Publicado em: 16 de outubro de 2025
Do cobre até o motor que traciona as rodas, passando pelo controlador e bateria, empresa integra a cadeia produtiva de veículos prontos para o desafio das cidades mais inteligentes
FÁTIMA MESQUITA, ESPECIAL PARA O DIÁRIO DO TRANSPORTE
Fundada em 1961 em Jaguará do Sul (SC), a WEG hoje é uma potência sem fronteiras com 66 parques fabris em 18 países e que está há mais tempo do que se imagina totalmente conectada ao universo da mobilidade urbana. Os trólebus da cidade de São Paulo, por exemplo, têm as digitais da WEG por toda parte e o mesmo acontece com o charmoso bonde de Santa Teresa no Rio de Janeiro.
Além disso, o fio da história da WEG está plugado a outro ícone carioca desde que a parceria Caio-Eletra-WEG, usando chassis da Mercedes e Scania, venceu a licitação da Infraero para a aquisição de ônibus elétricos para as pistas do Aeroporto Santos Dumont no ano passado. Nestes veículos, a empresa catarinense fornece os packs de bateria de lítio e vários tipos de motores elétricos, e entra com um serviço que cria uma espécie de ônibus “sob medida” para a aplicação exata do cliente final.

Em fevereiro desse ano, o e-Bus de 15m da Eletra com carroceria Caio e pack de baterias WEG fez seus primeiros testes no Aeroporto Santos Dumont. Foto: Divulgação Eletra.
O engenheiro Gilson Piovesan, responsável global dos negócios de mobilidade elétrica comercial da WEG, detalha que a empresa e os seus parceiros têm certa flexibilidade na montagem final dos veículos: “A gente tem algumas faixas, digamos assim. Então, se você pegar os ônibus alimentadores que temos em circulação em São Paulo, e tanto faz se é da zona norte ou zona sul, o padrão de uso é o mesmo. Mas se a gente está falando de um aeroporto, é diferente. O motor não precisa ter tanta potência, porque ele vai andar no plano. Então você faz um ajuste no veículo para essa condição, com packs menores de bateria”.
Foi exatamente isso que o trio Caio-Eletra-WEG entregou para a Infraero utilizar no aeroporto carioca – ônibus mais leves, de baixo consumo e que podem ser rapidamente recarregados. E Gilson Piovesan, engenheiro responsável pela e-mobilidade comercial da WEG, segue adiante com outro exemplo dessa sintonia fina ao comparar paulistanos e soteropolitanos.

Gilson Piovesan, o engenheiro formado pela Unicamp que assumiu a área de e-mobilidade da WEG cinco anos atrás.
“São Paulo, hoje, não permite a recarga de oportunidades. Eles exigem que toda recarga seja feita à noite na garagem. Mas Salvador, que tem uma frota significativa e é uma cidade importante, fez um padrão de rota que tem como usar uma carga de oportunidade durante o dia. Então, os packs de bateria dos ônibus que entregamos para Salvador são menores que os que temos em São Paulo, porque eu consigo dimensionar o produto e fazer algo otimizado.”
Verticalização, nacionalização, qualidade e protagonismo
Junto com a otimização do produto, a WEG também impressiona por dominar as tecnologias de praticamente tudo que tem a ver com energia elétrica e pelo seu alto grau de verticalização e elevado nível de qualidade com que atende os seus clientes em todo o mundo.
“Para você ter uma ideia, a gente faz até o fio de cobre. E esse fio de cobre usa um verniz como isolante térmico que vem da WEG Tintas. Então, a gente tem uma fábrica de tinta que fornece o verniz para o nosso fio de cobre e esse verniz vem de uma seiva de árvores que a WEG Florestal planta. Nós temos hoje toda a cadeia. O nosso motor, por exemplo, ele tem mais de 90% de conteúdo local”, sentencia Gilson Piovesan.
De fato, olhando para o portfólio da WEG encontramos produtos para a mobilidade urbana que vão desde a tração elétrica para carros, vans, ônibus, caminhões, maquinário off-road, bondes, monotrilhos, VLTs e trens urbanos até chegar às baterias de lítio, softwares e carregadores.
E essa verdadeira powerhouse brasileira nem sonha em parar por aí. A WEG já está mergulhada de cabeça na organização de toda uma cadeia de reciclagem das suas baterias de lítio, está erguendo um centro de assistência técnica em São Bernardo do Campo/SP para veículos elétricos – o WEG eMobility Center (WMC), e ainda comemora o reconhecimento recente de que é a maior fabricante de motores elétricos do mundo, batendo o market share da suíça ABB, da chinesa Wolong, da alemã Innomotics e da japonesa Nidec. É a WEG pisando fundo no acelerador da e-mobilidade e avisando a quem interessar possa que ela está nesse mercado para ser, como sempre, protagonista.