23.4 C
Rondonópolis
quarta-feira, 10 dezembro - 20:26
- Publicidade -
Publicidade
HomeTransportesVLT carioca é destacado na COP30 como referência técnica em mobilidade de...

VLT carioca é destacado na COP30 como referência técnica em mobilidade de baixo carbono


Alstom destaca na Conferência do Clima como o sistema carioca impulsionou inovação, revitalização urbana e produção industrial no país; modelo é apresentado como vitrine do potencial ferroviário nacional

ALEXANDRE PELEGI

Na COP30, realizada em Belém, o Brasil destacou um projeto já operacional de mobilidade elétrica sobre trilhos, com impactos mensuráveis na redução de emissões: o VLT Carioca, implantado no centro do Rio de Janeiro a partir de 2016. O sistema foi repetidas vezes citado nos painéis do primeiro Pavilhão de Transportes da história das COPs, patrocinado pela Alstom, como exemplo real de descarbonização urbana, revitalização econômica e reorganização de espaço público.

A vice-presidente global de Sustentabilidade & RSC da Alstom, Véronique Andriès, afirmou que o VLT do Rio representa exatamente o tipo de solução que a conferência precisa multiplicar: “Ele mostra como parcerias estratégicas podem gerar inovação, transformar áreas degradadas e criar cadeias industriais capazes de sustentar um mercado regional de mobilidade de baixo carbono.”

Revitalização urbana, redução de emissões e transformação do centro do Rio

O VLT do Rio marcou a reconfiguração de parte do centro da cidade e da zona portuária, com substituição de automóveis, reorganização de cruzamentos e redução do ruído urbano. O sistema, operado por tração elétrica, eliminou emissões diretas, substituindo milhares de deslocamentos diários que antes dependiam de modais a diesel.

O projeto se tornou marco internacional ao integrar passagem livre entre modais, operação sem catenária em parte do trajeto e ciclovias conectadas ao sistema. Hoje, o VLT é usado como case em debates sobre:

  • mobilidade ativa integrada ao transporte público,
  • requalificação urbana,
  • ampliação de acessos a serviços e comércio,
  • substituição de viagens motorizadas de pequeno percurso.

Impacto industrial: o VLT que ajudou a viabilizar Taubaté (SP)

Durante a COP30, Véronique destacou que o VLT do Rio não se limita ao impacto urbano: ele foi determinante para impulsionar o investimento na fábrica da Alstom em Taubaté (SP), hoje referência latino-americana em produção de material rodante moderno.

A planta passou a abastecer não só o mercado brasileiro, mas também demandas internacionais — incluindo projetos na América Latina, África e Ásia. Para a empresa, o caso do Rio demonstra que cada novo sistema metroferroviário no Brasil gera efeitos econômicos muito além da operação, fortalecendo cadeias de fornecedores, engenharia local e tecnologia nacional.

VLT como instrumento para metas climáticas brasileiras

O sistema carioca foi utilizado na COP30 como argumento de que o Brasil pode e deve assumir metas mais ambiciosas de mobilidade limpa em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCsNationally Determined Contributions). As NDCs são planos nacionais previstos no Acordo de Paris, nos quais cada país estabelece suas metas de redução de emissões e as políticas para cumprir esses objetivos, atualizados periodicamente com maior ambição.

A lógica é simples: quanto mais cidades brasileiras adotarem VLT, metrô, monotrilho e trens metropolitanos, mais rápida será a redução de emissões — especialmente nos centros urbanos que concentram congestionamentos e poluição.

O transporte representa cerca de 22% das emissões globais, e o ritmo de crescimento é maior que o de outros setores. A narrativa brasileira na COP30 reforçou que a solução passa por:

  • mudança modal,
  • eletrificação do transporte coletivo,
  • prioridade para sistemas guiados,
  • integração efetiva com caminhada e ciclismo.

O papel dos créditos de carbono e do Artigo 6 na expansão de VLTs e metrôs no Brasil

A COP também trouxe ao debate experiências internacionais que podem servir ao Brasil. A Alstom apresentou o estudo de créditos de carbono da Linha 3 do Metrô de Mumbai, que prevê redução anual de 261.968 toneladas de CO₂.

Para a América Latina, onde muitas redes ferroviárias ainda dependem de diesel ou têm expansão lenta, o Artigo 6 do Acordo de Paris foi apontado como ferramenta crucial para financiar projetos como novos VLTs, metrôs e corredores sobre trilhos. O Artigo 6 permite que projetos de baixa emissão, como sistemas ferroviários, gerem créditos de carbono negociáveis para financiar parte de seus investimentos. Os créditos podem representar até US$ 6,5 milhões por ano em receitas extras para sistemas de baixa emissão.

O painel contou com a presença do BNDES, reforçando interesse brasileiro no tema.

Brasil no mapa da indústria ferroviária global

A celebração dos 70 anos da Alstom no Brasil reforçou a mensagem de que o país tem base industrial sólida para sustentar a expansão de modais guiados. A empresa emprega cerca de 1.500 pessoas e atua em sistemas metroferroviários de:

  • São Paulo
  • Rio de Janeiro
  • Porto Alegre
  • Fortaleza
  • Recife

Além disso, exporta material rodante para Argentina, Colômbia, Chile, Panamá, República Dominicana e Taiwan, consolidando o Brasil como polo de engenharia ferroviária.

O VLT como símbolo da COP30 — e do futuro

Segundo a Alstom, a presença do VLT do Rio nos discursos e painéis da COP30 simbolizou o recado que o Brasil quis transmitir ao mundo: é possível transformar cidades ao instalar sistemas sobre trilhos, reorganizar seu espaço urbano e reduzir emissões de forma estrutural.

Para a empresa, a mensagem central foi clara: “Descarbonizar o transporte não é só clima — é desenvolvimento urbano, industrial e social. O VLT do Rio sintetiza esse potencial.”

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



Fonte

RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments