Publicado em: 19 de novembro de 2025

Ao Diário do Transporte, em entrevista presencial na COP30, ministro Jader Filho, disse que foco serão BRTs Metropolitanos, como de Belém, já ônibus elétricos por diferentes regiões do País
ADAMO BAZANI
Em média, pelo menos três pessoas têm as vidas poupadas e deixam de morrer por problemas de saúde ligados à poluição, quando mil ônibus movidos a óleo diesel saem de circulação e são substituídos por modelos não poluentes, como elétricos a bateria, trólebus e ETrol (rede aérea e bateria).
A conclusão é de um estudo do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima (C40), divulgado pelo Ministério das Cidades na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025).
O Diário do Transporte esteve acompanhando em Belém (PA), os principais painéis sobre mobilidade, meio ambiente e saúde, e conheceu de perto o BRT Metropolitano de Belém, que conta com parte da frota de ônibus elétricos e passou a oferecer ligação direta e de baixo custo para que moradores de cidades que praticamente viviam no isolamento e, com o serviço, passaram a ter acesso mais barato e rápido aos recursos de saúde, educação, emprego e renda na capital Belém (PA).
A reportagem conversou com exclusividade com o Ministro das Cidades, Jader Filho, que revelou ao repórter Adamo Bazani, que a pasta vai incentivar a criação de sistemas de BRT (corredores de ônibus de maior demanda e velocidade) entre municípios vizinhos e que o sistema de Belém vai ser usado como modelo.
Relembre:
O Ministério das Cidades organizou nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, e divulgou os principais pontos da apresentação que ocorreu na Estação do Desenvolvimento, espaço oficial na Green Zone (área de livre acesso) na COP30, organizado pelo Sistema Transporte, da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
A pasta lembra que, em 2024, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) disponibilizou recursos para aquisição de 2.296 ônibus elétricos e devem vir outros recursos para o mesmo fim.
Entre as principais conclusões dos estudos da C40 e dos debates nos painéis da CNT estão:
– A CADA MIL ÔNIBUS A DIESEL TROCADOS POR ELÉTRICOS (BATERIA, TRÓLEBUS E ETROL), TRÊS PESSOAS NÃO MORREM POR PROBLEMAS DE SAÚDE ASSOCIADOS À POLUIÇÃO;
– O CICLO DE VIDA DE UM ELÉTRICO NO BRASIL GERA 77% MENOS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DO QUE UM MODELO A DIESEL EQUIVALENTE;
– OS ÔNIBUS ELÉTRICOS SÃO MAIS CAROS NA AQUISIÇÃO, MAS AO LONGO DO TEMPO SÃO MAIS BARATOS PORQUE DURAM DE 50% A 100% MAIS, TÊM CUSTOS DE MANUTENÇÃO 25% MENORES EM MÉDIA; O CUSTO ENERGÉTICO POR KM (PREÇO DO DIESEL x CUSTO DA ELETRICIDADE);
– PODEM ATRAIR OU FIDELIZAR DEMANDA DE PASSAGEIROS, JÁ QUE COM MENOS RUÍDOS E TREPIDAÇÕES SÃO MAIS CONFORTÁVEIS, O QUE PODE MANTER OU AMPLIAS AS RECEITAS DA OPERAÇÃO;
– PODEM SER OPORTUNIDADES DE INDÚSTRIAS NACIONAIS SE REPOSICIONAREM NO CONTEXTO DA CHAMADA NEOINDUSTRIALIZAÇÃO, SE TRANSFORMANDO EM PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE VEÍCULOS MAIS MODERNOS E DE MAIOR VALOR AGREGADO;
– SÃO OPORTUNIDADES DE GERAÇÃO DE EMPREGOS MAIS QUALIFICADOS, COM MAIORES SALÁRIOS, RENDAS E BENEFÍCIOS, ESTIMULANDO TAMBÉM, PARA PREPARAR MÃO DE OBRA MAIS ESPECIALIZADA, UM APERFEIÇOAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR;
– OS GRANDES ENTRAVES HOJE DA INFRAESTRUTURA PARA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA E CARREGAMENTO DAS BATERIAS PODEM SER OPORTUNIDADES PARA MELHORIA DE SERVIÇOS DAS DISTRIBUIDORAS, JÁ QUE AO AJUSTAR AS REDES DE TENSÃO DOS BAIRROS E CIDADES PARA OS ÔNIBUS, OUTROS CONSUMIDORES, COMO RESIDÊNCIAS, ESCOLAS, UNIVERSIDADES, COMÉRCIOS, HOSPITAIS E IGREJAS SÃO BENEFICIADOS;
A TEMPO: Os painéis da CNT foram pegam realistas e evidenciaram, também por estudos, que os ônibus (inclusive os a diesel) estão muito longe de ser considerados vilões da poluição, respondendo por 11% das emissões de Gases de Efeito Estufa e que investir em infraestruturas como corredores exclusivos, como os BRTs, conferindo eficiência aos coletivos, já seria uma medida importante para melhoria das condições atmosféricas e atratividade para o transporte público. Isso porque, o “Inventário das Emissões” da Confederação mostra que as maiores emissões são os meios de transportes individuais (carros e motos), seguidos de caminhões e comerciais leves. Isso, no entanto, não exclui a necessidade e a possibilidade de investimento em modelos de ônibus menos poluentes.
Relembre:
VEJA A NOTA NO MINISTÉRIO DAS CIDADES:
A substituição de ônibus a combustão por veículos elétricos tem mudado o cenário da mobilidade urbana no Brasil e no mundo. Mais do que uma inovação tecnológica, a eletrificação das frotas representa mais qualidade de vida aos cidadãos e melhorias na saúde pública das grandes cidades. É o que mostram estudos realizados pelo Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima (C40).
De acordo com o C40, a cada 1.000 ônibus a diesel que deixam de circular nas ruas, são evitadas cerca de três mortes prematuras por ano, resultado da redução significativa dos níveis de poluição do ar nas grandes cidades.
“Quando substituímos um ônibus a combustão por um veículo elétrico, reduzimos drasticamente a exposição da população a gases tóxicos e partículas finas. Isso significa menos internações por doenças respiratórias e cardiovasculares, além de cidades com ar mais limpo”, explica o líder de ônibus Zero Emissões do C40, Thomas Maltese.
Os impactos positivos também são perceptíveis no dia a dia dos passageiros. “Os usuários costumam preferir o ônibus elétrico, mesmo que ele demore alguns minutos a mais. Isso acontece porque o transporte é mais confortável, com ar-condicionado, Wi-Fi e muito menos ruído e vibração”, explica Maltese. A experiência de viagem torna o transporte público mais atrativo, contribuindo para reduzir o uso individual de automóveis e o congestionamento nas cidades.
Impacto no meio ambiente
Já do ponto de vista ambiental, dados do C40 apontam que o ciclo de vida de um elétrico no Brasil gera 77% menos emissões de gases de efeito estufa do que um modelo a diesel equivalente. Esses avanços dialogam com as metas e compromissos em debate na COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Belém (PA) até 21 de novembro.
O encontro reúne líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil para discutir ações concretas de enfrentamento às mudanças climáticas. O diretor de Regulação da Mobilidade e Trânsito Urbano do Ministério das Cidades, Marcos Daniel Souza, reconheceu a importância do debate.
“Precisamos avançar na renovação de frota e na transição energética do transporte público, e já vimos que outros países têm o mesmo objetivo. Então, poderemos trocar experiências de como podemos incorporar novas tecnologias, formas de operação e estratégias de planejamento, para melhorar o nosso serviço como um todo”, avaliou. Em 2024, o Novo PAC disponibilizou recursos para aquisição de 2.296 ônibus elétricos.
Para Marcos Daniel, a eletrificação da frota de ônibus é um passo fundamental para cidades mais saudáveis, humanas e sustentáveis, além de ser um exemplo do papel que o Brasil pode exercer no cenário internacional. “Ao tornar o transporte coletivo mais limpo e confortável, criamos um ambiente urbano melhor para todos.”
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


