Publicado em: 17 de maio de 2025
Empresa já fez mais encomendas de modelo “Mercedes-Benz puro” com carroceria Caio para cumprir obrigatoriedade de renovação e proibição a modelos a diesel. Veja a distribuição por garagem
Reportagem: ADAMO BAZANI – Diário do Transporte / Colaborou: Yuri Sena/ Fotos: Gabriel Souza/ Apoio: MarkusVinicius
A Viação Metrópole Paulista recebeu nesta semana mais sete ônibus elétricos zero quilômetro para operações na zona Leste da cidade de São Paulo.
Os veículos, do tipo padron de dois eixos e piso baixo, foram para a garagem Unidade-Iguatemi.
Com o acréscimo, sobe para 61 ônibus elétricos o total da empresa para a região.
Os veículos são modelo eO500 U, tecnologia “pura” da Mercedes-Benz, com carroceria Caio e-Millennium.
A empresa, que possui a maior frota da cidade com mais de 1,8 mil coletivos e também opera na zona Sul, já fez mais encomendas de ônibus do mesmo modelo para a obrigatoriedade de renovação de frota diante da proibição pelas concessionárias da cidade de São Paulo de desde o dia 17 de outubro de 2022, comprarem veículos novos movidos a óleo diesel.
A REALIDADE DA ELETRIFICAÇÃO NÃO É TÃO “AZUL” NA CIDADE DE SÃO PAULO
A proibição de modelos a diesel na cidade de São Paulo da forma como foi feita acabou trazendo um problema para a população: o envelhecimento da frota de ônibus.
Se por um lado os ônibus elétricos não poluem na operação contribuindo para a saúde pública, são mais silenciosos, trepidam menos e oferecem um nível de conforto bem maior; a proibição foi imposta pela gestão do prefeito Ricardo Nunes sem antes haver infraestrutura suficiente nas garagens e sem a adequação necessária da rede de distribuição pela ENEL.
Caso 50 ônibus elétricos ou mais carregarem ao mesmo tempo, pode até mesmo cair a energia de bairros inteiros, isso porque, a maior parte da rede de distribuição da cidade é de baixa tensão. Para que isso não aconteça, é necessário elevar a rede para média ou alta tensão, criar subestações nos bairros (parecidas com as que estão nas imediações de estações de trem e metrô), subestações nas garagens, que também devem receber os carregadores.
A infraestrutura interna das garagens foi providenciada pelas empresas de ônibus, mas as intervenções externas, de responsabilidade da ENEL, avançam muito lentamente.
As metas de troca de frota anunciadas pela prefeitura não foram cumpridas. Até 31 de dezembro de 2024, deveriam ser 2,4 mil ônibus elétricos com baterias e 201 trólebus, que já existiam na cidade, em circulação. Mas até a primeira quinzena de maio de 2025, era apenas 527 ônibus com bateria e os 201 trólebus já existentes.
Agora, as metas são mais modestas: 2,2 mil ônibus menos poluentes até o fim de 2028, o que inclui outras tecnologias, como biometano (gás obtido da decomposição de resíduos) e GNV (Gás Natural Veicular).
Como não podem ser comprados ônibus a diesel zero quilômetro, mas ao mesmo tempo não há infraestrutura adequada para um ritmo maior de ampliação de elétricos, a gerenciadora dos transportes da prefeitura (SPTrans – São Paulo Transporte) permitiu que a idade máxima permita dos ônibus a diesel atual fosse elevada de 10 anos para 13 anos.
Mesmo com manutenção em dia, por rodarem muito, ônibus mais antigos são mais sujeitos a quebras. Não significa que ônibus mais velho tenha de quebrar e seja inseguro, tudo depende da conservação, mas é lógico que o risco de defeitos tende a ser maior. Além disso, os modelos mais antigos têm menos itens de conforto, como poucas ou nenhuma tomada tipo USB para recarga de celulares, e não possuem ar-condicionado. Itens que não impedem o atendimento aos passageiros, mas hoje em dia também não podem ser considerados mais “dispensáveis”.
O nível de exigência e a cultura dos passageiros hoje é diferente. Isso sem contar que o transporte coletivo hoje tem mais concorrência: motos (mototáxi, inclusive, batendo às portas), carros particulares, aplicativos, etc); assim, tudo o que for para convencer o cidadão a usar os transportes coletivos, é importante. Ônibus elétrico, por ser superior, pode ajudar neste processo, mas sem energia, não dá.
DISTRIBUIÇÃO POR GARAGEM NA METRÓPOLE PAULISTA:
Com a inclusão destas sete unidades, a divisão de frota de 61 ônibus elétricos na Viação Metrópole Paulista, consideradas apenas as operações na zona Leste, fica da seguinte forma, até o momento:
Prefixos 3 1780 ao 3 1799: estão na unidade Imperador da Metrópole
Prefixos 3 2650 ao 3 2670: estão espalhados entre as unidades do Brás e A.E. Carvalho
Prefixos 3 1950 a 3 1962: estão espalhados entre Itaim Paulista – apenas com 3 unidades ) e o restante na unidade Iguatemi
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes