. Este tem sido um dos fatores de ainda a nota da Transunião ser baixa no IQT (Índice de Qualidade do Transporte), apurado pela gerenciadora de transportes da prefeitura, SPTrans (São Paulo – Transporte), e estar entre as piores entre todas as companhias de ônibus, muito embora tenha havido uma melhora nos últimos meses.
A empresa tem encontrado dificuldades para que a concessionária de energia ENEL realize as ligações necessárias e a readequação da tensão da rede de distribuição do bairro para a garagem.
Outras companhias relatam a mesma situação ao Diário do Transporte e isso tem sido um dos principais motivos para o descumprimento da meta de 2,6 mil ônibus elétricos na cidade projetada em 2021 para 31 de dezembro de 2024. Até o início de junho de 2025, eram menos de 550 ônibus elétricos com baterias. O quadro fez com que a prefeitura para o novo programa de metas, da gestão 2025-2028, revesse o número para até o fim da atual gestão, em 31 de dezembro de 2028, para 2,2 mil ônibus e não somente elétricos, mas “menos poluentes”. Uma das apostas é mesclar tecnologias, entre as quais a GNV (Gás Natural Veicular) e biometano (combustível obtido na decomposição de resíduos), que não zeram a emissão de gás carbônico, como determina a atual lei com previsão para que isso seja alcançado em 2037, mas proporcionam reduções que conseguiriam atender às metas intermediárias da lei.
O prefeito Ricardo Nunes mostrou que não quer voltar atrás na proibição dos modelos a diesel. Como os menos poluentes não avançam pelas restrições de tecnologia e falta de infraestrutura, não podendo ser renovada no mesmo ritmo que períodos anteriores a outubro de 2022, a frota de ônibus na cidade de São Paulo envelhece.
A gerenciadora da prefeitura, SPTrans, permitiu que a idade máxima dos ônibus, que era de 10 anos, fosse para 13 anos. Para a população isso não é bom por diversos fatores. A cidade paga subsídios para a compra de elétricos, por meio de liberações de recursos de empréstimos que a prefeitura obteve, mas não vê estes ônibus nas ruas. Por mais que haja conservação, por rodarem muito, quanto mais antigos os ônibus urbanos, maior é a tendência de quebras e descumprimento de viagens, itinerários e horários. Além disso, os modelos mais antigos não possuem os mesmos itens de conforto dos mais novos, como ar-condicionado, tomadas USB, entre outros.
As empresas de ônibus também perdem porque operar veículos mais antigos requer maiores custos de manutenção.
Até mesmo para a prefeitura isso não é bom. Além do uso de recursos para algo que não se concretiza conforme o esperado, do ponto de vista de imagem política, o resultado é negativo por engrossar a lista de metas não cumpridas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaborou Yuri Sena